sexta-feira, 20 de junho de 2014

Niso Prego - Uma ode especial ao educador político educador sempre

por Pedro Wilson Guimarães
O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria se aprende é com a vida e com os humildes. Cora Coralina 1.Niso filho de Gil e Sebastiana Prego. Niso Prego desde as escolas e liceus de artes e ofícios começados em Goiás/Vila Boa e vindas em 1942 para Goiânia e agora retornada para a cidade de Coras, Goiandiras, Linas, Revis, Colombinas, Nanhás, Damianas, Brasiletes. E de Marias de todas as graças, lourdes, fátimas, aparecidas, helenas, anas. Sempre Marias. Niso do IFGoiás e Goiano de Jorge Félixs, Neuzas, Paulos Césars, Jerônimos, Donizetes, Waldows, Vicentes, Colonoans, Mauros, Geraldos, Gustavo Ritters, Lizelottes, Sandras, Josias, Ivones, Hélios, Dalmos, Evanildes, Rosas, Mesquitas, Ítalos com dezenas de mestres, campi e saneamentos espalhados por Goiás por Lulas e Dilmas e Eliezers com Ejas, Pronatecs, cursos, todos, para vida. E para trabalho, desenvolvimento sustentável dos cerrados. Niso deixa Suely Alcântara companheira de toda uma vida e os filhos Norma, Eliana, Cláudia, Niso Júnior e Lucila. Niso Prego filho de descendentes de italianos que chegaram em Goiás na primeira capital Santa Cruz, entre Bela Vista e Cristianopólis, Palmelo, Pires do Rio. E Catalão onde estudou antes de vir para Goiânia onde teve toda uma vida, uma trajetória que se realizou pelo centro-oeste e pelo Brasil dos séculos XX e XXI. Niso Prego nasceu depois da revolução de 30, cresceu com Estado Novo e a redemocratização depois da Segunda Guerra Mundial dos horrores dos nazifascismos de onde sua família optou pelo Brasil. E por um mundo nas vertentes das águas dos rios João Leite, Meia Ponte, Passa Quatro, Caldas, Piracanjuba dos cerrados dos rios maiores Araguaia e mais Tocantins e Paranaíba de todos sertões de tropas e boiadas, jurubatubas, piuns, troncos, andrés loucos, enxadas, poemas das semeaduras de todos acadêmicos como ele de todas letras e matemáticas da vida profissional educadora e libertária. Formou-se na Faculdade de Direito da rua 20, Casa da Liberdade. Foi do Centro Acadêmico XI de Maio, núcleo estudantil dinâmico que lutou pela criação da futura UFG. UFG vitoriosa em 1960 por JK, Clóvis Salgado e aqui pelos professores e estudantes Colemar Natals, Orlandos, Marcelos, Gabriels, Belkis, Iberês, Lindas, Domingos, Zebernardes, Loyolas, Maximianos, Elbios, Amálias, Berquós, Neders, Moisés, Wanderleys, Sólons, Chicos, Haroldos, Javiers, Batistas, Ludovicos, Neis, Élcios, Eudoros, Zacariottis, Rômulos, Eleuzes, Jofres, Luiz, Condes, Castro Costas e mais estudantes. E Jairs, Gracianos, Gils, Elcivals, Davis, Pilomias, Garcias, Samahás, Bernardos, Horiestes, Juarezs, Samirs, Enauros, Mários, Sérgios, Irajás, Wilians, Ernanes, Paulos, Edésios, Beneditos. E muitos outros estudantes, professores e lutadores políticos e sociais. Niso viveu a efervescência do governo JK, construção de Brasília, novos tempos, novos rumos para o Brasil. Niso mesmo e sempre excelente advogado dedicou, optou pela educação e ajudou a fundar o Ginásio Municipal. É verdade Goiânia teve na década de cinqüenta e até os primeiros anos da década de sessenta um colégio municipal, na Vila Nova de frente para o Córrego Botafogo que é referido na bandeira de Goiânia. Cidade onde Niso dedicou sua vida. Professor do Lyceu de Goiânia, Lyceu de Campinas/Pedro Gomes, e depois na antiga Escola Técnica, CEFET e hoje renomada universidade tecnológica do Brasil Central. Foi diretor nos tempos difíceis da ditadura e soube lidar com sabedoria. E seu nome tornou-se referência como liderança no magistério goiano e brasileiro, no hoje, Instituto Federal de Educação Tecnológica de Goiás – IFG e na sociedade. Não ficou parado lamentando o mundo da ira, ignorância, ódio, analfabetismo e da desvalorização dos professores. Enfim de todos os trabalhadores. Engajou na organização de meios, entidades para valorizar a educação e os educadores e os alunos. Juntos com outros e outras colegas da educação pública de Goiás como Adãos, Carlitas, Aldas, Rosas, Bianors, Marílias, Cleovans, Silvanos, Beatriz, Marílias, Nelmas, Neides, Aloísios, Bias, Iedas, Anas, Olgas, Terezinhas, Domingos, Revalinos, Getúlios, Osmars, Sandras, Zezinhos, Noemes, Bernardinos, Itamis, Dulces, Geraldos, Idelfonsos, Avelars, Lobós, Marias, Helenas, Delúbios, Joãos, Josés, Antônios, Marlenes, Sebastiões, Aparecidas, Terezas, Mindés, Suelis, Darcis, Alices. Forjaram e fundaram o Centro dos Professores de Goiás como ecos das lutas operárias do ABC paulista de Lula e de Osasco e Contagem por democracia, constituinte, diretas, e anistia ampla geral e irrestrita para todos presos, exilados e em nome dos lutadores mortos e muitos desaparecidos pelos agentes de estado da ditadura nada branda no Brasil. Niso soube com outros companheiros captar as lutas pelas mudanças políticas no Brasil e na América Latina e mesmo em Paris. Niso de mãe e pai italianos, irmãos. E de Sueli Alcântara e filhos e netos, e muitos amigos e amigas por este mundo afora. Fundou o CPG depois Sintego. Presidiu a CPB, Confederação de Professores do Brasil, hoje CNTE. Niso era ação firme pela educação e valorização dos professores/trabalhadores na educação. Deu exemplo na direção da Escola Técnica na liderança das lutas fazendo enfrentamento nas ruas e assembleias. Marchou sempre com determinação, mansidão, honestidade, respeito, dignidade dialógica. Deixou exemplos para filhos, sobrinhos, netos, amigos e companheiros pela caminhada da educação libertadora dele e tantos outros como Paulo Freire, Florestan Fernandes, Milhomens, Dalísias, Luizinhos. Fundou o PT conosco e foi vereador participando da memorial campanha por Goiânia. Exerceu o mandato parlamentar e foi líder de nossa bancada na Câmara Municipal de Goiânia com Marinna, Paulo Souza, Darci, Geraldão. Ajudou a fundar a CUT e muitas escolas e faculdades de Goiás. Nada o abateu mesmo com doenças graves sabia ter espírito sempre alto, claro, solidário, altivo, e certamente agora encontra com muita gente amiga lá nos céus do Deus do amor, da justiça, da educação da paz para toda a humanidade aqui nesta terra oxalá amanhã sem males como falava D. Pedro Casaldáliga. O prefeito Paulo Garcia e a plenária petista homenageou Niso Prego e todos aqueles que souberam e puderam estar nas suas lutas. Sua partida para nós vai além do tempo e espaço. Deixa nome e luta. Deixa família amorosa. Deixa amigos e admiradores de sua vida proba, solidária, educativa, produtiva, exemplar, cheia de muitas saudades, lembranças. Boas e melhores lembranças de um homem que marcou nossas vidas pela educação. E por uma sociedade livre e solidária, igual e fraterna para todos e todas, homens e mulheres, negras, indígenas, brancas e vermelhas. O Brasil vai ter Copa. Vai ter sempre uma marca de Niso Prego como administrador público, escolas, político. E principalmente como educador esmerado que foi e sempre será lembrado. E exemplo por se dedicar às artes da pedagogia libertadora. Professor Niso Prego. Vive sempre e para sempre entre nós que queremos e lutamos por um mundo de paz e justiça social. Niso Prego Memória, Educação, Luta, Verdade, Justiça, Compromisso, Ética, Liberdade e Fraternidade, sempre. Niso da UFG, IFG, PUC, UEG. É com Áureo, Marcos, Taliton, Niso Prego, honrou a família, as amizades, colegas, companheiros e o povo goiano/brasileiro. Viva Niso em nossa memória e história. Viva Niso Prego que combateu o bom combate está agora recebendo mais glórias, louros, coroas nos céus do Deus, do amor para toda humanidade. Viajou pelo Brasil, América Latina e Europa na busca e defesa da educação para todas juventudes douradas, heroicas, resistentes,esperançosas e libertárias. Estão certos Osmar e o prefeito Paulo Garcia ao registrar que Niso deixa grandes contribuições nas salas de aula, diretorias, sindicalismos, confederações. E CBEs, CNEs, conselhos, plenárias, comitês, audiências públicas por mais e melhores escolas democráticas de ensino básico e superior na Goiânia capital dos cerrados de todos nossos sonhos e utopias por mundos melhores, já. Niso de uma cidade e campo participativos. Quem tem medo de conselhos e conferências de mais e mais participações sociais (democracia direta) culturais, políticas e mesmo ambientais? Niso não teve e não teria. Nós não teremos medo. Niso presente na história. Sempre sem medo de ser feliz. (Pedro Wilson Guimarães, presidente da Agência Municipal do Meio Ambiente de Goiânia/2013 – AMMA. Presidente da Associação Nacional dos Órgãos Municipais de Meio Ambiente - ANAMMA 2013/2015. Secretário do Ministério do Meio Ambiente2012/2013. Prefeito e Vereador de Goiânia. Deputado Federal de 1993-2011 PT/GO. Professor da UFG e da PUC-GOIÁS. Militante dos Movimentos de Direitos Humanos, Fé e Política, Educação, Cerrados. E-mail: pedrowilsonguimaraes@yahoo.com.br)

Educação como antídoto da violência

Por Valmor Bolan
Segundo o filósofo francês romântico Jean Jacques Rousseau, o homem nasce bom, a sociedade o corrompe. Com este reducionismo, justificou muito das medidas pedagógicas modernas. Rousseau é estudado, inclusive, nos cursos de Pedagogia e Filosofia da Educação. Ocorre que Rousseau parte de premissas simplistas da natureza da pessoa. De qualquer forma, sua visão influenciou muito não apenas seu tempo, como todo o século 19 e 20, e ainda hoje. Tal influência podemos ver, por exemplo, no debate sobre a chamada "lei da palmada", recentemente aprovada na Câmara dos Deputados, que reduz a autoridade dos pais na educação dos filhos, restringindo a sua prerrogativa de sanções diante de comportamentos abusivos que precisam ter limites, a partir do convívio em casa. A observação a partir da experiência histórica mostra que a falta de corretivos morais adequados acarretou um crescente índice de violência, deixando a educação de ser um antídoto natural contra a violência. O problema é que para Rousseau, o homem não traz tendências em si à violência, que devem ser contidas e disciplinadas pela moral, mas ela é decorrente de influências externas, das convenções sociais. O que ocorre em nossos dias é que houve uma dissociação entre educação e moral, cujas consequências percebemos por toda a parte, do aumento da violência, em graus diversos. Tanto em casa, quanto na escola, muitas das pedagogias modernas tem sido incapazes de resolver tais desafios, cujas metodologias em vez de tornar a pessoa aprimorada como ser humano, muitas vezes são causa de patologias incontáveis. Vejam, por exemplo, casos de depressão e suicídio entre jovens, em muitos países altamente desenvolvidos. Tudo isso deve trazer profunda reflexão, pois os resultados práticos da dissociação da moral (e inclusive a moral cristã) da educação, tem sido uma das causas a justificar a debilidade das instituições hoje na sociedade, a começar pela família. Por isso, para que tenhamos uma educação capaz de vencer a violência e ser antídoto dela, é preciso que tenhamos a coragem de retomar com vigor as balizas morais capazes de efetivamente propiciar a civilização humana. (Valmor Bolan, doutor em Sociologia e especialista em Gestão Universitária pelo IGLU (Instituto de Gestão e Liderança Interamericano) da OUI (Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal, Canadá)

Derrota para o Sindicato, vitória para os cidadãos

Por Rodrigo Neves
E após horas de impasse, o Sindicato dos Metroviários de SP finalmente suspendeu a greve, que durou quase uma semana. O Governador Geraldo Alckmin, em um ato único de bravura, venceu a Batalha contra o que era até agora o sindicato mais virulento do Estado de SP. São, ao menos, 4,5 milhões de passageiros, que conseguiram voltar a exercer o “direito” ao transporte coletivo de “qualidade” e outros 11 milhões que respiram aliviados com o retorno da normalidade e do funcionamento razoável da cidade, que estava mergulhada no caos. Mas muito além disto, as consequências desse ato de bravura do governador, e da vitória contra o sindicato dos metroviários vai muito além disso. A postura ousada, firme, e impecavelmente correta adotada pelo governador de São Paulo, deixará marcas profundas na política paulista pelas próximas décadas (assim esperamos). A ação do governador de São Paulo de não só não ceder as demandas irreais do sindicato golpista, como também responder de forma firme com a demissão de 60 grevistas (respaldado em decisão judicial para tanto) e emitindo um ultimato de que aqueles que não voltassem ao trabalho também seriam demitidos equipara-se as posturas adotadas pelo então Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Ronald Reagan, em 1981, quando da greve dos controladores de tráfego aéreo nos EUA, e pela então primeira ministra da Inglaterra, Margaret Thatcher quando da greve dos mineiros de carvão de 1984. Ambas essas greves foram respondidas da mesma forma com que Geraldo Alckmin respondeu a greve dos metroviários de São Paulo: Não cedendo a demandas abusivas e ilegais e também retaliando de forma firme, demitindo aqueles que desrespeitaram a justiça e a população. E ambas essas greves resultaram em uma enorme vitória política, pois colocaram um fim na força destrutiva de seus respectivos sindicatos. Graças a ação do governador, o Sindicato dos Metroviários de SP está fadado ao mesmo destino que a National Union of Miners (NUM), na Inglaterra, e a Professional Air Traffic Controllers Organization (PATCO), nos Estados Unidos: A irrelevância no cenários sindical e/ou a sua completa extinção. Será apenas uma entidade sem poder, sem visibilidade e sem autoridade. Com esse ato, São Paulo finalmente começa a superar os entulhos ideológicos enraizados pelo sindicalismo do século passado e inicia seu ingresso para a modernidade. (Rodrigo Neves, analista Político, historiador (USP), gerente-executivo do Movimento Endireita Brasil e especialista do Instituto Liberal)

A água não é inodora, incolor e nem insípida!

Por Henrique Gonçalves Dias
O artigo "É possível despoluir os rios urbanos?", assinado por Hugo Marques Cabral e Marcos Antonio da Silva, publicado sexta, dia 20, reflete sobre tal possibilidade mencionando a despoluição dos rios Sena, em Paris, França e o Tamisa em Londres, Inglaterra. A despoluição destes rios ocorreu há meio século! Já mencionei aqui inúmeras vezes que a despoluição dos rios e ribeirões em Goiânia, contribuiria com a diminuição drástica dos casos de dengue e de muitas doenças infecciosas e, além disso, a diminuição significativa de crimes tais como o estupro. Depois do advento da tal da privada, ou do vaso sanitário, no meio do século passado, quando deixamos de agachar e passamos a sentar para defecar, ou cagar, pensando que somos reis ou deuses, sei lá, com um simples puxamento de uma cordinha ou o acionamento de um botão, podemos ver os nossos dejetos centrifugando numa água outrora límpida que salvaria, certamente, a vida de meia dúzia de crianças que morrem de sede todos os dias no mundo. A água é o líquido mais precioso. Não é inodora, não é incolor e muito menos insípida. As escolas e universidades deveriam conscientizar os seus alunos sobre o tema! (Henrique Gonçalves Dias, jornalista)

História de um bom filho

por Iron Junqueira
Nelson Gomes de Toledo foi o primeiro garoto que chegou ao Lar HC. Estudava no Educandário Espírita de Anápolis à noite, quando era adolescente e fazia o ensino fundamental. Certa vez apareceu no Lar em horário de aula. Perguntei-lhe porque não estava na escola. Contou-me que havia brigado com um colega e a Diretora os mandara para suas casas. “— E por que brigou, brigou por quê?” Quis eu saber. O jovem: “— Ele me falou mal de mim, me chamou de FDP e eu casquei o braço nele...” Mais alguns dias e eis de novo o Nelson cabulando aula. “— Matando aula, Nelson? Você não é disso!” Respondeu-me o garoto: “— Não tio. A Diretora me deu uma suspensão”. “— De novo? Por quê?” Quis eu saber. “Foi por causa de um moleque que me chamou de FDP”. Três semanas após, topo novamente o Nelson de Toledo entrando portão adentro do Lar e o indaguei. “— Suspenso, de novo, Nelson?” E ele: “— É, tio, outra vez...” “— Por quê?” O rapazinho: “— Briguei”. Insisti: “— Brigou. por que, por que brigou?” “— Di (sic) uma surra num moleque lá”. “— Por que você DIU uma surra no moleque? Nelson Gomes de Toledo deu a mesma resposta: “— Ele me chamou de FDP, então, casquei o braço nele...” Acreditem, por mais duas vezes se repetiu a mesma coisa. Por fim, fui dar uma averiguada no prontuário do Nelson Gomes de Toledo, cujo sobrenome “Toledo” dei-o a ele em homenagem ao meu avô Pedro Cordeiro de Toledo que gostava muito dele, devido às suas traquinagens de três aninhos. No relatório que me fora enviado à época pelo então MM Juiz de Direito constava o histórico do garoto, cuja procedência era a ZBM (zona do baixo meretrício), filho de Fulana de Tal, mulher de programa; que o dera a uma colega; por fim, o lactente, na época sem nome, foi entregue para uma menina de doze anos que “dissera à mãe que o ganhara de fulana”, e esta senhora, minha amiga, sabendo que eu construía o Lar da Criança, me procurou e combinamos que ela iria ao Juiz, regularia a situação da criança, e cuidaria do bebê até que a construção da casa terminasse. E quando o Lar da Criança HC foi inaugurado, quem chegou com o documento do MM e com a criança? A minha amiga que lhe dera o nome de Nelson ( porque já veio com esse nome, explicara ela e, Gomes, que era dela, que preferia ser chamada de avó do guri, então com dois anos, acho); ao regularizar a situação dele perante o Lar o magistrado me dera um Termo de Guarda, com o qual o registrei acrescentando o sobrenome Toledo, do meu avó. Voltando ao começo, depois de rever tal documento, chamei o Nelson ao escritório, na altura dos seus 15 anos e dei-lhe o documento para que o lesse. Leu-o tranquilamente e sorriu. “— Essa é a sua história, até onde sei”. E fiz a pergunta final: “— Responda-me agora, Nelson: você é filho de quem? Ele gargalhou e respondeu: “— Sou um FDP, ora!” “— Então, por que ficar perdendo tempo e aulas por conta de briguinhas e desse nome que todo mundo usa uns contra os outros?” Naquela noite, levei-o para a porta da casa e mostrei-lhe o céu estrelejado, dizendo-lhe: “— Quem pode afirmar que os próprios pais não prevaricaram, antes de se casarem?” Ele, refletivo: “— É mesmo sô...” Adiantei, olhando para os céus: “— Quando alguém lhe xingar de FDP, saiba que isto é normal entre os humanos, porém, olhe para os céus e diga para você mesmo: sou filho das estrelas, dos astros, do firmamento, sou filho de Deus!” “— Farei isto, tio, daqui para frente!” E de fato: daquela explicação até hoje, nunca mais o Nelson perdeu aula nem brigou com colegas por conta da sigla tão incômoda. É trabalhador, bom, reconhecido, grato e está na foto que hoje ilustra a coluna, quando o encontramos na NOBEL, onde fomos em número de cinco, comemorar os 18 anos de Vanderlei da Silva Lima, filho do Lar HC, que ficara conhecendo o famoso Nelson Gomes de Toledo. Juízo, hein, Nelson! Ou você me faz “pagar a língua...” Em tempo: Nelson, mande um abraço para o Adilson Galdino, nosso amigo e colega de imprensa, hoje em Conceição do Araguaia, onde ambos residem. Este relato foi consentido por Nelson de Toledo, sem constrangimento, ao contrário, com alegria por quem tem cabeça aberta e não foge da realidade. Abração, Nelson! É isto. (Iron Junqueira, escritor)

Os cinco gols da copa do mundo!

Por Adriano Gonçalves
Jogaço! Desta forma podemos definir o duelo na Copa do mundo no Brasil entre a última campeã (Espanha) e a vice-campeã (Holanda). Quem abriu foi a campeã com Xabi Alonso com cobrança de pênalti indefensável. Mas a Holanda correu atrás e fez honra a seu apelido “Laranja mecânica” - Van Persie encobriu Casillas de cabeça após passe de Blind. Esse foi o primeiro tempo. No segundo tempo, foi a vez de Robben marcar mais dois gols e Vrij deixar o seu registrado de cabeça sem contar o gol de bandeja que Casillas deu a Van Persie. Cinco gols da Holanda! Mas, acredito que outros cinco gols precisam ser tão comemorados tal qual os da Holanda, gols que sacudiram o coração e mexeu com a rede das emoções. Gol da superação Após trauma de infância, Edin Dzeko dá a volta por cima e vira o maior ídolo da Bósnia. Esta é a história de superação do jogador Bósnio que durante a guerra em seu país foi milagrosamente “protegido” pela mãe. Em um dia de sol típico para uma partida de futebol Edin pede a mãe para jogar bola com os amigos que, da janela de sua casa, vê os times sendo divididos para a “pelada”. Por uma intuição, sua mãe não o deixou ir. E da janela ele vê, com lágrimas nos olhos, todos os amigos serem assassinados, literalmente exterminados. Era para ele estar ali. Mas a mãe o defendeu. Superar tal cena e ainda ser um grande jogador é ser não só sobrevivente da guerra, mas fazer das balas das armas as bolas da Copa! Gol da igualdade Outro momento marcante e bonito da Copa aconteceu na sexta-feira (13), mas só foi divulgado segunda-feira (16). Momentos antes de entrar em campo pela Austrália, que seria derrotada pelo Chile, o meio-campista Mark Bresciano deu show de solidariedade ao amarrar as chuteiras de uma criança deficiente. Pode ter perdido a partida, mas soube ganhar o reconhecimento como um grande ser humano! A rede da igualdade e solidariedade foi balançada. Gol do abraço Muitos abraços, muitos sorrisos. Como é bom perceber que os grandes não tem medo de se abaixar aos pequenos e ali no abraço entender que copa é mais que bola, é coração. Foi isso que David Luiz fez com o jovem Daniel Jr. E podemos nos perguntar: Quem é o grande? Quem responde é o próprio David Luiz “Há coisas na vida que não tem explicação e ontem foi uma delas. Daniel Jr. eu queria te agradecer pelo exemplo de carinho, amor e dedicação. Foi um dia muito especial pra mim, um dia que me fez olhar pro céu e agradecer a Deus por ter o privilégio de levar essa alegria para muita gente. Jamais vou esquecer seu abraço! #momentosinesquecíveis#euquesouseufã” Seu gol no campo pode não ter saído ainda... Mas, já marcou este golaço na vida! Gol da família Futebol+amigos+família: uma equação de muito amor! E quem marca o quarto gol foi a mãe de Julio César! Ela disse da sua dor quando seu filho deixou o Brasil para jogar na Europa e da vitória da Champion o grande grito do filho: “Quero ver minha mãe”. Futebol é também família. E na carta da mãe ao filho antes da copa traz a definição do filho: “Sempre foste responsável por todas suas obrigações”. Tal definição nos dá a certeza de que quem está no coração nunca está longe. Gol da família! Por traz de cada jogador uma história a ser contada! Gol da amizade O resultado importa muito em um jogo, isto é fato! Porém, a disposição de ser irmão, amigo fala alto. E por causa disso um grande gol foi marcado por quem não é jogador, mas que cuida da seleção canarinho como secretário especial da copa - Ferruccio Feitosa. Foi dele a ideia de entrar no campo com a mão no ombro um do outro. Em carta à seleção, ele propôs: “Permitam-me dar uma dica: entrar em campo de mãos dadas todo mundo já faz. Sejam diferentes, exaltando e externando a irmandade entre vocês. Entrem em campo com uma das mãos no ombro de cada um (porque a outra já estará ocupada segurando a mão de uma criança). Isso tem um simbolismo muito forte. A mão, infelizmente, estendemos a qualquer um e hoje esse ato está banalizado, mas o nosso ombro damos somente a quem cofiamos e amamos, pois nos momentos de lutas é do ombro amigo-irmão que precisamos. Lembro que no momento do Hino Nacional vocês já unem os ombros abraçados." Em tempos onde se usa as mãos para atacar, agredir e violentar dar os ombros é prova de que a fraternidade ainda anda em alta. A torcida compreendeu e no último jogo da seleção a torcida foi impactada por tal gesto correspondendo a proposta de ser irmão-amigo. Foram cinco gols, que podem ter passado de maneira despercebida por muitos, mas de fato foram os gols que sacudiram as redes do coração do torcedor. Gols de humanidade que tiraram lágrimas dos olhos nos colocando em um campo novo onde o futebol continua sendo um lugar de encontro em meio aos desencontros. Ainda estamos no começo da Copa, mas já deixo a dica: qual gol será o seu? "Tamu" junto! (Adriano Gonçalves, missionário, formado em filosofia, acadêmico em psicologia e apresentador do Programa Revolução Jesus na TV Canção Nova. É autor de três livros pela Editora Canção Nova: “Santos de Calça Jeans”, “Nasci pra dar certo!” e “Quero um amor maior” - Twitter: adriano_rvj / Facebook: adrianogoncalvescn)

Por mais produtividade

por Luiz Gonzaga Bertelli
Apesar de o Brasil colocar-se entre as nações mais industrializadas do planeta – atualmente é a 7.º colocada entre mais ricas – ainda está longe de ser considerada uma potência econômica. Um dos problemas diagnosticados por especialistas é a baixa produtividade. Um brasileiro trabalha por ano, em média, mais horas que franceses, italianos, suíços, alemães, noruegueses, dinamarqueses ou belgas, mas produz apenas um quarto do que os trabalhadores desses países, segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Mesmo sendo considerados os mais produtivos, os americanos trabalham em média menos que os brasileiros. Enquanto nos Estados Unidos um profissional passa 1.790 horas por ano no trabalho, no Brasil esse número sobre para 2.032. No entanto, o brasileiro leva quase seis dias para realizar o que um americano faz em apenas um dia. Geralmente, as nações mais pobres, defasadas do ponto de vista tecnológico, trabalham por mais tempo que os países mais desenvolvidos, como uma forma de compensar a falta de tecnologia por mão de obra barata. Enquanto no Brasil, os sindicatos lutam para a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas, na Alemanha, por exemplo, a luta é para chegar a 35 horas, jornada já praticada em outras nações europeias, como Bélgica e França. Um diagnóstico feito por especialistas mostra que a principal causa para essa produção desacelerada é a educação deficiente do brasileiro. Apenas 43% dos adultos possuem o ensino médio, uma média bem menor que a encontrada nos países da Organização para a Cooperação de Desenvolvimento Econômico (OCDE). Entre os jovens de 25 a 34 anos, a situação não melhora muito: apenas 57% terminaram o ensino médio, ante 82% na comparação internacional. É por causa de situações como essa que o CIEE, com experiência de 50 anos na inserção do jovem no mercado de trabalho, vem incentivando a educação e a formação profissional dos estudantes com o estágio e aprendizagem, a fim de melhorar as condições de trabalho e de vida para os futuros talentos. Mas também é preciso que o poder público priorize a educação para que a produtividade ganhe novos rumos. Só assim podemos sair dessa situação incômoda no mercado internacional. (Luiz Gonzaga Bertelli, presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), da Academia Paulista de História (APH) e diretor da Fiesp)