sexta-feira, 13 de junho de 2014

A meta de todos deveria ser construir e beneficiar

Por Benedicto Ismael Camargo Dutra
É cada vez mais difícil viver no planeta Terra. Enquanto a população vai se multiplicando em velocidade jamais vista, os recursos naturais se tornam cada vez mais escassos. A reciclagem em seu ciclo natural é mais lenta do que as necessidades de consumo. A competição global se torna acirrada. Os empregos se restringem pela automação ou transferência de fábricas. A mídia aprimora os métodos da comunicação de massa para atender seu interesse de promover o aumento do consumo e, para isso, incentiva a insatisfação geral. A população se sente insegura, inquieta, querendo consumir mais sem ter condições, pois os salários se comprimem e as prestações das compras a crédito se multiplicam. Em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio de São Paulo, descreve a atual situação brasileira que infelizmente mais se assemelha à destruição de tudo que a democracia quer oferecer, devido ao choque provocado pelos acontecimentos dos últimos meses. As cenas violentas difundidas massivamente pelos meios de comunicação disseminam a sensação de que vivermos em terra de ninguém. Trafegando pelas metrópoles do Brasil, ficamos chocados com a precariedade das favelas; isso é tanto mais chocante, pois evidencia que evoluímos pouco, desde a libertação dos escravos pela Princesa Isabel, até nossos dias. O que significa tudo isso? Uma guerra de interesses contra o Brasil visando impedir o seu crescimento independente? Quando tudo indicava que o gigante estava prestes a despertar, parece que caiu em sono agitado, fortalecendo pesadelos destrutivos. Acorda Brasil! Com certeza a existência de punição justa é um elemento importante na manutenção da ordem pública, mas quando a sociedade se desumaniza isso indica sintoma que algo mais profundo não vai bem e está se agravando. Há muita aspereza e desarmonia no ar e nas relações humanas, não é só como se fosse um salve-se quem puder, mas há uma total indiferença ao sofrimento do próximo, por vezes até um regozijo. Essa indiferença infelicita e desanima. Falta a generosidade desinteressada. Tudo pesado, falta a leveza dos bons sentimentos. Estamos diante de uma grande semeadura de ódio e revolta. Que colheita poderemos esperar? E pior de tudo, não há, em termos globais, a preocupação em investigar as causas dessa rudeza. Felizmente, no mundo ocidental, hoje a população está menos subordinada a dogmas da religião ou do Estado, podendo exercer sua livre resolução com autonomia. Mas por estar desatenta e acomodada, se deixou prender no besteirol das comunicações de massa, que ao contrário dos livros que ampliam o discernimento, embrutecem e imbecilizam. Com o avolumar dos descontentamentos e da falta de esperança, se evidencia a fragilidade das instituições. Há os que defendem a necessidade de governo forte, impositivo. Mas isso atenta contra a natureza humana e sua capacidade de livre resolução. O sistema democrático e o livre mercado têm seus valores que possibilitam a liberdade de expressão, de locomoção, de iniciativa, mas faltam-lhe ajustes enobrecedores e seriedade da parte de todos, principalmente da classe política, para não corrermos o risco de ficarmos reféns dos detentores da alta renda e seus interesses, e dos déspotas e sua sede de poder, em prejuízo do todo. As atuais condições que regem o mercado são perversas porque permitem manipulações e competição desleal entre países com a precarização da mão de obra. Estaríamos na anomia - um estado de falta de objetivos e perda de identidade - no Brasil e no mundo? A saudação que recebemos a cada novo dia é triste: um mau dia Brasil nas mensagens da televisão! A destruição de objetivos nobres, tudo sendo carregado para o esgoto do desânimo, do embrutecimento, da falta de esperança. Quem? Por quê? O que ganhamos com essa baderna descontrolada? Quando é que os líderes mundiais se disporão a incentivar a fermentação do que é bom e nobre para assegurar um futuro melhor, permitindo a construção e beneficiamento para todos nós? Necessitamos de líderes empenhados na melhora geral. Precisamos de um movimento de humanização que promova respeito e consideração entre as pessoas, como meio de renovar as esperanças das novas gerações. (Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP e associado ao Rotary Club São Paulo - E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7)

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