segunda-feira, 16 de junho de 2014

A trajetória de um dos maiores estadistas do mundo

Por Salatiel Soares Correia
Tenho me debruçado, nos últimos dias, a enfrentar as mais de 800 páginas da mais completa biografia escrita pelo ex-Reitor da Universidade de Oxford, Roy Jenkins, a respeito de um dos mais notáveis estadistas que o mundo já conheceu: Winston Churchill. Vencidas as primeiras 200 páginas desse fabuloso escrito, já é possível delinear o porquê Churchill foi um líder diferenciado. Filho de um político movido pelo oportunismo, e não pelas convicções com as quais chegou a ministro, e de uma bela norte-americana que, ainda jovem, tornou-se uma viúva influente na corte inglesa. Esta, de acordo com Roy Jenkins, chegou a ter “uns 200 amantes”. Quando o pai de Churchill morreu, sem lhe deixar herança, pois era um homem de poucas posses, ele já era um moço de 20 anos. O futuro líder da Grã-Bretanha logo cedo saiu pelo mundo, indo parar numa Índia ainda sob colonização Inglesa. Viveu e trabalhou como funcionário do governo de seu país também na África do Sul. Admirador de Napoleão, os primeiros cimentos de estadista se evidenciavam no jovem Churchill não só por sua imensa coragem, mas, também, pelos seus memoráveis discursos e pelo escritor de talento que ele foi. Foi um palestrante notável que ganhou muito dinheiro ministrando palestras. “Estou muito orgulhoso do fato de não haver uma pessoa em um milhão que, em minha idade, pudesse ganhar 10 mil libras sem nenhum capital em dois anos.”. Dizia ele orgulhosamente a respeito dos proventos originados de suas conferências. Cresceu na política por méritos absolutamente pessoais. Diferente do pai, fazia política movido não pelo oportunismo, mas pelas convicções. Churchill iniciou sua vida política no partido conservador inglês (Tory) para, depois, tornar-se árduo defensor das causas liberais. Monarquista absoluto, assim, ganhou a confiança do Rei Eduardo. Foi, muito jovem, ministro e, nessa condição, a figura do estadista crescia cada vez mais ante os assuntos espinhosos que teve de lidar, entre os quais, destaca-se a criação de impostos taxando os mais aquinhoados pela riqueza, com objetivo de melhorar os benefícios sociais concedidos pelo Estado às classes mais populares da sociedade inglesa. Churchill foi um keneysiano antes de Keynes. Na condição de ministro do interior sempre se envolveu na resolução de assuntos turbulentos inerentes a política da Grã-Bretanha de seu tempo. Reforma penitenciária, a lei de imigração e naturalização , regulamentação das sociedades voluntárias para infância desvalida, manutenção do tênue equilíbrio entre a liberdade individual e a autoridade do Estado, a pena de morte , o voto feminino a segurança do trabalho nas minas de carvão e por aí vai. São atitudes como essa, de sempre pensar no bem comum e enfrentar os problemas com inegável coragem que catapultaram Churchill para os píncaros da política inglesa e mundial. O mundo veria sua real estatura nos momentos em que a nação necessitou de quem a liderasse nos duros tempos da Segunda Guerra Mundial. Mas isso é assunto para as próximas 600 páginas desta excepcional biografia. Voltaremos ao assunto. (Salatiel Soares Correia, engenheiro, bacharel em Administração de Empresas, mestre em Planejamento, autor, entre outras obras, de A Construção de Goiás)

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