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quarta-feira, 11 de junho de 2014
Dom Washington contra o que é de César
Por Px Silveira
Dom Washington Cruz, sumo sacerdote de Goiânia, é um homem com seus muitos fantasmas. Pudera, a Igreja os tem aos montes. Acontece que entre o campo pessoal e o institucional, entre o mundo religioso e o humano, há uma grande diferença. E enquanto a Igreja do século XXI caça seus fantasmas por dentro, Dom Washington Cruz os enxerga fora.
Neste sentido, o arcebispo de Goiânia quer ser mais cristão que o Papa Francisco, cujas pregações, sempre pedindo por mais transparência nas atitudes internas da Igreja, têm trazido a tônica do chamamento, da aceitação e do perdão.
A começar pelo perdão que ele pede para si mesmo, o sumo pontífice. E ao mesmo tempo em que no âmbito pessoal e humano se diz um pecador, o Papa pede perdão pela igreja pedófila e discriminadora, em busca da eliminação de seus verdadeiros fantasmas. Santo Papa, este Franscisco, suas palavras vêm carregada de compreensão e uma postura santa, de quem se faz como o primeiro exemplo.
E de dom Washington Cruz, o que podemos dizer? Suas palavras e ações trazem a tônica da ameaça, da expulsão e da separação. Será por insegurança de encontrar o fantasma dentro de si mesmo, no humano que é, e não lá fora aonde ele procura?
Foi assim com o padre Pereira, por exemplo, de história ainda recente. Logo que se viu no poder “arcebispapal”, dom Washington Cruz investiu contra a figura até então imaculada de padre Pereira. Até mesmo publicamente, dom Washington empreendeu uma caça rigorosa ao padre e à sua presença administrativa. logo ao Pereira, a quem a Igreja goiana muito ficou devedora.
A perseguição teve ares de uma cruzada, foi tamanha que, literalmente abatido o Pereira, dom Washington Cruz se arrependeu a ponto de dele querer se desculpar indo todo dia rezar uma missa em seu apartamento nas imediações do estádio Serra Dourada, um dos mais altos de Goiânia. Portanto, até foribundo e figuradamente, Pereira mostrou a dom Cruz que estava –e sempre esteve- mais perto do Céu.
Agora dom Washingtom Cruz, o “arcebispapal”, volta sua espada para o padre César Garcia. A partir de uma nota na coluna mudana Spot, da jornalista Ana Cláudia, ele reage desmesuradamente e anuncia o afastamento do padre César de suas funções religiosas, determinando abertura de inquérito para averiguar sua conduta e ser julgado pelo Tribunal Eclesiástico.
E qual o crime supostamente cometido pelo padre César? A referida nota dizia da celebração da união de um casal homoafetivo de destacada atividade profissional em Goiânia. Padre César estava presente na cerimônia realizada na residência do casal. E ali, levando o amor de que Cristo falava e pregando a compreensão de que não somos nós que julgamos, de que nos fala o Papa Francisco, padre César deu suas bençãos a todos os presentes e ao casal já formado há 11 anos.
Somente padre César Garcia, diga-se, com sua história íntegra e visão congregadora é que se faria ali presente, pois ele inspira simpatia e confiança a todos que, mesmo ressabiados com a Igreja Católica, procuram o amor de Cristo.
Por fim, já que Deus por vezes escreve certo por linhas tortas, talvez assim se justifique a atitude de dom Washington Cruz. Pois sua recente investida servirá para uma reflexão envolvendo, quiçá, os vários segmentos esclarecidos da sociedade. E a partir disso, quem sabe “Teremos pastores mais sensíveis que venham ao encontro do povo”, como reage padre César.
Portanto, a pequena nota da jornalista Ana Claudia vai funcionar como um torpedo sob o manto católico. E assim será dada mais uma chance de a Igreja se atualizar sob a inspiração dos novos tempos e o comando de seu novo Papa, para que não venha a se arrepender depois.
Por este ponto de vista, padre César Garcia se torna uma feliz referência, endossado pelos seus 30 anos de sacerdócio iluminista e iluminante. Afinal, nada melhor que publicisar as coisas da Igreja, que é patrimônio de Deus.
(Px Silveira, presidente do Instituto ArteCidadania)
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