sexta-feira, 20 de junho de 2014

Niso Prego - Uma ode especial ao educador político educador sempre

por Pedro Wilson Guimarães
O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria se aprende é com a vida e com os humildes. Cora Coralina 1.Niso filho de Gil e Sebastiana Prego. Niso Prego desde as escolas e liceus de artes e ofícios começados em Goiás/Vila Boa e vindas em 1942 para Goiânia e agora retornada para a cidade de Coras, Goiandiras, Linas, Revis, Colombinas, Nanhás, Damianas, Brasiletes. E de Marias de todas as graças, lourdes, fátimas, aparecidas, helenas, anas. Sempre Marias. Niso do IFGoiás e Goiano de Jorge Félixs, Neuzas, Paulos Césars, Jerônimos, Donizetes, Waldows, Vicentes, Colonoans, Mauros, Geraldos, Gustavo Ritters, Lizelottes, Sandras, Josias, Ivones, Hélios, Dalmos, Evanildes, Rosas, Mesquitas, Ítalos com dezenas de mestres, campi e saneamentos espalhados por Goiás por Lulas e Dilmas e Eliezers com Ejas, Pronatecs, cursos, todos, para vida. E para trabalho, desenvolvimento sustentável dos cerrados. Niso deixa Suely Alcântara companheira de toda uma vida e os filhos Norma, Eliana, Cláudia, Niso Júnior e Lucila. Niso Prego filho de descendentes de italianos que chegaram em Goiás na primeira capital Santa Cruz, entre Bela Vista e Cristianopólis, Palmelo, Pires do Rio. E Catalão onde estudou antes de vir para Goiânia onde teve toda uma vida, uma trajetória que se realizou pelo centro-oeste e pelo Brasil dos séculos XX e XXI. Niso Prego nasceu depois da revolução de 30, cresceu com Estado Novo e a redemocratização depois da Segunda Guerra Mundial dos horrores dos nazifascismos de onde sua família optou pelo Brasil. E por um mundo nas vertentes das águas dos rios João Leite, Meia Ponte, Passa Quatro, Caldas, Piracanjuba dos cerrados dos rios maiores Araguaia e mais Tocantins e Paranaíba de todos sertões de tropas e boiadas, jurubatubas, piuns, troncos, andrés loucos, enxadas, poemas das semeaduras de todos acadêmicos como ele de todas letras e matemáticas da vida profissional educadora e libertária. Formou-se na Faculdade de Direito da rua 20, Casa da Liberdade. Foi do Centro Acadêmico XI de Maio, núcleo estudantil dinâmico que lutou pela criação da futura UFG. UFG vitoriosa em 1960 por JK, Clóvis Salgado e aqui pelos professores e estudantes Colemar Natals, Orlandos, Marcelos, Gabriels, Belkis, Iberês, Lindas, Domingos, Zebernardes, Loyolas, Maximianos, Elbios, Amálias, Berquós, Neders, Moisés, Wanderleys, Sólons, Chicos, Haroldos, Javiers, Batistas, Ludovicos, Neis, Élcios, Eudoros, Zacariottis, Rômulos, Eleuzes, Jofres, Luiz, Condes, Castro Costas e mais estudantes. E Jairs, Gracianos, Gils, Elcivals, Davis, Pilomias, Garcias, Samahás, Bernardos, Horiestes, Juarezs, Samirs, Enauros, Mários, Sérgios, Irajás, Wilians, Ernanes, Paulos, Edésios, Beneditos. E muitos outros estudantes, professores e lutadores políticos e sociais. Niso viveu a efervescência do governo JK, construção de Brasília, novos tempos, novos rumos para o Brasil. Niso mesmo e sempre excelente advogado dedicou, optou pela educação e ajudou a fundar o Ginásio Municipal. É verdade Goiânia teve na década de cinqüenta e até os primeiros anos da década de sessenta um colégio municipal, na Vila Nova de frente para o Córrego Botafogo que é referido na bandeira de Goiânia. Cidade onde Niso dedicou sua vida. Professor do Lyceu de Goiânia, Lyceu de Campinas/Pedro Gomes, e depois na antiga Escola Técnica, CEFET e hoje renomada universidade tecnológica do Brasil Central. Foi diretor nos tempos difíceis da ditadura e soube lidar com sabedoria. E seu nome tornou-se referência como liderança no magistério goiano e brasileiro, no hoje, Instituto Federal de Educação Tecnológica de Goiás – IFG e na sociedade. Não ficou parado lamentando o mundo da ira, ignorância, ódio, analfabetismo e da desvalorização dos professores. Enfim de todos os trabalhadores. Engajou na organização de meios, entidades para valorizar a educação e os educadores e os alunos. Juntos com outros e outras colegas da educação pública de Goiás como Adãos, Carlitas, Aldas, Rosas, Bianors, Marílias, Cleovans, Silvanos, Beatriz, Marílias, Nelmas, Neides, Aloísios, Bias, Iedas, Anas, Olgas, Terezinhas, Domingos, Revalinos, Getúlios, Osmars, Sandras, Zezinhos, Noemes, Bernardinos, Itamis, Dulces, Geraldos, Idelfonsos, Avelars, Lobós, Marias, Helenas, Delúbios, Joãos, Josés, Antônios, Marlenes, Sebastiões, Aparecidas, Terezas, Mindés, Suelis, Darcis, Alices. Forjaram e fundaram o Centro dos Professores de Goiás como ecos das lutas operárias do ABC paulista de Lula e de Osasco e Contagem por democracia, constituinte, diretas, e anistia ampla geral e irrestrita para todos presos, exilados e em nome dos lutadores mortos e muitos desaparecidos pelos agentes de estado da ditadura nada branda no Brasil. Niso soube com outros companheiros captar as lutas pelas mudanças políticas no Brasil e na América Latina e mesmo em Paris. Niso de mãe e pai italianos, irmãos. E de Sueli Alcântara e filhos e netos, e muitos amigos e amigas por este mundo afora. Fundou o CPG depois Sintego. Presidiu a CPB, Confederação de Professores do Brasil, hoje CNTE. Niso era ação firme pela educação e valorização dos professores/trabalhadores na educação. Deu exemplo na direção da Escola Técnica na liderança das lutas fazendo enfrentamento nas ruas e assembleias. Marchou sempre com determinação, mansidão, honestidade, respeito, dignidade dialógica. Deixou exemplos para filhos, sobrinhos, netos, amigos e companheiros pela caminhada da educação libertadora dele e tantos outros como Paulo Freire, Florestan Fernandes, Milhomens, Dalísias, Luizinhos. Fundou o PT conosco e foi vereador participando da memorial campanha por Goiânia. Exerceu o mandato parlamentar e foi líder de nossa bancada na Câmara Municipal de Goiânia com Marinna, Paulo Souza, Darci, Geraldão. Ajudou a fundar a CUT e muitas escolas e faculdades de Goiás. Nada o abateu mesmo com doenças graves sabia ter espírito sempre alto, claro, solidário, altivo, e certamente agora encontra com muita gente amiga lá nos céus do Deus do amor, da justiça, da educação da paz para toda a humanidade aqui nesta terra oxalá amanhã sem males como falava D. Pedro Casaldáliga. O prefeito Paulo Garcia e a plenária petista homenageou Niso Prego e todos aqueles que souberam e puderam estar nas suas lutas. Sua partida para nós vai além do tempo e espaço. Deixa nome e luta. Deixa família amorosa. Deixa amigos e admiradores de sua vida proba, solidária, educativa, produtiva, exemplar, cheia de muitas saudades, lembranças. Boas e melhores lembranças de um homem que marcou nossas vidas pela educação. E por uma sociedade livre e solidária, igual e fraterna para todos e todas, homens e mulheres, negras, indígenas, brancas e vermelhas. O Brasil vai ter Copa. Vai ter sempre uma marca de Niso Prego como administrador público, escolas, político. E principalmente como educador esmerado que foi e sempre será lembrado. E exemplo por se dedicar às artes da pedagogia libertadora. Professor Niso Prego. Vive sempre e para sempre entre nós que queremos e lutamos por um mundo de paz e justiça social. Niso Prego Memória, Educação, Luta, Verdade, Justiça, Compromisso, Ética, Liberdade e Fraternidade, sempre. Niso da UFG, IFG, PUC, UEG. É com Áureo, Marcos, Taliton, Niso Prego, honrou a família, as amizades, colegas, companheiros e o povo goiano/brasileiro. Viva Niso em nossa memória e história. Viva Niso Prego que combateu o bom combate está agora recebendo mais glórias, louros, coroas nos céus do Deus, do amor para toda humanidade. Viajou pelo Brasil, América Latina e Europa na busca e defesa da educação para todas juventudes douradas, heroicas, resistentes,esperançosas e libertárias. Estão certos Osmar e o prefeito Paulo Garcia ao registrar que Niso deixa grandes contribuições nas salas de aula, diretorias, sindicalismos, confederações. E CBEs, CNEs, conselhos, plenárias, comitês, audiências públicas por mais e melhores escolas democráticas de ensino básico e superior na Goiânia capital dos cerrados de todos nossos sonhos e utopias por mundos melhores, já. Niso de uma cidade e campo participativos. Quem tem medo de conselhos e conferências de mais e mais participações sociais (democracia direta) culturais, políticas e mesmo ambientais? Niso não teve e não teria. Nós não teremos medo. Niso presente na história. Sempre sem medo de ser feliz. (Pedro Wilson Guimarães, presidente da Agência Municipal do Meio Ambiente de Goiânia/2013 – AMMA. Presidente da Associação Nacional dos Órgãos Municipais de Meio Ambiente - ANAMMA 2013/2015. Secretário do Ministério do Meio Ambiente2012/2013. Prefeito e Vereador de Goiânia. Deputado Federal de 1993-2011 PT/GO. Professor da UFG e da PUC-GOIÁS. Militante dos Movimentos de Direitos Humanos, Fé e Política, Educação, Cerrados. E-mail: pedrowilsonguimaraes@yahoo.com.br)

Educação como antídoto da violência

Por Valmor Bolan
Segundo o filósofo francês romântico Jean Jacques Rousseau, o homem nasce bom, a sociedade o corrompe. Com este reducionismo, justificou muito das medidas pedagógicas modernas. Rousseau é estudado, inclusive, nos cursos de Pedagogia e Filosofia da Educação. Ocorre que Rousseau parte de premissas simplistas da natureza da pessoa. De qualquer forma, sua visão influenciou muito não apenas seu tempo, como todo o século 19 e 20, e ainda hoje. Tal influência podemos ver, por exemplo, no debate sobre a chamada "lei da palmada", recentemente aprovada na Câmara dos Deputados, que reduz a autoridade dos pais na educação dos filhos, restringindo a sua prerrogativa de sanções diante de comportamentos abusivos que precisam ter limites, a partir do convívio em casa. A observação a partir da experiência histórica mostra que a falta de corretivos morais adequados acarretou um crescente índice de violência, deixando a educação de ser um antídoto natural contra a violência. O problema é que para Rousseau, o homem não traz tendências em si à violência, que devem ser contidas e disciplinadas pela moral, mas ela é decorrente de influências externas, das convenções sociais. O que ocorre em nossos dias é que houve uma dissociação entre educação e moral, cujas consequências percebemos por toda a parte, do aumento da violência, em graus diversos. Tanto em casa, quanto na escola, muitas das pedagogias modernas tem sido incapazes de resolver tais desafios, cujas metodologias em vez de tornar a pessoa aprimorada como ser humano, muitas vezes são causa de patologias incontáveis. Vejam, por exemplo, casos de depressão e suicídio entre jovens, em muitos países altamente desenvolvidos. Tudo isso deve trazer profunda reflexão, pois os resultados práticos da dissociação da moral (e inclusive a moral cristã) da educação, tem sido uma das causas a justificar a debilidade das instituições hoje na sociedade, a começar pela família. Por isso, para que tenhamos uma educação capaz de vencer a violência e ser antídoto dela, é preciso que tenhamos a coragem de retomar com vigor as balizas morais capazes de efetivamente propiciar a civilização humana. (Valmor Bolan, doutor em Sociologia e especialista em Gestão Universitária pelo IGLU (Instituto de Gestão e Liderança Interamericano) da OUI (Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal, Canadá)

Derrota para o Sindicato, vitória para os cidadãos

Por Rodrigo Neves
E após horas de impasse, o Sindicato dos Metroviários de SP finalmente suspendeu a greve, que durou quase uma semana. O Governador Geraldo Alckmin, em um ato único de bravura, venceu a Batalha contra o que era até agora o sindicato mais virulento do Estado de SP. São, ao menos, 4,5 milhões de passageiros, que conseguiram voltar a exercer o “direito” ao transporte coletivo de “qualidade” e outros 11 milhões que respiram aliviados com o retorno da normalidade e do funcionamento razoável da cidade, que estava mergulhada no caos. Mas muito além disto, as consequências desse ato de bravura do governador, e da vitória contra o sindicato dos metroviários vai muito além disso. A postura ousada, firme, e impecavelmente correta adotada pelo governador de São Paulo, deixará marcas profundas na política paulista pelas próximas décadas (assim esperamos). A ação do governador de São Paulo de não só não ceder as demandas irreais do sindicato golpista, como também responder de forma firme com a demissão de 60 grevistas (respaldado em decisão judicial para tanto) e emitindo um ultimato de que aqueles que não voltassem ao trabalho também seriam demitidos equipara-se as posturas adotadas pelo então Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Ronald Reagan, em 1981, quando da greve dos controladores de tráfego aéreo nos EUA, e pela então primeira ministra da Inglaterra, Margaret Thatcher quando da greve dos mineiros de carvão de 1984. Ambas essas greves foram respondidas da mesma forma com que Geraldo Alckmin respondeu a greve dos metroviários de São Paulo: Não cedendo a demandas abusivas e ilegais e também retaliando de forma firme, demitindo aqueles que desrespeitaram a justiça e a população. E ambas essas greves resultaram em uma enorme vitória política, pois colocaram um fim na força destrutiva de seus respectivos sindicatos. Graças a ação do governador, o Sindicato dos Metroviários de SP está fadado ao mesmo destino que a National Union of Miners (NUM), na Inglaterra, e a Professional Air Traffic Controllers Organization (PATCO), nos Estados Unidos: A irrelevância no cenários sindical e/ou a sua completa extinção. Será apenas uma entidade sem poder, sem visibilidade e sem autoridade. Com esse ato, São Paulo finalmente começa a superar os entulhos ideológicos enraizados pelo sindicalismo do século passado e inicia seu ingresso para a modernidade. (Rodrigo Neves, analista Político, historiador (USP), gerente-executivo do Movimento Endireita Brasil e especialista do Instituto Liberal)

A água não é inodora, incolor e nem insípida!

Por Henrique Gonçalves Dias
O artigo "É possível despoluir os rios urbanos?", assinado por Hugo Marques Cabral e Marcos Antonio da Silva, publicado sexta, dia 20, reflete sobre tal possibilidade mencionando a despoluição dos rios Sena, em Paris, França e o Tamisa em Londres, Inglaterra. A despoluição destes rios ocorreu há meio século! Já mencionei aqui inúmeras vezes que a despoluição dos rios e ribeirões em Goiânia, contribuiria com a diminuição drástica dos casos de dengue e de muitas doenças infecciosas e, além disso, a diminuição significativa de crimes tais como o estupro. Depois do advento da tal da privada, ou do vaso sanitário, no meio do século passado, quando deixamos de agachar e passamos a sentar para defecar, ou cagar, pensando que somos reis ou deuses, sei lá, com um simples puxamento de uma cordinha ou o acionamento de um botão, podemos ver os nossos dejetos centrifugando numa água outrora límpida que salvaria, certamente, a vida de meia dúzia de crianças que morrem de sede todos os dias no mundo. A água é o líquido mais precioso. Não é inodora, não é incolor e muito menos insípida. As escolas e universidades deveriam conscientizar os seus alunos sobre o tema! (Henrique Gonçalves Dias, jornalista)

História de um bom filho

por Iron Junqueira
Nelson Gomes de Toledo foi o primeiro garoto que chegou ao Lar HC. Estudava no Educandário Espírita de Anápolis à noite, quando era adolescente e fazia o ensino fundamental. Certa vez apareceu no Lar em horário de aula. Perguntei-lhe porque não estava na escola. Contou-me que havia brigado com um colega e a Diretora os mandara para suas casas. “— E por que brigou, brigou por quê?” Quis eu saber. O jovem: “— Ele me falou mal de mim, me chamou de FDP e eu casquei o braço nele...” Mais alguns dias e eis de novo o Nelson cabulando aula. “— Matando aula, Nelson? Você não é disso!” Respondeu-me o garoto: “— Não tio. A Diretora me deu uma suspensão”. “— De novo? Por quê?” Quis eu saber. “Foi por causa de um moleque que me chamou de FDP”. Três semanas após, topo novamente o Nelson de Toledo entrando portão adentro do Lar e o indaguei. “— Suspenso, de novo, Nelson?” E ele: “— É, tio, outra vez...” “— Por quê?” O rapazinho: “— Briguei”. Insisti: “— Brigou. por que, por que brigou?” “— Di (sic) uma surra num moleque lá”. “— Por que você DIU uma surra no moleque? Nelson Gomes de Toledo deu a mesma resposta: “— Ele me chamou de FDP, então, casquei o braço nele...” Acreditem, por mais duas vezes se repetiu a mesma coisa. Por fim, fui dar uma averiguada no prontuário do Nelson Gomes de Toledo, cujo sobrenome “Toledo” dei-o a ele em homenagem ao meu avô Pedro Cordeiro de Toledo que gostava muito dele, devido às suas traquinagens de três aninhos. No relatório que me fora enviado à época pelo então MM Juiz de Direito constava o histórico do garoto, cuja procedência era a ZBM (zona do baixo meretrício), filho de Fulana de Tal, mulher de programa; que o dera a uma colega; por fim, o lactente, na época sem nome, foi entregue para uma menina de doze anos que “dissera à mãe que o ganhara de fulana”, e esta senhora, minha amiga, sabendo que eu construía o Lar da Criança, me procurou e combinamos que ela iria ao Juiz, regularia a situação da criança, e cuidaria do bebê até que a construção da casa terminasse. E quando o Lar da Criança HC foi inaugurado, quem chegou com o documento do MM e com a criança? A minha amiga que lhe dera o nome de Nelson ( porque já veio com esse nome, explicara ela e, Gomes, que era dela, que preferia ser chamada de avó do guri, então com dois anos, acho); ao regularizar a situação dele perante o Lar o magistrado me dera um Termo de Guarda, com o qual o registrei acrescentando o sobrenome Toledo, do meu avó. Voltando ao começo, depois de rever tal documento, chamei o Nelson ao escritório, na altura dos seus 15 anos e dei-lhe o documento para que o lesse. Leu-o tranquilamente e sorriu. “— Essa é a sua história, até onde sei”. E fiz a pergunta final: “— Responda-me agora, Nelson: você é filho de quem? Ele gargalhou e respondeu: “— Sou um FDP, ora!” “— Então, por que ficar perdendo tempo e aulas por conta de briguinhas e desse nome que todo mundo usa uns contra os outros?” Naquela noite, levei-o para a porta da casa e mostrei-lhe o céu estrelejado, dizendo-lhe: “— Quem pode afirmar que os próprios pais não prevaricaram, antes de se casarem?” Ele, refletivo: “— É mesmo sô...” Adiantei, olhando para os céus: “— Quando alguém lhe xingar de FDP, saiba que isto é normal entre os humanos, porém, olhe para os céus e diga para você mesmo: sou filho das estrelas, dos astros, do firmamento, sou filho de Deus!” “— Farei isto, tio, daqui para frente!” E de fato: daquela explicação até hoje, nunca mais o Nelson perdeu aula nem brigou com colegas por conta da sigla tão incômoda. É trabalhador, bom, reconhecido, grato e está na foto que hoje ilustra a coluna, quando o encontramos na NOBEL, onde fomos em número de cinco, comemorar os 18 anos de Vanderlei da Silva Lima, filho do Lar HC, que ficara conhecendo o famoso Nelson Gomes de Toledo. Juízo, hein, Nelson! Ou você me faz “pagar a língua...” Em tempo: Nelson, mande um abraço para o Adilson Galdino, nosso amigo e colega de imprensa, hoje em Conceição do Araguaia, onde ambos residem. Este relato foi consentido por Nelson de Toledo, sem constrangimento, ao contrário, com alegria por quem tem cabeça aberta e não foge da realidade. Abração, Nelson! É isto. (Iron Junqueira, escritor)

Os cinco gols da copa do mundo!

Por Adriano Gonçalves
Jogaço! Desta forma podemos definir o duelo na Copa do mundo no Brasil entre a última campeã (Espanha) e a vice-campeã (Holanda). Quem abriu foi a campeã com Xabi Alonso com cobrança de pênalti indefensável. Mas a Holanda correu atrás e fez honra a seu apelido “Laranja mecânica” - Van Persie encobriu Casillas de cabeça após passe de Blind. Esse foi o primeiro tempo. No segundo tempo, foi a vez de Robben marcar mais dois gols e Vrij deixar o seu registrado de cabeça sem contar o gol de bandeja que Casillas deu a Van Persie. Cinco gols da Holanda! Mas, acredito que outros cinco gols precisam ser tão comemorados tal qual os da Holanda, gols que sacudiram o coração e mexeu com a rede das emoções. Gol da superação Após trauma de infância, Edin Dzeko dá a volta por cima e vira o maior ídolo da Bósnia. Esta é a história de superação do jogador Bósnio que durante a guerra em seu país foi milagrosamente “protegido” pela mãe. Em um dia de sol típico para uma partida de futebol Edin pede a mãe para jogar bola com os amigos que, da janela de sua casa, vê os times sendo divididos para a “pelada”. Por uma intuição, sua mãe não o deixou ir. E da janela ele vê, com lágrimas nos olhos, todos os amigos serem assassinados, literalmente exterminados. Era para ele estar ali. Mas a mãe o defendeu. Superar tal cena e ainda ser um grande jogador é ser não só sobrevivente da guerra, mas fazer das balas das armas as bolas da Copa! Gol da igualdade Outro momento marcante e bonito da Copa aconteceu na sexta-feira (13), mas só foi divulgado segunda-feira (16). Momentos antes de entrar em campo pela Austrália, que seria derrotada pelo Chile, o meio-campista Mark Bresciano deu show de solidariedade ao amarrar as chuteiras de uma criança deficiente. Pode ter perdido a partida, mas soube ganhar o reconhecimento como um grande ser humano! A rede da igualdade e solidariedade foi balançada. Gol do abraço Muitos abraços, muitos sorrisos. Como é bom perceber que os grandes não tem medo de se abaixar aos pequenos e ali no abraço entender que copa é mais que bola, é coração. Foi isso que David Luiz fez com o jovem Daniel Jr. E podemos nos perguntar: Quem é o grande? Quem responde é o próprio David Luiz “Há coisas na vida que não tem explicação e ontem foi uma delas. Daniel Jr. eu queria te agradecer pelo exemplo de carinho, amor e dedicação. Foi um dia muito especial pra mim, um dia que me fez olhar pro céu e agradecer a Deus por ter o privilégio de levar essa alegria para muita gente. Jamais vou esquecer seu abraço! #momentosinesquecíveis#euquesouseufã” Seu gol no campo pode não ter saído ainda... Mas, já marcou este golaço na vida! Gol da família Futebol+amigos+família: uma equação de muito amor! E quem marca o quarto gol foi a mãe de Julio César! Ela disse da sua dor quando seu filho deixou o Brasil para jogar na Europa e da vitória da Champion o grande grito do filho: “Quero ver minha mãe”. Futebol é também família. E na carta da mãe ao filho antes da copa traz a definição do filho: “Sempre foste responsável por todas suas obrigações”. Tal definição nos dá a certeza de que quem está no coração nunca está longe. Gol da família! Por traz de cada jogador uma história a ser contada! Gol da amizade O resultado importa muito em um jogo, isto é fato! Porém, a disposição de ser irmão, amigo fala alto. E por causa disso um grande gol foi marcado por quem não é jogador, mas que cuida da seleção canarinho como secretário especial da copa - Ferruccio Feitosa. Foi dele a ideia de entrar no campo com a mão no ombro um do outro. Em carta à seleção, ele propôs: “Permitam-me dar uma dica: entrar em campo de mãos dadas todo mundo já faz. Sejam diferentes, exaltando e externando a irmandade entre vocês. Entrem em campo com uma das mãos no ombro de cada um (porque a outra já estará ocupada segurando a mão de uma criança). Isso tem um simbolismo muito forte. A mão, infelizmente, estendemos a qualquer um e hoje esse ato está banalizado, mas o nosso ombro damos somente a quem cofiamos e amamos, pois nos momentos de lutas é do ombro amigo-irmão que precisamos. Lembro que no momento do Hino Nacional vocês já unem os ombros abraçados." Em tempos onde se usa as mãos para atacar, agredir e violentar dar os ombros é prova de que a fraternidade ainda anda em alta. A torcida compreendeu e no último jogo da seleção a torcida foi impactada por tal gesto correspondendo a proposta de ser irmão-amigo. Foram cinco gols, que podem ter passado de maneira despercebida por muitos, mas de fato foram os gols que sacudiram as redes do coração do torcedor. Gols de humanidade que tiraram lágrimas dos olhos nos colocando em um campo novo onde o futebol continua sendo um lugar de encontro em meio aos desencontros. Ainda estamos no começo da Copa, mas já deixo a dica: qual gol será o seu? "Tamu" junto! (Adriano Gonçalves, missionário, formado em filosofia, acadêmico em psicologia e apresentador do Programa Revolução Jesus na TV Canção Nova. É autor de três livros pela Editora Canção Nova: “Santos de Calça Jeans”, “Nasci pra dar certo!” e “Quero um amor maior” - Twitter: adriano_rvj / Facebook: adrianogoncalvescn)

Por mais produtividade

por Luiz Gonzaga Bertelli
Apesar de o Brasil colocar-se entre as nações mais industrializadas do planeta – atualmente é a 7.º colocada entre mais ricas – ainda está longe de ser considerada uma potência econômica. Um dos problemas diagnosticados por especialistas é a baixa produtividade. Um brasileiro trabalha por ano, em média, mais horas que franceses, italianos, suíços, alemães, noruegueses, dinamarqueses ou belgas, mas produz apenas um quarto do que os trabalhadores desses países, segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Mesmo sendo considerados os mais produtivos, os americanos trabalham em média menos que os brasileiros. Enquanto nos Estados Unidos um profissional passa 1.790 horas por ano no trabalho, no Brasil esse número sobre para 2.032. No entanto, o brasileiro leva quase seis dias para realizar o que um americano faz em apenas um dia. Geralmente, as nações mais pobres, defasadas do ponto de vista tecnológico, trabalham por mais tempo que os países mais desenvolvidos, como uma forma de compensar a falta de tecnologia por mão de obra barata. Enquanto no Brasil, os sindicatos lutam para a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas, na Alemanha, por exemplo, a luta é para chegar a 35 horas, jornada já praticada em outras nações europeias, como Bélgica e França. Um diagnóstico feito por especialistas mostra que a principal causa para essa produção desacelerada é a educação deficiente do brasileiro. Apenas 43% dos adultos possuem o ensino médio, uma média bem menor que a encontrada nos países da Organização para a Cooperação de Desenvolvimento Econômico (OCDE). Entre os jovens de 25 a 34 anos, a situação não melhora muito: apenas 57% terminaram o ensino médio, ante 82% na comparação internacional. É por causa de situações como essa que o CIEE, com experiência de 50 anos na inserção do jovem no mercado de trabalho, vem incentivando a educação e a formação profissional dos estudantes com o estágio e aprendizagem, a fim de melhorar as condições de trabalho e de vida para os futuros talentos. Mas também é preciso que o poder público priorize a educação para que a produtividade ganhe novos rumos. Só assim podemos sair dessa situação incômoda no mercado internacional. (Luiz Gonzaga Bertelli, presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), da Academia Paulista de História (APH) e diretor da Fiesp)

A vaia e o índex

Por Luiz de Aquino
Comemorar é uma palavra composta: co (juntos) memorar (lembrar). Mas seu uso, através da vida e dos séculos, ganhou o sentido de festejar – talvez porque as pessoas gostam sempre de recordar – ou mais: de “memorar juntos” –, de festejar o que foi bom. Vimos que as pessoas que festejaram os 50 anos do golpe militar que nos pôs em 20 anos de ditadura por revezamento foram muito poucos; quase o mesmo número dos que resolveram, em todo o país, manifestarem-se contra os primeiros jogos da Copa do Mundo que se realiza estes dias. Outros, porém, querem comemorar o golpe com atitudes idiotas. Uma delas é a vaia – aquela dirigida à presidente Dilma Rousseff na Arena Corinthians. Entendo que em um dos mais remotos momentos (quanto tempo durou esse momento, hem? Nem imagino...) da Humanidade, aquele em que o primata bicho sapiens entendeu que os sons emitidos pelo aparelho fonador diferiam conforme seu estado emocional e a intenção de seu anseio por comunicar-se podia traduzir algo: e inventou-se a fala, inventaram-se as palavras... Mais tarde, viria a escrita. Ao vaiar, o indivíduo viaja àquele estado primário. Os de agora querem ser distinguidos como bem-formados, que sabem pensar; mas ao vaiarem, transmudam-se em primatas afônicos, ou melhor, emitentes de sons de um só tom, de uma só emoção – a do ódio – e tornam-se antecessores dos trogloditas homens da pedra lascada. Em suma, o homem-besta, o primata ignorante e irracional. Não me bastasse o que conceituo acima, adotei, há muitas décadas, a atitude do respeito às autoridades; se a pessoa atinge um patamar, se se eleva ao cimo da pirâmide organizacional do Estado, merece respeito: essa pessoa torna-se, sim, representante de um grupo enorme a que chamamos Nação (nação é povo; país é território; e estado é a organização política – as pessoas costumam tornar essas três palavras sinônimas, mas elas são somente palavras afins, cada qual com seu significado). “Ah!”, dirão alguns, “quer dizer que ditadores também merecem respeito?”. Sim, merecem – ainda que com todas as reservas possíveis. Alguém o pôs lá e muitos o aceitaram; se a maioria, ainda que oprimida, se põe em silêncio é porque aceita; portanto, respeito tanto um Médici quanto um Lamarca – o primeiro por ter “chagado lá”, mesmo que pelas armas, e o segundo por ter se oposto a tudo aquilo, mesmo que com as armas. Não respeito é a corrupção, a roubalheira e a petulância (a petulância conduziu o presidente Collor ao confronto com o Congresso; o impeachment foi a resposta do grupo confrontado). Desrespeito também a incoerência. Mas vaia houve. E houve também a aceitação pela pessoa vaiada, pois recusou-se a discursar, como era protocolar, declarando aberta a Copa do Mundo, receosa de ser vaiada; e aceitou-a ao responder a agressão, no dia seguinte, com um discurso em tom partidário (sempre achei que um presidente da República, pelo seu papel de estadista, deve distanciar-se protocolarmente dos partidos, mas a nossa presidente, notória pela agressão às regras da Língua, comporta-se mais como cabo eleitoral do que como estadista). Dilma Rousseff deveria confiar nas pessoas que lhe devem servir de prepostas, de porta-vozes, para o exercício do discurso menor de alegação às vaias; não é papel da nossa maior mandatária nivelar-se por baixo, descer aos porões da vaia para vociferar como os jornalistas que o vice-presidente de seu partido compara a cães (e chama de jornalistas cineastas e humoristas, misturando tudo, como quem ignora as diferenças profissionais). É notório que a Opinião (assim mesmo, em maiúscula) é um instituto universal de natureza pessoal: a liberdade de opinião é um preceito basilar da democracia. Exerço-o com amplitude, mas com um cuidado simples e igualmente basilar, o de respeitar as pessoas a quem aprecio, avalio, julgo ou posso atingir, no bem e no mal. Posso opor sem desrespeito e posso admirar sem bajular – isso eu busco fazer sempre e principalmente não quero impor meu procedimento, apenas defini-lo. Eu jamais vaiaria Getúlio Vargas – nem no período de 1930 a 45, nem no de 1950 a 54 –, nem JK (que após uma vaia de quatro minutos, anotados por ele próprio, recebeu aplausos de dez minutos, dos mesmos estudantes de engenharia que o vaiaram, só porque disse: “Uma nação cujos estudantes vaiam seu presidente da República por quatro minutos é uma nação democrática”) –, nem os ditadores do tempo dos cinco-por-vinte-anos (aliás, 21; foi de 1964 a 85) nem FHC nem Dilma. Nem Collor, o mauricinho, eu vaiaria. Mas não consigo digerir o vice-presidente do PT com o seu índex de jornalistas pitbuls (sei lá como escrever isso! Nem vou pesquisar). Seu artigo é do mesmo nível das vaias. Tenho minhas escolhas políticas, claro, mas também isso há que ser exercido com a dignidade e o respeito ao próximo que formam o conjunto de comportamentos a que chamamos de ética. Se alguns dos articulistas, apresentadores, humoristas e atores interpretando personagem escrevem e falam coisas que incomodam algum partido, os partidos que os processem ou, em questões menores, que respondam a eles pelos mesmos canais, na mesma intensidade e na densidade da informação original. O que não fica bem é um partido (seu vice-presidente certamente fala por ele; ou o povo, o leitor, o eleitor entenderá assim, a não ser que o presidente o desminta – e isso é pouco provável) assacar contra uma categoria inteira, chamando de jornalistas todos os seus declarados desafetos. Até porque são muitos os jornalistas filiados ao PT e muitos não filiados que se identificam como simpatizantes – e muitos ainda há que se afastam dessa simpatia por tantas pisadas em falso com o partido, antes tão ético, agora usando salto alto nas andanças do poder. Incomoda-me que ao lado de tantas realizações sociais admiráveis os maiores do PT se alinhem em defesa de alguns membros apanhados em atos condenáveis e acusem juízes de perseguir e agir fora da lei. Isso é tão ingênuo – ou estúpido – quanto acreditar que o governo brasileiro comprou o titulo de Hexacampeão à FIFA (o empate com o México levou um torcedor goianiense a supor que, se comprou, certamente a presidente Dilma sustou o cheque na manhã do dia 17). Se Joaquim Barbosa e seus pares ministros que votaram pelas condenações julgaram à revelia da Lei, os outros poderes e o povo aceitariam isso passivamente? Isso teria validade? Encerro com um certo cansaço. É que não queria, e não quero, tecer análises e críticas aos feitos de governo. Eu apenas pediria ao ex-presidente Lula e à presidente Dilma que se mantivessem na dignidade do cargo que os qualifica. A prática partidária, tão democrática, pede, sim, em algumas circunstâncias, tomadas de posição e alguns discursos desgastantes, mas práticas que não devem ser exercidas por estadistas assim feitos pelo elevadíssimo valor do voto popular – valor esse que, sem qualquer dúvida, Dilma e Lula conhecem muito melhor que eu. (Luiz de Aquino, escritor e jornalista, membro da Academia Goiana de Letras)

Cenas de um pequeno mundo de alegria

Por Jairo Gomes
Neste um ano e meio à frente da gestão do Mutirama, ouço quase que diariamente pelo menos um elogio em relação ao parque. Felizmente essas palavras positivas também proliferam pelas redes sociais. Em nosssa página no Facebook, 90% dos posts e comentários são elogiosos à beleza, agradabilidade e ao alto padrão de qualidade no atendimento prestado pelos operadores e funcionários do Mutirama. Isso, por si só, é uma enorme recompensa pessoal e profissional para qualquer gestor. Mas existe uma gratificação ainda maior que, de fato, nos motiva. Ao longo dos 16 meses em que gerencio este importante patrimônio da cidade, por diversas vezes, ao caminhar pelo parque, me peguei observando o momento em que as crianças, acompanhadas dos pais ou responsáveis, entram no Mutirama. Há um brilho no olhar desses pequenos que demostra não somente a alegria e o entusiasmo deles ao chegar no parque, mas nos dá a nítida impressão de que essas crianças adentram em um mundo de fantasia e total felicidade, deixando do lado de fora todos os problemas, dilemas, dúvidas e angustias do dia a dia. Os pais, ao testemunharem a alegria incontida dos filhos, saem correndo pelo Mutirama. Também deixam do lado de fora o peso da responsabilidade com o trabalho, com os problemas, sejam eles qual forem, pessoais, financeiros e até de saúde. Os adolescentes, que quase sempre chegam em grupos, fortalecem laços de amizade com passeios cheios de risos e fotos que logo logo estão nas redes sociais. É difícil não ouvir todos dias, pelo menos uma vez, o relato de uma doce lembrança de infância e juventude de quem hoje tem 30, 40, 50 ou mais anos. O cenário do Mutirama também é palco frequente para os primeiros amores que, na minha época, eram chamados de paqueras. Essas e outras cenas, como as de famílias inteiras fazendo piqueniques, as crianças correndo, os pais registando com celulares, máquinas fotográficas ou filmadoras, cada momento de felicidade dos filhos; não só gratifica e dignifica nosso trabalho, mas também fortalece o espírito. Acompanhar quase que diariamente esses belos momentos alivia o peso da responsabilidade de gerir um parque com 130 funcionários (entre operadores, pessoal da manutenção, área administrativa e da conservação), nove hectares de área, 28 brinquedos e com um público de quase 10 mil pessoas só nos finais de semana. É por essa energia, pelo amor que se alastra e contagia, que Parque Mutirama é alvo do carinho, quase que unânime, dos habitantes desta Capital. Impossível que, diante de tudo isso, nosso senso de responsabilidade não seja crescente. Nestas férias, por exemplo, teremos com mais frequência essas cenas de alegria que nos fortalece a alma e nos incentiva cada vez mais a levar a diante a missão do Mutirama de promover diversão de qualidade para toda e qualquer família, para os filhos de doutores e de operários. E, à espera dessas famílias, trabalhamos diuturnamente para garantir a elas segurança e alto padrão de atendimento, comparável aos maiores e mais importantes complexos de diversão do país. Nem por isso estamos satisfeitos. Sabemos da qualidade do nosso trabalho, sabemos do potencial do Mutirama, mas queremos e vamos fazer cada dia mais. Nos pautamos pela busca da eficiência desde os pequenos detalhes até os grandes investimentos. Conseguimos, por exemplo, que os gastos operacionais e de manutenção fossem substancialmente reduzidos, sem comprometimento da qualidade, graças à acertada decisão da prefeitura de assumir diretamente a administração local. Só com o fim da terceirização, em fevereiro de 2013, foi possível uma economia de mais de R$ 560 mil por mês ao Tesouro Municipal. Com menos gastos, podemos oferecer mais benefícios aos frequentadores do Mutirama. A gestão inteligente e otimização dos custos nos permite investimentos pontuais e planejados, como a criação dos espaços “Cuti-Cuti”, para crianças entre 1 e 5 anos; e do Mutirama Festas, criado especialmente para a realização de aniversários e outros eventos. Também conseguimos a implantação do Sistema Mutirama de Comunicação (a Rádio Mutirama), que atinge todo parque e auxilia na localização de crianças que se perdem dos pais; e a completa revitalização do Parque dos Dinossauros, uma das mais tradicionais atrações do Mutirama. Isso para ficar em apenas alguns exemplos. Há um parque em constante mutação à espera, nestas férias ou em qualquer dia do ano, de um público que também nos muda a cada dia. Gente que com olhares e sorrisos nos faz paulatinamente pessoas melhores. Gente que nos permite enxergar a vida de modo mais bonito. Gente que nos motiva, que nos faz trabalhar e querer gritar aos quatro ventos alguma das palavras mais bonitas do mundo: muito obrigado! (Jairo Gomes, diretor do Parque Mutirama)

Manifesto político

Por Aruanã Antonio dos Passos
A esquerda acusa a imprensa; A direita acusa a imprensa; A imprensa acusa a esquerda; A imprensa acusa a direita; Blogueiros acusam todos; Black blocs acusam o status quo; O status quo não é mais a realidade; Por que a realidade foi manipulada pela imprensa. Evangélicos acusam os gays; Evangélicos acusam a esquerda; Gays acusam evangélicos; Gays acusam a direita; Gays e evangélicos acusam a imprensa; A direita é golpista; A ditadura foi golpista; A revolução é golpista; Sarney foi Golpista; FHC foi golpista; Lula foi golpista; Enéas foi golpista; A imprensa é golpista; O status quo é golpista; Por que o golpismo é manipulado pela imprensa. O STF é petista; O STF é direitista; O STF é moralizador; O STF é reacionário; A imprensa manipula o STF; Joaquim Barbosa é joguete da imprensa; A direita ama Joaquim Barbosa; A esquerda foi perseguida por Joaquim Barbosa; O STF é o status quo; E o status quo é manipulado pela imprensa; A democracia foi usurpada; A democracia está em crise; Os partidos estão em crise; A economia está em crise; A educação está em crise; Sindicatos estão crise; Aeroportos estão em crise; Rodovias estão em crise; Presídios e praças estão em crise; A culpa da crise é psicológica; A imprensa manipula a crise. As eleições serão manipuladas; A copa é manipulada; O salário é manipulado; Os impostos são manipulados; O sentimento é manipulado; A direita é manipulada; A esquerda é manipulada; Os gays são manipulados; Vegetarianos são manipulados; Ateus são manipulados; Evangélicos são manipulados; O status quo todo é manipulado A imprensa manipula o status quo. A imprensa é o quarto poder; O quarto poder se degenerou; A democracia se degenerou; A ideologia se degenerou; A cultura se degenerou; As utopias se degeneraram; Os sonhos se degeneraram; O consumo se degenerou; A filosofia se degenerou; A poesia se degenerou; A pós-modernidade se degenerou; A degeneração é o status quo; O status quo é manipulado pela imprensa. E eu? Ora, eu fui engolido pelo status quo. E o status quo é manipulado pela imprensa. (Aruanã Antonio dos Passos, docente UEG)

A guerra contra as drogas

por Alvimar Paula da Silva
Albert Einstein diz o seguinte: “é mais fácil desintegrar átomo do que um preconceito”. Olhando o mundo atual, dá-nos a impressão de que a humanidade encontra–se sitiada pelas drogas. Sua penetração nas diversas camadas sociais é de proporção geométrica, verdadeira pandemia, com efeitos avassaladores, um verdadeiro tsunami. O que mais nos preocupa diante desse estado de calamidade, é o fato de que os diversos seguimentos organizados da sociedade: os educadores, as famílias, os religiosos não foram capazes de chegar a uma conclusão lógica sobre o modelo de combate as drogas, patrocinado pelos Estados Unidos. Ele é incentivador, em todos os sentidos, seja para o traficante e para o usuário. Este modelo não coíbe o consumo e nem recupera os dependentes. É o mesmo que colocar sal na carne que já perdeu. Gastam-se bilhões, porem, o exército dos traficantes e dos usuários cresce assustadoramente. Diante do exposto, faz-se necessário um pergunta: os dependentes químicos devem ou não ser tratados como um problema de saúde publica? Os entendidos afirmam que sim. A dependência é uma doença e como tal, deveria ser tratada. Se esta premissa é verdadeira, será que não seria o momento do Estado, da sociedade, da família, dos religiosos, dos educadores, das entidades de classe, enfim, de todos os seguimentos organizados da sociedade, tirar a máscara da hipocrisia, para inserir outro modelo de combate as drogas? Ao invés de ficar enxugando gelo, o Estado, inicialmente, deveria criar estrutura especializada, nos diversos estados da federação para recuperar os que manifestassem o desejo de sair desse estado de vida. Uma vez criada esta estrutura, convocaria todos esses seguimentos acima declinados, para iniciar do marco zero, um trabalho que possa trazer uma perspectiva positiva para este paradigma. Sobre o tratamento dos dependentes químicos, os farmacologistas há muito se dedicam a desvendar os mecanismos de ação e dependência das drogas psicoativas, procurando desvendar os efeitos negativos e positivos dos usos das diferentes drogas e a dependência que muitas provocam. Se os especialistas concluíram que se trata de uma doença, o poder público, após exames especializados em cada portador da doença química, deveria tirar a mascara e passasse a fornecer os medicamentos aos usuários, cotidianamente: A maconha, a cocaína, o craque etc. Se o Estado assumisse o espaço dos traficantes e passasse a distribuir, aos dependentes químicos, as drogas de uso diário, isto não iria retirar os traficantes do mercado ou pelo menos não diminuiria drasticamente o comercio e a violência? Se o dependente, devidamente comprovado pelos especialistas, tivesse as drogas doadas todos os dias, nãos seria mais racional do que deixá-lo, roubar, matar, seqüestrar, tirar vidas inocentes em troca de nada? Olhando o mundo, percebe-se que os povos entraram num beco sem retorno: as derrotas serão constantes, vidas serão ceifadas injustificadamente, as mães lamentam a perda dos filhos prematuramente. O que se vê no momento é choro, lagrimas e lamentos de um povo que não sabe o que fazer para reconstruir uma sociedade sem drogas, sem violência, onde deveria imperar o respeito à vida e a dignidade do ser humano. Portanto, não seria o momento de repensar esse modelo de combate às drogas? Acho que Albert Einstein esta coberto de razão: “é mais fácil desintegrar átomo do que um preconceito”. (Alvimar Paula da Silva, advogado e auditor fiscal aposentado - alvimarpulasilva@bol.com.br)

Cartas para mim mesmo... Sobre o milagre de estar vivo

por João Moreno
Hoje andando de ônibus lotado com uma mochila pesada nas costas e uma caixa de livros, eu sorria... Estranho, um ônibus em Goiânia não é um lugar de pessoas felizes. Mas estava sorrindo por que posso andar de ônibus. Porque, depois de um tranquilo e feliz dia em um trabalho digno, com algumas pessoas que valem a pena, vou para a casa (que já chamo de lar) e verei a pessoa mais linda, meiga e brava desta Terra. Sorrio por que eu ainda posso ouvir David Bowie, Foo Fighters, Pink Floyd, Metallica. Sorrio por que eu ainda posso ler Tolkien, Rowling, Dostoievisky, Marquez e King. Sorrio por que eu ainda posso ver a Talita, Felipe, Minha Vó, Mãe e Tia. Sorrio por que eu ainda tenho capacidade de argumentar, refletir e conversar com algumas pessoas. Sorrio por que ainda sou humano, ainda tenho capacidade de amar e ainda acredito que há pessoas boas neste Mundo. Sorrio porque eu sei que não sou uma pessoa muito boa, mas eu tento ser melhor do que eu fui ontem. Sorrio, porque viver sem sorrir não vale a pena. Tenho 21 anos. Não tenho teto, não tenho carro, não tenho uma graduação. Se fosse há alguns meses atrás (pré e pós Crime e Castigo - quem me conhece sabe), diria que desperdicei 21 anos da minha vida para não conquistar nada. Mas, agora (pós Talita, Asimov, Mathew Quick e ressaca literária) diria que eu tenho apenas 21 anos e vários outros para batalhar pela minha tão sonhada casa, meu tão sonhado carro e sim, minha tão almejada, desejada, platonizada e (inalcançável?) graduação. Tenho um emprego. Não é o emprego dos meus sonhos. Não sou o melhor empregado, mas estou trabalhando todos os dias para aprender mais e mostrar o meu valor. E eu só tenho a agradecer: primeiramente a minha mãe. A minha Diva. Por ter me dado uma visão fantástica sobre certo e errado. Sobre caráter. Sobre ser digno e homem. Eu te amo. Segundo, ao meu irmão, que apesar de ser apenas 1 ano e 7 meses mais velho, foi a figura paterna mais fantástica da minha vida. Cara, não inventaram palavras ainda para descrever esse sentimento. Você é foda. Terceiro, a minha tia. A Tia. A Lúcia. A pessoa mais correta e boa de todas. A pessoa que se doa tanto que acaba se esquecendo de viver para si mesma. Quarto, para minha Vó, minha querida e corajosa Vovó, que é um exemplo vivo que com a fé, você consegue o impossível, inclusive criar seis. Quinto: Aos meus amigos, aos The Little Birds, que estão juntos há mais de 10 anos, como uma máfia, o que importa é a irmandade.... Ao melhor amigo que tive durante os três melhores anos de faculdade não terminada, Edson Dourado. Um irmão de mães diferentes, um amigo que te estende te mostra que você tem um lado bom, quando você só vê trevas. O cara que te aconselha e que fala o que é certo e errado. E o pior que o ‘fdp’ está sempre certo. E por último, mas não menos importante (o melhor sempre deixamos para o final). Minha amiga, namorada e companheira Talita R. Eu só queria dizer que eu te amo. E que eu só penso em você, eu só quero você. E eu não trocaria uma noite e um milhão de mulheres por uma vida longe e somente com você. Parece que é difícil acreditar nisso? Quando eu te conheci, do jeito mais incomum, não sabia que estava do lado da mulher mais guerreira do Mundo ( e você não está roubando isso, está, sim herdando). Através de você eu passei a acreditar em Deus. “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas” Ele deve ter te mandado para me mostrar que a vida é, sim, mas que os momentos felizes, do lado das pessoas que amamos, superam as dificuldades; para fazer de mim uma pessoa melhor, menos egoísta e mais responsável; para eu aprender a viver um dia de cada vez e ver as coisas pelo lado bom, positivo; para você mostrar-me que eu ainda tenho qualidades. Talita, obrigado por não ter desistido de mim. Obrigado por ter estado comigo nas horas obscuras novamente. E por ultimo eu devo agradecer a Ele. Obrigado por me permitir sorrir de novo, por me permitir ver o lado bom da vida. Obrigado por me permitir escrever isso, de coração e mente aberta. Obrigado por me perdoar. Obrigado por me permitir ama-Lo e acreditar em Ti da minha maneira torta. Obrigado por não me cegar. E mesmo que Você, por fim, não exista, obrigado por me dar esperança hoje. Sabe por que não somos felizes o tempo todo? Porque temos que passar por momentos difíceis para aprender e perceber que a vida não é fácil, mas, ao lado das pessoas ‘certas’ e enxergando as coisas da maneira correta, é possível voltar a sorrir e dizer: 'obrigado por mais este dia. Que venham muitos outros e que eu tenha forças para continuar essa caminhada dura chamada de Minha Vida' (João Moreno, estudante de jornalismo)

Sobre o dia de lançar todos os seus medos no mar do esquecimento!

por Thiago Mendes
Junte todos os seus medos e jogue-os fora. Isso. Agora tente fazer aquelas coisas que jamais teve coragem. Sim, peça o microfone e solte a voz no meio de todo mundo, chame aquela pessoa que te manipula há anos e diga que a partir de hoje prevalecerá o respeito, jamais o domínio. Dê um basta na timidez que já te tirou de cena tantas e tantas vezes e dê um grito para a vida como nunca teve coragem de fazer. Vamos, coragem! Agora rejeite todas aquelas palavras de derrota que foram, durante tanto tempo, cárcere para sua alma. Você sabe: todas elas eram mentira. A própria vida tratou de lhe dizer isso. Agora olhe pra você de uma nova maneira. Permita que seus olhos brilhem abarrotados de sonhos. Não tenha medo que tudo desabe outra vez. Sinto que agora será diferente. Lembre-se: o maior risco que podemos correr é o de não termos tido coragem de arriscar tudo que poderíamos. (Thiago Mendes lançou o livro “Diário de um Soldado” com os melhores textos publicados aqui na coluna. Adquira pelo telefone: (62) 3924-0250)

Radicalidade evangélica

por Luiz Augusto
Vivemos no tempo em que os homens já não suportam a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustam mestres para si. Apartam os ouvidos da verdade e se atiram às fábulas. Por isso não é de se estranhar que tantos absurdos aconteçam todos os dias; num piscar de olhos, surgem os mais terríveis males. A radicalidade própria do Evangelho: sim, quando sim, e não, quando não, causa pavor a muitos líderes religiosos, que fazem tudo para dificultar o anúncio pleno da verdade. Dentro e fora da Igreja, a maioria prefere o morno, o moderado; tudo deve estar de acordo com o pensamento deste mundo. A ordem é não assustar, não causar polêmica, não questionar o modo de vida dos “cristãos”. De maneira progressiva, contra a família, sobe a maré da iniquidade, do mal. A verdadeira fé é substituída por um sentimento vago e pouco comprometido, que equivale a um ateísmo prático. A catequese não é aprofundada e a Bíblia é pouco lida. É preciso recuperar o entusiasmo Evangélico, é preciso falar de Deus a tempo e a contratempo. Falar sempre, ser testemunhas. Passam à nossa volta, sentam-se ao nosso lado pessoas que nunca ouviram falar de Deus. Precisamos ter a consciência de ser missionários, missionários de Deus, missionários dos últimos tempos. Estamos vivendo tempos últimos. Só falando de Deus, só falando de Jesus, podemos fazer face a essa onda de apostasia. Não falta quem queira afastar as pessoas de Deus. O Sistema Financeiro, o Sistema Político, os meios de comunicação, a falta de testemunho de fé, tudo contribui para afastar as pessoas de Deus, trazendo-lhes a desesperança. Dia após dia, estamos sendo colocados em situações de desânimo, de achar que nada mais vale à pena, que está tudo podre. Não é isso que Deus quer de nós. Ele quer que anunciemos com firmeza a sua Palavra. Além de pregar, temos que, realmente, crer no que pregamos, mostrá-Lo na vida pelas nossas ações. Vivemos tempos muito interessantes e não convém que nos afastemos de nosso Deus, mas que cultivemos a verdade, afastando todo enriquecimento, todo pecado, todo mal. As indicações são de que o tempo está próximo. Vigiemos!!! (Pe. Luiz Augusto F. da Silva, Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus)

Indignados, fortalecidos e esperançosos

Por Marcos Sassatelli
O Trabalhadores da Educação (servidores administrativos, auxiliares de atividades educativas e professores) do Município de Goiânia estão, ao mesmo tempo, indignados, fortalecidos e esperançosos. São esses os sentimentos que definem o estado de ânimo dos Trabalhadores da Educação. Em primeiro lugar, eles e elas estão indignados pelo caos em que se encontra a Educação Pública; pela traição do governo do PT, partido que sempre defendeu os direitos dos trabalhadores e que agora, no poder, tem a mesma prática política de outros governos, ou pior, usando até a mesma linguagem (parece gravação); pelo comportamento autoritário, ditatorial e arrogante do prefeito Paulo Garcia e da secretária da Educação Neide Aparecida (quem lembra da luta aguerrida e firme da secretária - quando sindicalista - na defesa dos direitos dos Trabalhadores da Educação, está abismado com a metamorfose, que foi total; quem te viu e quem te vê!); pela má vontade e pela falta de capacidade que o prefeito e a secretária têm de dialogar e negociar de iguais para com iguais, de trabalhadores para com trabalhadores; e pelo desrespeito e desdém para com a categoria dos Trabalhadores da Educação. Cadê o chamado “jeito petista de governar”? Não deveria ser um “jeito popular” de governar? É preferível quem sempre esteve ao lado dos poderosos e contra os trabalhadores do que quem mudou de lado, traindo os seus companheiros trabalhadores. Os traidores são seres humanos mesquinhos, oportunistas, que se vendem a qualquer preço e que suscitam sentimentos de repugnância e nojo em toda pessoa que tem um mínimo de coerência. Os Trabalhadores da Educação estão indignados também pela atitude ditatorial e fascista do presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Clécio Alves, que - diante da ocupação da Casa, que é do Povo - mandou cortar a energia elétrica e a água (até dos banheiros), mandou ligar o som da Câmara em volume alto durante a madrugada, propagando a desinformação e mandou ligar o ar condicionado para gelar os educadores: uma verdadeira tortura física e psicológica (como no tempo da ditadura civil e militar, que - parece - ainda não acabou também em Goiânia); pela covardia da maioria dos Vereadores; pela atitude ambígua e “em cima do muro” das Comissões de Direitos Humanos da Câmara Municipal e da Assembléia Legislativa (a coerência exige que os Direitos Humanos sejam defendidos sempre, mesmo quando o violador é o “meu” partido ou o “meu” governo); e pela omissão ou demora do Ministério Público do Estado de Goiás em tomar providências diante da gravidade da situação. Em segundo lugar, os Trabalhadores da Educação estão fortalecidos pela união - cada vez maior - do Movimento de greve (a greve é um direito dos trabalhadores); pela aprendizagem na organização e condução do Movimento; pela consciência que as reivindicações são justas; pelo idealismo de quem acredita que uma educação pública de qualidade é possível; pela resistência e perseverança na luta política; e pela solidariedade e apoio de muitos Movimentos Sociais Populares e setores organizados da sociedade civil. Em terceiro lugar, os Trabalhadores da Educação estão esperançosos por estar convencidos que - mesmo na situação difícil em que a Educação Pública se encontra - ainda é possível abrir caminhos novos de diálogo e negociação entre o Poder Público Municipal e Trabalhadores da Educação (já existem pequenos sinais positivos, mostrando que - ao final - o bom senso irá prevalecer); por desejar - logo que a greve termine - voltar ao trabalho e cumprir sua missão de educadores e educadoras com dedicação e, sobretudo, amor. É realmente motivo de muita alegria e de muita esperança ver tantos Trabalhadores e Trabalhadoras da Educação (mães e pais de família, moças e rapazes) que querem colaborar e contribuir com a construção de uma Educação Pública de qualidade e de um mundo mais justo, mais igualitário e mais fraterno. Dou este testemunho de coração aberto, por amor à verdade e por estar acompanhando de perto - como irmão e companheiro de caminhada - o Movimento de greve dos Trabalhadores da Educação, manifestando plena solidariedade e total apoio. Termino com algumas mensagens de Paulo Freire sobre a Educação, que nos ajudam a refletir. “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. “Se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda”. “A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria”. “Ninguém educa ninguém, ninguém se educa sozinho, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”. (Marcos Sassatelli, frade dominicano, doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP), professor aposentado de Filosofia da UFG - E-mail: mpsassatelli@uol.com.br)

O Ministro do Supremo Tribunal Federal

Por Daniel de Melo Costa
Meus caros, é inaceitável que um ministro do Supremo Tribunal Federal tenha que renunciar a seu cargo em razão do regular exercício dele por causa de ameaças, difamações, calúnias, e pressões de toda ordem. O que vemos acontecer no STF é uma afronta a democracia, ao direito, a constituição federal. O Ministro via de regra teria ainda 11 anos pela frente antes da aposentadoria compulsória, que ocorre aos 70 anos, entretanto o ministro cansado das pressões que vinha sofrendo, cansado das perseguições, resolveu pedir a aposentadoria precocemente. Alguns cínicos ainda chegaram a dizer que estava tudo bem, que ele já havia cumprido a parte dele, mas ele não cumpriu a parte dele, pois embora já tenha ocorrido o julgamento do mensalão, ele ainda corre em razão dos inúmeros recursos que o Direito brasileiro permite e ainda há de haver muitos outros processos de corrupção, pois este país esta tomado pela corrupção. É inaceitável que o ministro Joaquim Barbosa renuncie a seu cargo e ninguém se manifeste contra esse ato claramente opressor, que afronta o Estado democrático de Direito. Mas isso é apenas a ponta do iceberg de lama que vive este país. Este país esta totalmente tomado pela corrupção mesmo em seus mais simples escritórios. O ministro sentiu isso na pele quando foi contra o sistema imposto pelas oligarquias. Sofreu pressão de todos os lados, foi xingado, sofreu bullying. Eu mesmo pude ver a reação de alguns petistas que adoraram a notícia do ministro se aposentando. Este país esta tomado por bandidos, tomado por quadrilhas organizadas. Ou você faz a vontade deles ou eles fazem o que fizeram com o ministro. Ou você dança a música e cai na armadilha daqueles que só querem manipular ou você esta na rua. Ao contrário não se deixe levar pelos porcos, não se deixe iludir por estes vermes, não aceite presente de grego. A espada da justiça Divina há de cair sobre estes seres imundos e irá pulverizá-los. Assim seja. (Daniel de Melo Costa, servidor público - www.manifesto177.com.br)

Fundos de Pensão: Enriquecimento ilícito

por Bernardo Santoro
Em 2013 os fundos de pensão brasileiros tiveram um prejuízo recorde de 22 bilhões de reais, segundo a agência estatal que regula o setor, a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc). Esse dado poderia ser muito desalentador para quem defende uma privatização da previdência nacional coma adoção do modelo de capitalização. No entanto, alguns dados acerca dessa questão: 1 – Os fundos de pensão de empresas públicas, controladas por sindicatos e políticos, corresponde a 65% dos ativos totais nacionais, com destaque para Previ (BB – 25%), Petros (Petrobras – 11%) e Funcef (CEF – 8%); 2 – Esses fundos de pensão, embora correspondam a 65% dos ativos totais, correspondem a 98% do prejuízo de 2013 no setor. A partir desses dados, podemos chegar a algumas conclusões. Primeiro, que o problema não está no modelo previdenciário de capitalização, mas no fato da maioria dos fundos de pensão do Brasil estarem ligados ao Estado e não terem por objetivo enriquecer o beneficiário da aposentadoria, mas sim os partidos políticos e os projetos dos correligionários que controlam o fundo de pensão. Segundo, que há um estranho entrelace entre esses fundos e as empresas a eles vinculados, que vivem se autofinanciando. Os fundos de pensão compram ações das empresas, que injetam dinheiro no fundo de pensão, e enquanto vemos prejuízos sucessivos nos dois lados da transação, seus dirigentes saem incólumes a todo o tipo de escândalo financeiro. Terceiro, que a agência reguladora do setor está capturada, como sempre. De acordo com a teoria da captura, quando o governo resolve regular um mercado, os agentes econômicos desse mercado acabam por corromper os diretores dessa agência para fins de concentração de mercado, sendo muito mais barato comprar 30 diretores do que satisfazer milhões de consumidores. Quarto; essa configuração destrói ainda mais a já combalida poupança interna nacional, que vê um dos poucos meios de investimento em longo prazo se esvair em projetos de lucratividade duvidosa. Portanto, não duvide da liberdade, do modelo de previdência por capitalização e do investimento em longo prazo. Duvide de quem usa isso através do poder governamental para fins de satisfação política e financeira própria. A solução para essa vergonha é abolir a Previc e abrir o mercado, não concentrar mais poder nas mãos de quem já se locupleta hoje. (Bernardo Santoro, diretor do Instituto Liberal e Professor de Economia Política da UERJ e da UFRJ)

Brasil! Vamos virar esse jogo

Por Natal Alves França Pereira
O empate na partida entre a seleção brasileira de futebol e a mexicana não foi o resultado que esperávamos, mas, não chega a ser nenhum desastre, afinal, nossa seleção continua liderando o grupo e com grandes possibilidades de passar para a próxima fase da competição. Permanecemos na torcida e desejamos a conquista do hexa, porém, precisamos considerar que as outras seleções também se prepararam e desejam a conquista do título de campeões e dar motivos para comemorações dos povos de seus países. A famosa expressão “Mens sana in corpore sano” ensina que praticar esporte faz bem para o corpo e mente. Além disso, deve proporcionar lazer e prazer. Nas competições, principalmente nas internacionais onde o intercâmbio cultural ultrapassa maiores fronteiras, devem ser consideradas as oportunidades de congraçamento, aproximação e respeito. Se o Brasil não vencer vamos lamentar, mas, devemos reconhecer e aplaudir o vencedor, e se for campeão, comemoraremos naturalmente, entretanto, precisamos de mais vitórias brasileiras no campo social. A euforia de uma conquista esportiva não pode impedir de sentir a goleada que a sociedade está sofrendo. É triste ver irmãos dormindo nas calçadas, cobrindo com papelões, talvez sem se alimentarem, enquanto alguns gozam de todo conforto e contam com a mesa farta, às vezes, conquistadas de maneira ilícita, tirando dos que menos possuem. O processo educacional parece estar regredindo, alunos não desenvolvem o raciocínio, não aprendem fazer contas nem escrever direito, a população não está evoluindo em noções de cidadania e, muito menos, desenvolvendo o sentimento de amor à pátria. Assassinatos, roubos e outros crimes acontecem a todo instante, a impunidade e a sensação de insegurança roubam a paz e a tranquilidade. O fato de milhares de brasileiros saírem às ruas cobrando, entre outras pautas, a garantia da qualidade do serviço público e ética na política poderia ser um fato a ser comemorado. Porém, além do reclame da qualidade dos serviços públicos, o caos do transporte e da mobilidade urbana, as manifestações colocaram em xeque as formas tradicionais de participações políticas e sociais pacíficas e legítimas, isto porque, a meu ver, grupos organizados, ou não, aproveitam as oportunidades para atuarem em outros interesses. As manifestações de massa demonstram que apesar do inegável processo de ascensão social experimentado nas últimas décadas, em especial com relação à melhoria de vida por meio do consumo, continuamos com enorme desigualdade social. A verdade é que com uma quantidade enorme de gols contra, estamos perdendo o jogo social. Precisando virar o jogo, nós enquanto sociedade, estamos marcando muitos gols contra, principalmente levando em conta que os governos são parte de nós, pois, tivemos oportunidades de escolher e os elegemos. Nesse jogo a vitória nos daria uma sociedade mais justa, mais educada, mais preparada e mais desenvolvida. Estamos perdendo o jogo e gerações de jovens que não fazem sequer contas simples de matemática elementar, não fazem raciocínios simples da vida cotidiana, não se envolvem com as coisas e quase não conseguem notar suas deficiências em contextualização social, o que os inibe de corrigi-las. Nossos jovens focados no temível vestibular, não conseguem discutir um mínimo da realidade social brasileira e pouco assimilam do ensino que lhes garantirá uma vida de liberdade que só o conhecimento bem assimilado pode prover. Pior ainda, os maus exemplos dos comportamentos individualistas e desrespeitosos dos pais os conduzem a seguir suas trajetórias baseadas menos no ser e mais no ter, não aprendendo a compartilhar e dividir, certamente, não aprenderão oferecer. Somos capazes, precisamos resgatar os usos das expressões: “por favor”; “obrigado”; “com licença” “desculpe-me”; “bom dia”, “boa tarde”; etc.... Temos que eliminar, na medida do possível, todo estímulo de violência a que possamos estar habituados a procurar e receber. A estupidez humana tem que ser banida. Quando a esperança está dispersa só a verdade liberta. Chega de maldade e ilusão, vamos cultivar a primavera em nossos corações, o amor tem sempre a porta aberta e só ele pode garantir nosso futuro perfeito, só depende de nós. É preciso acreditar: “Vamos virar esse jogo”. (Natal Alves França Pereira (Natal França), servidor público, formado em Ciências Contábeis, filiado à Associação Goiana de Imprensa)

Efeitos da má gestão

Por Marcos Cintra
Mesmo com o desempenho ruim da atividade produtiva nos últimos quatro anos, o governo vem mantendo o desemprego em nível reduzido por conta de desonerações e estímulos setoriais. Visando segurar mais um pouco os baixos índices de desocupação no mercado de trabalho, o governo Dilma cria mais um pacote “quebra galho” de olho nas eleições deste ano. Medidas tributárias, regulatórias e de crédito vão tentar manter o nível de emprego neste semestre, mas ações impopulares serão inevitáveis em 2015. Cumpre dizer que, os baixos indicadores de desemprego nos últimos meses foram possíveis não só por causa das ações paliativas do governo, mas também porque muitas pessoas deixaram de procurar emprego. As vagas geradas têm sido decrescentes e, por isso, muitos trabalhadores desistiram de demandar trabalho. O fato é que a debilidade no mercado de trabalho vem se manifestando. Na última semana o IBGE divulgou que as vagas de emprego na indústria caíram 0,2% em abril na comparação com março. Em relação ao mês de abril de 2013 a redução foi de 2,2%. Em 2014 a expectativa é de fechamento negativo na oferta de postos de trabalho, comparativamente ao ano passado. A má gestão da política econômica, a excessiva intervenção estatal na economia e a falta de avanços nas reformas estruturais conduziram ao atual quadro de baixo crescimento e pressão sobre o mercado de trabalho. O governo deixou de fazer o que precisava e fez o que não devia. Hoje a situação da economia só não é pior por conta de frequentes remendos pontuais, cujos efeitos estão cada vez mais limitados. Sob o pretexto de acelerar o crescimento, o atual governo, logo que assumiu, passou a intervir de maneira excessiva e atabalhoada na economia. Além disso, não se empenhou em fazer reformas fundamentais como a tributária e a trabalhista e deixou de lado os regimes de metas de inflação e de superávit primário. Os efeitos foram o desempenho medíocre do PIB e a constante pressão inflacionária. Os sistemas de metas de inflação e de superávit primário não bastam para gerar crescimento econômico, mas proporcionam credibilidade e previsibilidade para os agentes domésticos e estrangeiros. Ao enfraquecê-los, o governo gerou desconfiança e aumentou o risco na economia. O cenário ficou ainda mais comprometido por conta do exacerbado intervencionismo estatal, que elevou os gastos públicos e o nível de endividamento em troca de efeitos tímidos na atividade produtiva. Em relação às reformas estruturais, o governo se omitiu e o país acabou andando para trás. A gestão Dilma fracassou. Este ano o crescimento deve ficar pouco acima de 1%, menos da metade da expansão do PIB mundial, e a inflação, na casa de 6,5%, só não avança mais porque o governo segura artificialmente os preços dos combustíveis. Agora a pressão começa a ficar cada vez mais forte sobre o mercado de trabalho e novas medidas vão tentar manter empregos até o final do ano. A incompetência da atual gestão vai impor um custo social muito alto a partir de 2015. (Marcos Cintra, doutor em Economia pela Universidade Harvard (EUA) e professor titular de Economia na FGV (Fundação Getulio Vargas). Foi deputado federal (1999-2003) e autor do projeto do Imposto Único. É Subsecretário de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo - www.facebook.com/marcoscintraalbuquerque)

Raimundo, o caçula do patriarca Júlio Barbosa - II

Por Licínio Barbosa
No velório que precederia o sepultamento no “Cemitério Jardim das Palmeiras”, diante da comoção geral que envolvia o féretro, a doutora Zanyr da Paixão Chaud e Sá Abreu, digna esposa do Procurador de Justiça Doutor Decil de Sá Abreu, proferiu comovente alocução que a todos emocionou, a qual timbro em transcrever, na íntegra, pela sua beleza de forma e conteúdo. Verbis. “Momento de comoção e de tristeza, diante de um corpo, agora apenas físico. “Sua alma, Raimundo, já transpondo o espaço etéreo, descansa no berço do Criador, repouso que lhe é merecido, depois de bem cumprir o caminhar, aqui, na terra. “Trilhou cada passo com honradez, hombridade, dignidade, respeito e sabedoria. “Conheceu a primeira dificuldade quando, aos seis anos, perdeu a sua mãezinha. O mundo, entretanto, não lhe foi impetuoso. Após continuar alguns anos com seu pai, coube ao Licínio, seu irmão mais velho, os cuidados para a sua formação. Licínio já dispunha de sólida estrutura e equilíbrio moral para zelar de Você, o caçula de uma digna prole. “Novo mundo abria-se-lhe á frente: Estudo, trabalho e preparo em sentido lato, para se tornar o grande homem que tivemos o orgulho de conhecer e com você conviver. “Banco do Brasil foi a grande instituição, onde, trabalhando, deixou registrada eficiência, retidão e competência funcional. O mesmo Banco do Brasil foi também o seu Cupido: Transferindo-se para Anicuns, deu-lhe a oportunidade de conhecer a prendada e meiga Ozana, sua cúmplice e fiel companheira. Formaram a exemplar família com os filhos Aritanan, Júlio e Simone (esta já no descanso eterno). Esposo exemplar, pai generoso, irmão leal (como o indica o próprio nome de família), amigo sincero. Enfim, homem de bem, sério em tudo o que fez. Seus irmãos, como que num filme, revivem cenas ora distantes, ora juntos de Você, Ozana, seus filhos e netos pedem ao Alto, a compreensão do fatídico momento. Sua vida, em nosso convívio, está consumada. “Recordo-me de um cantor que assim entoou a canção: “Eu sei e você sabe já que a vida quis assim / Que nada neste mundo levará você de mim / Eu sei e você sabe que a distância não existe / E que toda paixão só é bem grande se for triste / Por isso, meu amor, não tenha medo de sofrer, / Pois todos os caminhos se encaminham pra Você”. E arremata, a grande amiga da família de Raimundo: “Aqui estamos, seus amigos, tristes com sua partida. Estão os seus familiares, irmãos, sobrinhos, perplexos e sofridos, sua célula maior: Sua família, não contendo as lágrimas, chora Ozana, a grande e amada companheira; Aritanan, Júlio e Simone (em espírito). Seus pais e sua filha Simone, abrindo-lhe os braços numa receptividade de luz divina, aplaudem a oportunidade de acolherem Você, entre garboso, firme e confiante. O espaço celeste, meu amigo, é o céu, Creio eu que o céu está em festa, linda recepção! A Virgem Santíssima, com seu Filho Jesus, ladeada de São Francisco de Assis e tantos outros sublimes espíritos de luz, acolhem Você. Começa a grande e eterna vida nova, vida de glória que Você bem soube preparar. “Conosco ficam a saudade e a certeza de que privamos da amizade de um homem íntegro”. Por tudo isso, e ainda muito mais, Raimundo, requiescat in pacem! (Licínio Barbosa, advogado Criminalista, professor Emérito da UFG, professor Titular da PUC-Goiás, membro Titular do IAB-Instituto dos Advogados Brasileiros-Rio/RJ, e do IHGG-Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, membro Efetivo da Academia Goiana de Letras, Cadeira 35 - E-mail liciniobarbosa@uol.com.br)

Primeira Caminhada Maçônica da Fé - Loja Maçônica João XXIII

Por Barbosa Nunes
Divino Pai Eterno, como é bonito ver tanta gente indo a você em romaria. Ver crianças, homens, mulheres na caminhada com tanta fé. Gesto de fé é sempre tocante, é acreditar, atitude de fidelidade, afirmação como verdade, significando confiança, não ter dúvida, esperança de que algo melhor vai acontecer. No Grande Oriente do Estado de Goiás existe desde 29 de outubro de 1998, uma Loja Maçônica fundada na credibilidade de um dos maiores papas que a Igreja já teve. Loja Maçônica “João XXIII”. Papa de outubro de 1958 a junho de 1963, João XXIII recebeu a missão de renovar a Igreja e formular nova forma de explicar pastoralmente a Doutrina Católica ao mundo moderno. Escreveu oito encíclicas, sendo as principais “Mater et Magistra” e “Pacem In Terris”. É elogiado como “o papa da bondade”. Foi canonizado pelo papa Francisco, no último dia 27 de abril. Os maçons católicos ligados à Igreja São Judas Tadeu e trabalhadores sociais na paróquia, em especial dando todo suporte à creche com mais de 100 crianças e ainda integrantes do grupo de casais “ENCASA”, com muita fé e inspirados em João XXIII, plantaram a semente que nasceu comprometida e forte como Loja muito ativa, defensora da família. Com sentimento de total crença nos caminhos traçados por João XXIII, firmam sua posição no “Caminhar faz bem à saúde” e “A fé é incompatível com a corrupção”. Com o propósito de aperfeiçoamento do ser humano os maçons e a família da Loja João XXIII e de outras Lojas, além de amigos e convidados, caminharão como romeiros, todos iguais na fé, para a cidade de Trindade, distante de Goiânia 18 quilômetros, no próximo dia 29 de junho, domingo, a partir das 07 horas da manhã, tendo como saída, o marco zero da Rodovia dos Romeiros, que liga Goiânia a Trindade. A rodovia é uma galeria aberta e iluminada, trabalho único no mundo, contendo 14 painéis que retratam os principais momentos da paixão de Jesus Cristo. Painéis com 10 metros de largura, por quatro de altura, construídos aos pares, interligados de forma sugerir a composição de um altar. Seu criador é o artista plástico Omar Souto, que trabalhando no local pintou as pinturas sacras em 105 dias. A Loja Maçônica João XXIII organizadora da caminhada com apoio do Grande Oriente do Estado de Goiás e Grande Oriente do Brasil, é presidida pelo Venerável Mestre Reno Julius Mesquita, também presidente da creche São Judas Tadeu, que não só convida maçons e não maçons a participarem do evento, mas incentiva os 150 primeiros que chegarem ao local no início da caminhada, com camisetas temáticas. Trindade, denominada “Capital da Fé”, hoje mais do que antes, nacional e mundialmente conhecida pela destacada atuação do padre Robson, realiza a Festa do Divino Pai Eterno no primeiro domingo mês de julho de cada ano e durante os 9 dias que antecedem esta data, com previsão neste 2014, de três milhões e meio de romeiros presentes ao longo desses dias. É hoje um dos maiores pontos turísticos religiosos do país e uma das cidades brasileiras que mais atrai peregrinos. Fora do evento religioso, Trindade tem uma população aproximada de 140 mil habitantes. Antes “Barro Preto”, Trindade foi levada a categoria de Vila Velha em 16 de julho de 1920, cuja instalação se deu em 31 de agosto do mesmo ano. Teve seu território desmembrado de Campinas, hoje bairro de Goiânia. Em 20 de julho de 1927 sua sede é elevada à categoria de cidade. Com a construção da capital do estado, Trindade volta à condição de distrito em 1935 e só recupera o posto de cidade, 8 anos depois. Foi no córrego do Barro Preto, que toda história de fé se iniciou, por volta de 1820, agricultores encontraram um medalhão com a imagem da Santíssima Trindade coroando a Virgem Maria. A partir daí, famílias de amigos e vizinhos começaram a se reunir para rezar o terço em louvor ao Divino Pai Eterno. Hoje Trindade é um encontro entre a fé e a devoção, atraindo semanal e anualmente por ocasião da “festa”, milhões de romeiros com características especiais no cumprimento dos seus votos, muitos em longínquas caminhadas feitas a pé por vários dias e noites e a emocionante chegada e desfile de carros de boi. Walter José, é homem de fé, autor de músicas como “A Volta do Romeiro”, “Carreiros em Romaria” e outras, que retratam a devoção dos que visitam o Santuário Basílica do Divino Pai Eterno. Cantor há dezenas de anos e morador da cidade, ele interpreta o sentimento de muita fé do romeiro na chegada ao seu destino, como na música “Romaria”. “Levantei cedo juntei a boiada, a fé no peito e os pés no chão, meu velho carro cantou na estrada, e o pó vermelho levantou do chão, num passo lento saiu a jornada pra romaria da devoção. Sou Romeiro que caminha, sou devoto do Senhor, caminhando pra Terra Santa, velha Trindade da fé e do amor. Pra ir na Terra do Pai Eterno, minha jornada durou muitos dias, trabalhei duro o ano inteiro, fiz os meus planos pra Romaria, pedi ao Anjos pra iluminar meus passos e o Pai Eterno pra ser o meu guia. E ao ver ao longe seu Santuário, Templo Sagrado em forma de cruz, Aonde meu Pai fez a sua morada, com o Santo Espírito e seu filho Jesus, dou meus louvores por chegar de novo na Terra Santa coberta de Luz.” No retorno, madrugada de segunda feira, o romeiro com emoção e lágrimas, deixa Trindade, assim se despedindo, como na música “Despedida do Romeiro”, sempre cantada por Walter José. “Já cumpri minha promessa, a maior da devoção, rezei junto ao Pai Eterno, pedindo a ele sua proteção. Volto agora, vou pra casa, transbordando de alegria, pra voltar no outro ano, pra rezar nesta romaria. Deus pai nosso criador, Deus filho que o povo conduz, Deus espírito do céu mandai-vos, pra nossa divina Luz. Vai no peito uma saudade, gemendo com meu carro de boi, os amigos que deixo aqui e por mais um ano que foi. Pai Eterno lá das alturas, não se esqueça de lembrar de mim, pra que eu volte aqui no outro ano, pra rezar bem pertinho de ti. Deus pai nosso criador, Deus filho que o povo conduz, Deus espírito do céu mandai-vos, pra nossa divina Luz. Pai Eterno protegei, a longa volta desta caminhada, seja minha estrela guia dos perigos da estrada, amanhã muito cedinho na hora que raiar o dia, estarei em terras distantes, com saudades desta romaria. Deus pai nosso criador, Deus filho que povo conduz, Deus espírito do céu mandai-vos, pra nossa divina Luz.” (Barbosa Nunes, advogado, ex-radialista, membro da AGI, delegado de polícia aposentado, professor e maçom do Grande Oriente do Brasil)

Iluminação na BR e a sensibilidade do governador Marconi Perillo

Por Antônio Almeida
Há um ano, ocupamos esta, que é a principal tribuna livre da sociedade goiana – Opinião Pública do DM – para denunciar o descaso e cobrar uma solução das autoridades competentes à falta de iluminação no trecho da BR-153 que passa pelo perímetro urbano de Goiânia. A enorme insegurança propiciada pela terrível escuridão naquela via ocasionou e contribuiu para inúmeras tragédias, como a morte de um motociclista, de apenas 22 anos, num acidente em uma via lateral da BR, no Jardim Guanabara, em março deste ano. Enquanto governantes municipais da capital e de Aparecida de Goiânia, diretores da Celg e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes brigavam para ver de quem seria a responsabilidade pela iluminação na BR-153, muitas pessoas perderam as suas vidas e outras tiveram sequelas irreversíveis naquele que foi apelidado de “trecho da morte”. Isso sem contar um número incalculável de cidadãos, vítimas de assaltantes e mulheres assediadas por estupradores, que se aproveitavam do enorme breu ali predominante. Essa era uma das maiores vergonhas de nossa região metropolitana. Durante muitos anos, instituições públicas municipais, estaduais e federais, inclusive com a participação do Ministério Público Federal e do Poder Judiciário, na forma de Ajustamentos de Conduta e de ações judiciais, digladiaram em torno dessa questão. De quem seria a responsabilidade pela manutenção da iluminação pública no trecho urbano da BR-153? Sucessivas reuniões, troca de acusações e nada de entendimento e solução. Ninguém estava disposto a arcar com o ônus de garantir a luz no trecho urbano da rodovia, que é um dos principais eixos do Brasil, integra o Norte e o Centro-Sul do país, acessa Brasília e os Estados de Minas Gerais e São Paulo. Pode ser considerada uma das "avenidas" mais movimentadas do nosso país. A situação era caótica no trecho pelo qual, segundo o Dnit, trafegam em média cerca de 58 mil veículos por dia. A “batata quente” ia passando de mão em mão no círculo das autoridades e os usuários, solenemente ignorados e desrespeitados, eram forçados a colocar suas vidas em risco, sem ter outra opção, ao transitarem por aquela BR com todas as suas lâmpadas queimadas. De Goiânia a Aparecida, o cenário noturno era crítico. Ideal para filmagens de cenas de terror como Escuridão Mortal, do diretor Richard Crudo, estrelado por Steven Seagal, que conta a trajetória de um esquadrão caça-vampiros. Impraticável para o trânsito de veículos e pedestres à noite. Esse caso, típico do jogo de empurra, colide com um dos fundamentos basilares da Constituição Federal, que incentiva o modelo cooperativo nas relações entre União, Estados e Municípios, dentro do sistema federativo pátrio. A divisão constitucional de competências, principalmente em razão do artigo 23 da Lei Maior, elenca uma série de áreas de política pública comuns aos três entes da Federação, que abrangem diversas áreas, dentre elas saúde, acesso à educação e cultura, proteção ao meio ambiente, combate à pobreza e preservação do patrimônio histórico. A Carta Magna estimula a atuação simultânea dos diferentes níveis de governo em áreas comuns, visando os interesses da coletividade. Finalmente, a longa novela da escuridão no trecho urbano de Goiânia da BR-153 chegou a um final feliz para os cidadãos e, sobretudo, para as vidas humanas. Enquanto prefeitos e dirigentes do Dnit ficavam batendo boca, o governador Marconi Perillo, sensível aos apelos de milhares de pessoas que utilizam diariamente aquela rodovia, mesmo sendo de responsabilidade do governo federal, tomou uma posição firme em favor da sociedade. Assumiu e determinou uma solução para aquele grave problema, que se arrastava há mais de uma década. Cumprindo a risca a determinação do governador, o presidente da Agetop, Jayme Rincón executou um projeto especial e moderno de iluminação em 28 quilômetros do perímetro urbano da BR-153, entre Goiânia e Aparecida de Goiânia, restaurando a ordem e devolvendo a segurança tão almejada pelos motoristas e pedestres que trafegam naquele trecho. Inaugurada no final do mês passado, essa obra tem a marca da qualidade no investimento dos recursos públicos e o mesmo excelente padrão de qualidade das iluminações que vêm sendo implantadas pela Agetop nas rodovias em todo o Estado. Possui uma iluminação diferenciada, com lâmpadas de alto rendimento e durabilidade. Mais do que uma simples obra física, a implantação desse novo sistema de iluminação naquele trecho pelo governo de Goiás significa o compromisso em salvar vidas e evitar óbitos. Afinal, aquele é um dos trechos que está entre os mais violentos do sistema rodoviário brasileiro. Segundo relatório da Polícia Rodoviária Federal, de 2009 à 2013, ali foram registrados 5.358 mil acidentes, com 143 mortos, e 2.512 feridos. A solução desse problema representa uma vitória da sociedade, que manifestou o seu inconformismo com o caos que reinava naquele trecho rodoviário, bem como, uma demonstração de grandeza, elevado espírito público, sensibilidade política e visão de estadista do governador Marconi Perillo, que chamou para si a responsabilidade de uma obra, cuja obrigação é do governo federal para evitar que mais vidas humanas sejam ceifadas em acidentes noturnos naquele trecho. (Antônio Almeida, vice presidente da Fieg e presidente do Conselho de Responsabilidade Social da Fieg, do Sigego/Abigraf, da Editora Kelps e presidente de honra da Abraxp)

Chance perdida - Aécio e Eduardo ganhariam ao verberar as manifestações da tribuna vip do Itaquerão. Mas quem odeia quem?

Por Mino Carta
Aécio Neves e Eduardo Campos perderam uma oportunidade de puro diamante para mostrar maturidade política, elegância e até mesmo astúcia. Senhoras e senhores da tribuna vip do Itaquerão, na estreia da Seleção Canarinho, primeiro dia da Copa, encenaram um espetáculo que envergonha o Brasil diante do mundo. Quase todos ali são, obviamente, eleitores dos candidatos da oposição, e estes desperdiçaram a chance de condenar o clamoroso, selvagem desrespeito a quem chefia o Estado e o governo. O pior calão atirado pelos burguesotes chamados a engalanar a festa não surpreende. A dita elite brasileira em boa parte é primária e feroz, prepotente e vulgar, arrogante e ignorante. Muito ignorante. No fundo, a tribuna vip funcionava no Itaquerão como o alpendre da casa-grande. Creio que aquela manifestação, tão reveladora dos comportamentos de quantos ostentam as grifes e acreditam viver em Dubai, não favoreça as candidaturas da oposição, ao acentuar as diferenças e precipitar a polarização. Mas onde estavam os marqueteiros? Cabia, no meu entendimento, a reação ponderada e imediata de Aécio e Eduardo, prontos a defender a sadia ideia de que a Presidência da República faz jus ao respeito devido ao cargo, acima do acirramento do confronto eleitoral. Aécio, depois de ter declarado que o ocorrido exibia a impopularidade da presidenta, voltou atrás nas redes sociais para uma crítica morna e tardia. No entanto, a disputa torna-se mais agressiva, com a contribuição useira da mídia. Quem odeia quem? Segundo a tese em voga na área da reação, o PT se esforça, com raro brilho e denodo vitorioso, para ser odiado. E ganha as manchetes a polêmica entre Fernando Henrique e Lula, com réplica, tréplica e não sei mais o quê. É oportuno registrar algumas verdades factuais, do conhecimento até do mundo mineral, embora não haja como acusar a carência de cavernícolas da Idade da Pedra. Então, vejamos. A mídia nativa sempre e sistematicamente combateu o PT, nascido da reforma partidária imposta pela ditadura no final de 1979. O partido era apresentado como de esquerda revolucionária, conquanto viesse a sofrer alterações de rota ao longo do caminho. O jornalismo pátrio sempre postou-se contra candidaturas petistas onde quer que aparecessem, a começar por aquela de Lula contra Collor, Fernando Henrique, José Serra e Geraldo Alckmin, e de Dilma Rousseff, novamente contra Serra. E mesmo os meteoritos sabem que a mídia distorce, manipula, inventa, omite e mente para desancar o inimigo. Ao iniciar a tal polêmica, FHC falou em corrupção e ladrões, e me apresso a garantir que as falésias de Dover, elas inclusive, entenderam que se referia ao PT. Donde, a reação de Lula, inegavelmente alguém que põe medo à direita e tem, ao contrário de FHC, apurado senso de humor. Esqueceu-se o tucano, de todo modo, de alguns fatos a macular seu governo. A compra dos votos para conseguir a reeleição, obtida finalmente ao sabor de uma campanha conduzida à sombra da bandeira da estabilidade, rasgada 12 dias depois de reempossado, com o resultado de quebrar o País. Mas a maior bandalheira-roubalheira da história brasileira deu-se com a privatização das comunicações, largamente demonstrada pelos grampos das conversas entre os rapazes do bando, Luiz Carlos Mendonça de Barros, André Lara Resende e Pérsio Arida, cujas passagens mais candentes foram publicadas por CartaCapital, enquanto Época e Veja saíram com as versões corrigidas pelo governo, simpaticamente entregues à Globo por José Serra e à Abril por Eduardo Jorge. Sim, o PT no poder portou-se como aqueles que o precederam e o próprio Lula reconheceu na entrevista publicada pela edição 802 de CartaCapital. “O PT erra – disse Lula textualmente – quando usa as mesmas práticas dos demais partidos.” Vale acrescentar que o caminho dos chamados “mensalões” foi aberto pelo tucanato ainda no século passado. Fala-se em ódio contra Lula, Dilma e o partido. Mas como negá-lo? Tentem ouvir os privilegiados do Brasil e seus aspirantes e verifiquem que os graúdos do Itaquerão os representam à perfeição. E de ódio se trata, semeado e regado em primeiro lugar pela mídia. Há quem alegue ódio de classe e aqui me pergunto se a definição é justa. Não sei, sinceramente. Ódio de classe se espalha depois da Revolução Francesa, evento decisivo que até hoje não ocorreu no Brasil. Envolve burguesia, pequena burguesia e proletariado. Aqui ainda vivemos a dicotomia nefanda da casa-grande e da senzala, e os senhores odeiam quem acena com mudanças. Sustentar que o PT faz de tudo para ser odiado é igual a dizer que assim também agiam os judeus dos guetos. Aliás, Aécio Neves anuncia um tsunami para varrer o PT da face da terra. Em qual país democrático e civilizado frase similar cairia da boca de um candidato ao se referir ao adversário? Algo é certo: o tsunami não partirá da tribuna vip do Itaquerão. A tigrada, além de tudo, é velhaca. (Mino Carta, diretor de redação. Fundou as revistas Quatro Rodas, Veja e CartaCapital e criou o Jornal da Tarde)