segunda-feira, 16 de junho de 2014

Coalizão e estelionato eleitoral

Por Dirceu Cardoso Gonçalves
Coalizão é o sistema pelo qual partidos ou tendências políticas se unem em busca de um objetivo. É um recurso comum no parlamentarismo, onde os governos são constituídos e também destituídos por atos legislativos, sendo o “voto de desconfiança” o mais conhecido deles. No Brasil, no entanto, os constituintes de 88, em maioria francamente parlamentarista, não tiveram condições políticas para instituir esse sistema de governo, mas deixaram seus atributos que hoje desfiguram a prática política nacional. No regime presidencialista, como o nosso, é perfeitamente admissível a constituição de coalizões ou frentes para um grupo de partidos ou tendências atingirem um objetivo. Mas é inteiramente indevido o procedimento adotado de se formar as “maiorias” ou a “base aliada” depois de concretizadas as eleições. O resultado é uma maioria fisiológica, sem o respaldo eleitoral, que acaba chegando ao governo através do pernicioso loteamento de cargos e de interesses que não são os da coletividade, mas dos políticos carreiristas. Sem o comprometimento com as bases, ficam a um passo da corrupção e dos escândalos que emporcalham os governos e a figura do político. Na ponta a sociedade é a grande prejudicada. Nas convenções partidárias - que começaram no reverso da medalha da Copa do Mundo – vemos os políticos e candidatáveis falando preferencialmente no defeito dos adversários e não em propostas para fazer a sociedade avançar. Com mais ou menos figuras de marketing ou carisma, os diferentes líderes atuam na linha da desconstrução. Isso é perigoso e potencializa o inconveniente desprezo que o povo sente em relação à política e aos políticos. Nessa linha, dificilmente se encontrará o caminho para a solução dos problemas nacionais e, como já estamos às vésperas da campanha eleitoral, muito provavelmente, as próximas eleições serão tão inconsistentes quanto as anteriores. É preciso buscar um a nova definição de comportamento político, eleitoral e administrativo. Acabar com o imenso balcão de negócios que se instala no pós-eleição. Todos os que tenham motivos para se coligar, devem fazê-lo antes da eleição. Depois delas, toda negociação se transforma em estelionato à vontade popular. Não é àtoa que os governos, a cada dia que passa, são mais fracos, menos representativos e mais suscetíveis às diferentes formas de corrupção. Apesar de ter eleito seus titulares, o povo não se sente por eles representado. Isso é muito grave... (Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves, dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br)

Nenhum comentário:

Postar um comentário