quinta-feira, 12 de junho de 2014

Dormir fora de casa por uma educação melhor

Por André Luiz Sousa
Dormir fora de casa nunca foi tão complicado. Nos tempos em que dormia na casa de algum amigo, na infância, era tranquilo: havia comida, cama e boa recepção da mãe de meu colega. No caso dos professores da rede municipal de ensino de Goiânia, a coisa foi diferente. Os trabalhadores dormiram no plenário da Câmara de Vereadores da capital, em protesto, após os parlamentares rejeitarem o impeachment contra o prefeito Paulo Garcia (PT), por conta da falta de um acordo para melhores condições de trabalho para a classe. Eles seguem negociando as melhorias. Dormiram no plenário para que fosse atendido um pedido de melhora na forma como a educação funciona. E a direção da Câmara ainda desligou as luzes, o ar condicionado e fechou o acesso aos banheiros para enfraquecer o movimento. A educação gera muitos pontos positivos. Um deles é saber que, quando alguém está em um lugar, é falta de educação apagar a luz. Esses gestos para evitar o protesto enfraquecem a educação da cidade também, já que os trabalhadores estão lá para buscar mais dignidade e salários um pouco mais humanos do que os que recebem atualmente. Dormir fora de casa nunca foi tão difícil. E nunca foi por uma causa tão nobre. Lutar por uma melhora na educação é obrigação de todos que se sentirem ofendidos com atual situação da mesma na cidade, no estado e no país. E a coisa não é boa em lugar algum. É preciso mais vontade, mais investimento para que os professores se motivem e formas corretas de se resolver os problemas que estão presentes nas escolas públicas do país. As autoridades dizem que fazem de tudo para que os investimentos na educação sejam suficientes, para que tenhamos “jovens mais preparados e com mais conhecimento, pois só assim o Brasil irá crescer”. Mas será que eles realmente querem isso? Será que querem uma população mais inteligente, que articula mais, que analisa mais as situações (inclusive nas eleições)? Pode parecer uma teoria da conspiração, mas se faz sentido ou não, deixo para cada um analisar. É preciso colocar a cabeça no travesseiro e repensar como estamos lidando com o descaso dos políticos com a educação. É preciso sonhar com melhores escolas, melhores estruturas e planejamentos educacionais para que, no outro dia, cidadãos preparados e com melhores condições intelectuais se tornem realidade. É preciso não dormir no ponto e permanecer na Câmara dos Vereadores sem ar condicionado e luz, se for preciso, para que, algum dia, tenhamos uma estrutura educacional melhor. (André Luiz Sousa, jornalista, músico e empreendedor - Andrelpsousa@gmail.com)

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