quarta-feira, 11 de junho de 2014

Sobre o amor

Por Dalva Urzêda
E não obstante que o amor nos bate à porta do nosso coração e vai entrando sem nenhuma regra, porque se houver regras não é amor, entra com suas imperfeições, porque se for perfeito deixa, também, de ser amor. Eis que nos entregamos aos caprichos desse “insensato” que não tem compromisso com a razão, nem com o tempo, nem idade e muito menos distância. Entra em nossa alma nos dando aquele calafrio por dentro, aquele suspirar fundo, a saudade que perpetua no peito, o eco do gemido de fera louca no ato da concepção do amor. Enfim, esse sentimento que chega ora calmo como o assovio do vento, ora devorador como redemoinho no campo. E nos entregamos a esse “prodígio” coração, que age como se estivesse na idade da flor de laranjeira, quando deveria ser o néctar do mel na sua mais sublime construção de doçura. Prefiro comparar o amor a algo que pudéssemos controlá-lo, mantermos preso, quando fosse de nossa preferência. Mas tal vontade seria mesmo impossível, pois esse sentimento é para ser somente sentido, sofrido, quase sempre. Não dá para ser de outra forma, a não ser que queiramos fugir o tempo topo dele. É preciso sofrer para entendermos quão necessário nossa dor ante aos prazeres de se entregar e viver esse amor. Todas as opções de escolhas têm conseqüências. Então que façamos a nossa escolha de nos entregarmos a esse sentimento que muitas vezes vem sem medida exata ao que queremos viver, ou que tenhamos a plena convicção de que a solidão não se mede em distância não é medida em tempo, nem em quilômetros, muito menos em milhas. Negar ao estar só, mesmo acompanhado, simbolicamente, é a forma mais visceral de medir as questões as quais não podemos respondê-las. Isto porque entregamos com desejo de presentear o nosso amor ao outro, mesmo correndo o risco de não recebemos o que gostaríamos de receber. Amar o distante é carregar na alma uma dor que não se sabe onde é doída; é olhar para o céu e não conseguir definir o brilho que as estrelas nos oferecem; amar quem está distante, mesmo estando perto, é como excluir da sua vida, os seus sonhos e suas esperanças. Não tem graça, não tem nenhuma significância a vida dessa forma. É preciso que os casais que estão juntos de forma física, mas distantes no amor, que se façam sentir únicos, reinventando o amor, reinventando o desejo de viver a dois, ou seja, começar de novo. Aos que amam em distância de quilômetros e/ou milhas, que desfrutem das cartas, dos recados e da bela imagem que um poderá ver do outro, mas que não deixem de viver esse sentimento prazeroso que é o grande movedor de nossas vidas. (Dalva Urzêda, professora de Literatura)

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