quinta-feira, 29 de maio de 2014

A hora de falar e de ficar calado

Por Gercy Joaquim Camêlo
Para ficar calado não basta fechar a boca e não falar; mas é preciso saber governar a língua e dar-lhe uma liberdade moderada. Vivemos numa sociedade adornada por discursos falaciosos, onde quem detém o poder da fala grita mais alto, usa argumentos sofisticados e ardilosos para atingir as pessoas e convencê-las, a qualquer custo. É nessa dinâmica de falas jogadas aos quatro ventos que muita gente dispara seus discursos afinados, mas de conteúdo oco, porque são desprovidos de verdade e repletos de ingredientes que geram desavenças. Nessa situação, mesmo havendo apelos para que falemos muito, ainda que seja para importunar os ouvidos alheios, é de bom alvitre que coloquemos feio em nossa língua, para evitar evitar estragos em nossas relações. É com esse sentimento que devemos resistir firmemente à tentação de falar de mais, sem nenhum sentido, que não faz outra coisa a não ser repetir as palavras decoradas que aprendeu, quando não, para dispará jatos venenosos sobre os semelhantes. Há pessoas que questionam por quê e para quê calar. A momentos, em nossas vidas, que temos oportunidade de falar até o que não deve e calar pouco, sem, muitas vezes, nos preocuparmos com o teor de nossa fala; e aí, haja ouvidos para suportar tantas conversas sem conteúdo. A mágica para ficar calado, é primeiro aprender a dominar nossa afiada língua, porque se descuidarmos, ela despeja palavras malignas que cortam feito navalha. Porém, diante das circunstâncias, saber falar ou calar na hora certa não é algo tão simples assim. Sugere um grande desafio que requer exercício permanente, porque exige conhecimento da realidade em que estamos inseridos; é necessário agir com sensibilidade, bom senso, preocupação, por causa das consequências que uma fala mal proferida pode acarretar para nós e para os outros. Com esse raciocínio, a parir do exercício, é que vamos aprendendo a nos calar na hora certa. Por outro lado, passamos a falar menos e com melhor qualidade, o que significa dizer aquilo que realmente interessa. Dessa forma, gastamos menos saliva com falas vazias e sem sentido, que, não raras vezes, podem semear aborrecimentos e intrigas entre as pessoas. Tudo que não existir num grupo de companheiros. Quando falamos o que é proveitoso e pertinente nos resguarda de cair nas armadilhas das conversas indevidas, que em nada contribuem e ainda causa problemas ao grupo; assim, se houver uma vigilância em nossos pronunciamentos, evitaremos muitos fatos desagradáveis. A chave é falarmos só o que realmente interessa a nós e vai ser bom para os outro, agiremos com sensatez, tornando-nos pessoas mais interessantes e, consequentemente, mais felizes no convívio social. Tomara que nossas falas sejam proveitosas: uma fonte que jorra a verdade, o companheirismo, a justiça e o bem para nós e para os outros. O tempo vai dizer se estamos dispostos a apostar nessa empreitada, porque o silêncio é importante em muitas oportunidades, mas é preciso sempre ser sincero; podem reter alguns pensamentos, mas não se deve camuflar nenhum. Há maneiras de calar sem fechar o coração; de ser discreto sem ser sombrio e taciturno; de ocultar algumas verdades sem as cobrir de mentiras, essa é a essência do saber a hora de falar e de ficar calado. (Gercy Joaquim Camêlo, governador do Rotary International, Distrito 4530, Gestão 2012/2013)

Um comentário:

  1. ... que coloquemos freio em nossas línguas...
    Orientação de um sábio:
    Para ser sábio é preciso faĺar, no máximo, metade do que escuta.
    Em provérbios está escrito:
    Até um tolo se ficar calado, passa como sábio, Shalom.

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