sexta-feira, 30 de maio de 2014

Raimundo, o filho caçula do patriarca Júlio Barbosa

Por Licínio Barbosa
Ele foi o sétimo filho da família Júlio-Luzia, o último varão. Quando nossa mãe faleceu, em dezembro de 1945, Raimundo tinha pouco mais de três anos. Nosso pai decidiu, então, entregá-lo, e a mais dois outros irmãos, aos cuidados da cunhada Francisca, tia Chiquinha, irmã de nossa mãe, até que ele, Júlio, reorganizasse a família, constituindo novo lar, o que somente aconteceu no ano de 1953, quando se fixaria em Conceição do Araguaia, sul do Pará, com todos os filhos reunidos, e uma nova companheira, Dona Afra, que, em breve, iria cativar todos os enteados. Os estudos primários, Raimundo fê-los em Palmeira, sul do Piauí, onde fora sepultada nossa mãe, e, mais tarde, o Ginásio em Anápolis/GO, e o segundo grau em Goiânia/Go, no Colégio Estadual Pedro Gomes, o famoso autor de “Pito Aceso”. Como, por essa época, eu já havia ingressado no Banco do Brasil, em Anápolis, - no ano de 1957 -, Raimundo também decidiu fazer concurso para o BB, sagrando-se vitorioso. E, pela sua inteligência e vigorosa força de vontade, logo faria carreira, integrando a administração do grande banco nas cidades de Palmeiras de Goiás, Edéia, Joviânia e, finalmente, Goiânia, onde exerceria as funções de gerente da Agência Centro, à Avenida Goiás. Nessas suas andanças pelo interior do Estado, residiu, por alguns anos, em Anicuns, onde iria contrair núpcias com Ozana, da tradicional família Cheim, oriunda do Líbano, a Suiça dos países árabes. Dessa feliz união, nasceriam três belos rebentes vigorosos: Aritanan, Simone (falecida quando, noiva, se preparava para o casamento) e Júlio, nome dado em homenagem ao avô, nosso pai. Aposentado do banco, Raimundo passaria a cuidar de dois sítios que adquirira nos município de Anicuns e Turvânia que doaria aos filhos o sítio de Turvânia a Aritanã; e o de Anicuns, ao filho Júlio, o caçula. Raimundo passou, então, a viver de sua aposentadoria, integralmente para a família. Desde quase a nascença, passou a sofrer da vista, cliente, quando em Goiânia, do saudoso oftalmologista Francisco Ayres, e, depois, de sua filha Doutora Marília Ayres, corifeus, então, de sua profissão. Mais tarde, viria a padecer de diabetes, que ele conseguiu controlar, com extrema acuidade e disciplina. Mas não foram somente esses os males de que viria a sofrer. Uma dolorosa colite atormentaria seus últimos dias, a ponto de ele, consultados os melhores médicos do Estado, havia decidido submeter-se a delicada cirurgia, eis que a equipe médica que o assistia o advertira de que poderia advir-lhe o temível volvo, popularmente, chamado de nó-nas-tripas, no dizer popularesco de nossa gente mais simples. A cirurgia transcorreu bem. Mas o pós-operatório lhe foi aziago. Do isolamento na UTI ao semi-intensivo e ao apartamento, retornando à UTI. O organismo não resistiu, vindo a falecer dia 20 de maio. O velório ocorreu no “Cemitério Jardim das Palmeiras”, a partir das 14-h, onde foi alvo de belíssima alocução proferida pela senhora Zanir, esposa do Procurador de Justiça Decil de Sá Abreu, meu ex-aluno na Escola Técnica de Comércio de Anápolis, antes de trilhar a brilhante carreira jurídica, e ascensão política, como prefeito de Anápolis. O sepultamento se deu às 19-h (dezenove horas), na sepultura de sua filha Simone, e de nossa mãe Luzia, cujos restos mortais foram transladados do “Cemitério Santa Luzia”, de Palmeira do Piauí, por iniciativa de todos os irmãos, filhos de Luzia. Cemitério construído pelos filhos de Luzia. Uma multidão de parentes e amigos, de Goiânia, de Anicuns, de Palmeiras de Goiás, de Brasília-DF, e de outras cidades se aglomeravam em torno do féretro, símbolo da imensa simpatia e amizade que Raimundo disseminou por onde passou, em sua luminosa trajetória, tal qual a de nosso pai, o genial Júlio Barbosa. Raimundo, Resquiescat in Pacen! (Licínio Barbosa, advogado Criminalista, professor Emérito da UFG, professor Titular da PUC-Goiás, membro Titular do IAB-Instituto dos Advogados Brasileiros-Rio/RJ, e do IHGG-Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, membro Efetivo da Academia Goiana de Letras, Cadeira 35 - E-mail liciniobarbosa@uol.com.br)

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