quarta-feira, 28 de maio de 2014

Acessibilidade

Por Philippe Lasmar
O direito sagrado de ir e vir é uma das maiores dádivas que temos enquanto seres com livre arbítrio. Locomover-se por locais que escolhemos é um movimento natural e rotineiro. Será? Você já parou para pensar em quantos obstáculos tem a nossa cidade, o nosso estado, o país? O Brasil tem proporções continentais e como tal, tem problemas proporcionais ao seu tamanho, são calçadas irregulares, falta de nivelamento nas ruas, prédios públicos que não respeitam a legislação no que tange ao acesso, enfim, uma série de detalhes que passam despercebidos por quem não precisa ou não quer dar maior atenção ao bem comum. Dia desses fui a um café encontrar um amigo e qual não foi minha surpresa quando percebi que o local, que eu mesmo havia sugerido, não era dotado de estrutura mínima para receber um cadeirante, cheguei a pensar, até mesmo a explanar minha opinião ao amigo que me disse entender o problema como falta de sensibilidade de quem não passa pelos percalços de uma pessoa com necessidades especiais. Fiquei refletindo sobre o que me disse esse amigo e fui além, penso que falta sensibilidade no notar o outro, falta gentileza, educação, disposição em pensar os iguais nas diferenças. Tentei encontrar um fator determinante para entender o que nos levou a esse ponto. A Constituição estabelece que é preciso fazer a vontade da maioria sem esmagar as minorias, mas como? Há discrepâncias históricas que devem ser passadas a limpo para podermos de fato nos tornar um país com igualdade de oportunidades. Sou cadeirante, não escolhi nascer assim, mas não me furto ao embate. Há idosos, crianças, jovens, adultos que por um ou outro fator também não podem acessar determinados locais. De quem a culpa? Difícil estabelecer um fator apenas, entretanto, do meu ponto de vista, tudo começa com o nosso desinteresse de fiscalizar e exigir. Votamos, porque o voto é, absurdamente, obrigatório em nossa democracia, mas não nos preocupamos em saber como se comportam as pessoas nas quais votamos, quais interesses defende. Já está na hora de mudar este hábito, política deve ser feita por todos nós a todo tempo, seja em casa, no bairro, na escola em todos os âmbitos, somente dessa forma teremos motivos para debater outros temas, que não precariedade enfrentada cotidianamente por nós. (Philippe Lasmar, acadêmico de Direito)

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