quarta-feira, 28 de maio de 2014

No PMDB, Iris tem que bater chapa na base do grito: "Fica, Marconi!"

Por Carlos Alberto Santa Cruz
“Friboi foi capaz de fazer Roberto Carlos voltar a comer carne, mas não deu conta de fazer Iris largar o osso” (Sabedoria Popular) Júnior Friboi saiu do PMDB atirando: primeiro, apagou a luz no partido, deixou Iris no escuro com a boca e as mãos amarradas e jogou no seu colo um artefato, cujo tique taque é o de uma bomba-relógio. Tanto que de lá para cá, o velho cacique não soltou um pio nem apareceu mais falando em nome de Deus (a menos que o Senhor tenha lhe cassado a procuração). D. Iris desativou movimento “volta, Iris”. Os fichas sujas da campanha irista escafederam-se. Por falta de apoio de deputados, prefeitos e até mesmo de vereadores, Iris resolveu desenvolver sua ação política no terreno da família, e tem se saído muito bem. A família criou e patrocinou o movimento “volta, Iris”e na liderança dele sua mulher, a deputada Iris de Araújo, e a filha Ana Paula, que se revelou oradora brilhante, porque saiu aos pais (e quem sai aos seus não degenera). Na sutileza retórica, puxou pela mãe, e no fragor da emoção soltou essa pérola: “Vamos mostrar a essa “cambada” como se faz política...”, referindo-se aos seguidores do pré-candidato já escolhido pelo partido. Por ventura ou por azar, Júnior Friboi, junto com os pais, assistia pela internet ao ato “volta, Iris”. Consta que a mãe do empresário, fatigadamente honrada, ao ouvir a palavra “cambada”, franzira a testa e ralhou: “-Meu filho, sai disto...Você não foi criado falando e ouvindo esse palavreado...” Foi aí que o empresário jogou a toalha. Antes, a deputada Iris já tinha chamado o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela de “puxa-saco” multimídia. E explico: disse textualmente, sem nenhuma cerimônia ou parcimônia: “Maguito não sabe se puxa-saco de Marconi, de Iris, de Friboi ou do filho...”. Lá, a retórica é bruta. O prefeito de Aparecida, que já não apoiava o ex-prefeito por nada desse mundo, pegou o insulto no ar, passou recibo e confessou em sua roda: “agora, é que não dá mesmo para apoiar o Velho”. Até agora, só quem sai ganhando nessa luta fratricida e parricida do PMDB é Maguito Vilela, pois a liquidação de Iris e Friboi é tudo o que quer, porque, sepultados politicamente os dois pré-candidatos, ele e seu filho Daniel Vilela, a partir de outubro, já eleito deputado federal, herdarão o espólio do partido. De fora, o prefeito de Aparecida de Goiânia atiça: “Dá-lhe, Friboi!”- mandando bater em Iris. E manda o ex-prefeito de Goiânia fazer o mesmo com o rei do gado: “Dá-lhe, Iris!” Mas o que inflamou mais ainda o que já estava conflagrado foi um suspiro, creiam, um suspiro: o suplente de deputado Lívio Luciano, primo de Iris, e membro da diretoria do QG irista, modestíssimo no falar, que vive sempre com a boca fechada para não entrar mosquito, agora, deslumbrado, suspirou: “O Iris é demais!..” Esse suspiro saído do fundo do coração foi repercutindo de quebrada em quebrada, até chegar ao acampamento de Friboi, cujo fogo era só cinzas de tão apagado. O rei do gado mandou atiçar o braseiro submerso e o fogo voltou mais aceso do que nunca. E do lombo do seu cavalo quatralvo, de chapéu atolado até ao barbicacho, berrante a tiracolo e calçando as esporas do Caiado, Friboi turrou: -“Iris, eu não estou fora da convenção do PMDB, saia da sombra. Para ser candidato, você vai ter que bater chapa com alguém de meu grupo. E você sabe que eu ainda tenho maioria no partido”. O velho estadista, ainda de boca, mãos e pés amarrados, continua imobilizado. Só ouvindo o tique taque infernal da bomba que está em seu colo. Nessa segunda-feira, o grupo de Friboi deixou o presidente estadual do PMDB, Samuel Belchor, falando sozinho. Tendo maioria folgada na executiva, inviabilizou a reunião convocada para discutir a crise. No mesmo horário, reuni-se com os três deputados federais e cinco deputados estaduais e passou a jogar na mesa nomes para enfrentar Iris na convenção do PMDB, marcada para fins de junho. Primeiro, foi o do deputado Daniel Vilela, que saiu fora do convite, talvez correndo da citação do seu nome no escândalo do desvio de dinheiro de Fundo de Pensão, tendo como musa-corretora a modelo Luciane Hoepers. Depois, o deputado Sandro Mabel, aquele que foi chamado no “Mensalão” de “bebê chorão” e esse teria dito que também não vai entrar nessa “boca de caieira”, mas o que querem mesmo é a volta de Friboi, e já falam em mobilização de grande manifestação para o “”volta, Friboi”, para devolver a Iris o que levaram -“quem com o ferro fere, com o ferro será ferido”. No meu último artigo, um deputado do PMDB já antevia o quadro atual e avisava: “Se o Júnior Friboi renunciar à candidatura, ainda assim a maioria do PMDB ainda não aceita Iris candidato”. E agora, um deputado federal, o mais ponderado dos políticos, reconheceu: “Esta é a lei do retorno, Santa Cruz, o Iris expurgou dezenas de pessoas do PMDB nos últimos 30 anos, de maneira covarde e dissimulada. Agora, está sendo expurgado do partido publicamente. E não tem mais condições sequer de ser candidato ao Senado, porque foi ele quem inviabilizou a candidatura de Júnior Friboi e esbagaçou o PMDB. O que vai estar na moda nesses dias no arraial peemedebista é o “volta, Friboi”-tomem nota. O certo é que agora, com Iris ou com Friboi ou sem nenhum deles, o PMDB de Goiás é um bagaço só. Não é só Iris quem não larga o osso. As sindicalistas Bia de Lima e Ieda Leal também grudaram no osso do Sintego e estão roendo, roendo há mais de 20 anos. Foram derrotadas pelo professor Delson Vieira e não querem entregar a rapadura. Vinte anos depois, voltar para a sala de aulas não é mole, não. Um professor que não é do PT foi longe: “A bia e a Ieda iam passar a história como pelegas crônicas. Agora passarão também como fraudulentas e usurpadoras. O que é pior: se depender delas, o nosso sindicato será fechado” Enquanto isto, o governo cumpre intensa agenda de inauguração de obras, visitando até cinco cidades por dia, e o governador Marconi Perillo ainda sai a pés com a família no centro de Goiânia para jantar, e é ovacionado por onde passa. Esse não é o governador tão rejeitado de que fala a oposição. No próximo sábado, a base governista estará reunida em Rio verde para proclamar a chapa governista nas eleições de 5 de outubro: Marconi governador com José Éliton na vice e Vilmar Rocha Senador. O encontro de Rio Verde é uma homenagem especial a José Éliton, filho da terra E é a partir dali que será lançado o movimento “Fica, Marconi”, um forte apelo dos prefeitos, dos deputados, dos vereadores, de entidades de classe para que Marconi confirme a sua candidatura à reeleição. Além de várias autoridades nacionais, estará em Rio Verde também o governador de Minas Gerais Alberto Pinto Coelho, como José Éliton, goiano e filho de Rio Verde e a senadora gaúcha Ana Amélia, além do presidente nacional do PP Ciro Nogueira. O encontro de Rio Verde marcará a largada da base governista rumo à reeleição de Marconi e José Éliton e certamente cessará o choro das carpideiras de Caiado que teimam em empurrá-lo à força na chapa majoritária governista. Não basta só competência e eficiência para o sucesso. É preciso também sorte- competência e sorte. E isto o governador Marconi Perillo tem de sobra. Basta lembrar que Lula encomendou a chamada CPI do Cachoeira para destruí-lo. O senador Demóstenes Torres foi banido da vida pública e saiu do caminho para a reeleição de Marconi. Demóstenes, o maior equívoco e farsa da política goiana, seria candidato do PMDB ao governo do Estado com o apoio de Iris e do Caiado. Se não fosse desmascarado, era perigosíssimo. Agora, Friboi foi mandado de Brasília por Michel Temer e Lula para tomar o governo de Goiás à força do dinheiro. Aqui, Friboi tropeçou em Iris e os dois rolaram enxurrada a baixo no abraço dos afogados. E Goiás terá, com certeza, mais quatro anos de Marconi e José Éliton. (Carlos Alberto Santa Cruz, jornalista)

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