quinta-feira, 29 de maio de 2014

Doce pecado! O pecado que a igreja condena tem no céu, e, da mesma forma, o pecado que o céu condena tem na igreja!

Por Claudeci Ferreira de Andrade
Segundo Santo Agostinho: "qualquer gozo voluntário dos sentidos é pecado"; de quem discordo completamente. Que me respondam seus adeptos, então, peca quem faz o bem pela satisfação que resulta nisso? Ele me faz concluir que peca quem ama e ama quem peca. Mas, vocês insistem em me dizer que pecado é iniquidade. Eu digo: não há pecado, há sim maneiras diferentes de gozar a vida, saborear cada consequência prazerosa tanto para a vida como para a morte. O prazer que traz a vida é o mesmo prazer que traz a morte ou, bem no meio, a pausa, quando aliviam-se os orgasmos, para começar de novo o gozar vivificante ou mortificante! Do silêncio entre duas notas musicais aferidas surge o alívio que me prepara para o recomeço, ouvindo novo acorde. Do pênis ainda rígido que escapole da vagina para ser introduzido novamente, surge a ânimo rumo ao orgasmo final: morrer! Toda relação prazerosa é "flacidificadora" da potência: o descanso. Nenhum movimento brusco, eu o chamaria de pecado, e nem o medo que promove o movimento brusco, nem a interrupção que predispõe maior desejo para continuar mais tarde, nem o matar da fome insaciável deixa de ser prazer e prazeroso paradoxo! O pecado que a igreja condena tem no céu, e, da mesma forma, o pecado que o céu condena tem na igreja! Mas, foi o inferno terráqueo que nos ensinou o "jeitinho brasileiro"! Onde há a comida que me alimenta, há também os cheiros e os sabores dela, porém não sentirei nenhum prazer se não tivesse em minha própria língua e no olfato a capacidade de percepção e a distinção dos mesmos. Portanto, sou a razão do prazer que sinto. Se o prazer é pecado, então nossa existência é pecado. O medo do pecado é exatamente o de existir, portanto é o mesmo medo do prazer proibido pela religião dos compradores de Deus. Para um consciente, as relações sexuais são senão, e meramente, o mecanismo de reprodução da espécie, logo o orgasmo tão perseguido por todos não passa da motivação embotadora do principal objetivo da existência: "Crescer e Multiplicar"; "relaxar e gozar". Estar aos cuidados do Deus criador é obrigá-Lo a criar um novo ser através de mim, com alma e tudo! A anticoncepção é o lamber, e o cheira, e o acariciar as frutas sem se alimentar delas. O prazer é automático quando cumprimos corretamente os ditames da natureza. Aliás, não tem como errar, a dor corretiva no final também é prazerosa porque chegou o final! Prazer antes e aprazer depois da ação, você decide, eu prefiro o prazer do berço ao caixão, entre eles, ainda, o prazer de todas as escolhas. E louvado seja Epicuro: "Tu, que não és senhor do teu amanhã, não adies o momento de gozar o prazer possível! Consumimos nossa vida a esperar e morremos empenhados nessa espera do prazer." (Claudeci Ferreira de Andrade, pós-graduado em Língua Portuguesa, Licenciado em Letras, Bacharel em Teologia, professor de filosofia, gramática e redação em Senador Canedo, funcionário público)

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