segunda-feira, 26 de maio de 2014

Radicalização gera radicalização

Por Paulo Cesar de Oliveira
O governo quer jogar duro com policiais de todo o pais, inclusive das Polícias Militares, forças estaduais, para evitar greve durante o período da Copa do Mundo. Pelos lados do Planalto fala-se até em ações judiciais para impedir as manifestações na área da segurança pública, inclusive com ameaças de responsabilização civil de líderes de possíveis paralisações. A radicalização do governo, dadas as circunstâncias, é até compreensível e, certamente, bem vinda para boa parte da população. Uma greve de policiais num momento em que o país é o foco do mundo e enfrenta críticas exatamente pelas falhas no setor, seria desastroso. Não pensem que nossa desmoralização diante do mundo terá reflexos apenas na Copa. Nossa economia será atingida também, pelo desestímulo aos investidores que teriam dificuldades em investir num país sabidamente refém da violência. Por tudo isto, compreensível a disposição do governo, mas muito estranha se lembrarmos que está sendo tomada por um governo petista, sempre defensores da liberdade de manifestações. Bom lembrar também que foi o presidente Lula que atiçou os movimentos por melhores salários dos policiais. Ao conceder quase 70% de reajuste aos policiais e bombeiros militares de Brasília, em 2009, anuncio feito em estádio de futebol, com a presença de Dilma, então pré-candidata, Lula abriu espaço para a apresentação da PEC 300, a que cria o piso nacional dos policiais com base nos salários de Brasília, pagos pelo governo federal, que nenhum estado tem condições de conceder. Os policiais não aceitam qualquer argumentação de impossibilidade financeira. Lembram que se há dinheiro para promover Copa e Olimpíada, tem que haver para a segurança pública. E toma ameaça de greve. A grande questão é saber se a radicalização do governo não provocará a radicalização das polícias. Afinal, a toda ação corresponde uma reação de mesma intensidade, mesma direção e em sentido contrário. Lembrem-se: é a terceira lei de Newton. (Paulo Cesar de Oliveira, jornalista e diretor-geral das revistas Viver Brasil e Robb Report)

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