quarta-feira, 28 de maio de 2014

Gol, gol... Rajadas e saraivadas de fuzis e metralhadoras. Estamos no Brasil

Por João Joaquim
Se tem um esporte cuja torcida é eclética na maneira de comemorar os pontos( gols) e belas jogadas é o nosso popular futebol. Todos podemos ver que em outros esportes, torcedores, a galera enfim, é bem comportada. No vôlei por exemplo, todo mundo sentadinho. Volta e meia uma salva de palmas para um lance mais genial ou acrobático. E na fórmula 1, a mesma toada, nada de muito alarido e gritaria. É muito monótono torcer na F1. Agora se tem um esporte que exige muita paciência e gosto é o tênis de quadra. Afinal são dois jogadores, não há um reserva. Houve uma lesão grave, babau, acabou a partida. No caso aqui ganha aquele que ficou de pé. E a duração das partidas? São longas, podem chegar a 4 horas. Nestas partidas, melhor levar um farnel, alguma provisão em marmita ou usar o disk pizza. Dos torcedores exige-se silêncio, comportamento de velório; vibrações, por algum ponto espetacular, só breves e olha lá. O turfe também é outro esporte sui generis. Primeiro porque a disputa, a corrida da parelha, é fugaz, coisa de dois , três minutos e pronto. E olha que é considerado um esporte da aristocracia, são damas e cavalheiros muito elegantes. Tudo é revestido de muita pompa. Até hoje é tido como o esporte dos nobres. Parece que o atrativo também de se ir a um hipódromo é a aposta que se faz no conjunto. Tem que se avaliar a performance do cavalo, mais a do seu condutor, o jockey. É como um piloto fórmula 1 e seu carro. Mas, que é muito peculiar, ah isto eu sempre achei. Se tem no mundo um confronto ou briga que eu nunca considerei esporte é o tal do pugilismo ou boxe. Hoje temos outras modalidades ou versões dessas lutas que são o UFC e MMA. Aliás, até a palavra já não sugere nada agradável de assistir. Pugilismo, pugilato. Na etimologia, briga a socos, porrada (com se fosse uma marretada) com os punhos. O criador ou precursor desta modalidade de lutas merecia receber o prêmio ignóbil do esporte. São cenas que nos relembram a idade das cavernas, ou, não muito distante na história, o que se passava no coliseu de Roma. Ali, inimigos dos reis e presos eram jogados aos leões e tigres famintos. Vejam, meus leitores, que o ser humano sempre teve este lado sádico e meio canibal. Ver sangue e aniquilar o outro. Comportamento de bestas-feras. O objetivo é mesmo eliminar adversário, quebrar-lhe a perna, a cara e todo tipo de agressão . Que horror. A Medicina(neurologia) tem demonstrado que as lutas de boxe, MMA e UFC são uma das grandes causas de lesões cerebrais, doença de Parkinson e demências em seus praticantes. Muitos ex pugilistas morrem precocemente pelas sequelas neurológicas. Há também casos de mortes durante ou logo após os combates pelos graves golpes recebidos. O indivíduo entra num quadro de coma irreversível, ou morte cerebral. Torno, pois, ao esporte bretão e mais popular do mundo, o futebol. Dizia no meu introdutório que é um esporte de maneiras diversas na comemoração por parte de suas torcidas. O mundo todo tem assistido a um lado bandido destas torcidas que são as brigas, a violência, e os homicídios cometidos por seus membros, quando surgem os conflitos das facções rivais (grupos adversários ). Na Europa, nos países de lá , dotados que são de uma justiça mais célere, rigorosa e eficiente tem inibido e punido a ação delituosa desses brigões e vândalos. Aqui no Brasil a reação do Estudo e justiça segue o mesmo ritual e toada em tudo, devagar, ineficiente, complacente , quase parando. Nesse meado de maio/2014, muitos brasileiros(as) e o mundo todo tiveram a oportunidade de assistir a uma comemoração surreal. Ela ocorreu em uma partida de futebol de várzea em uma favela da cidade do Rio de Janeiro. Convertido o pênalti da vitória, o que se esperava era o pipoco de foguetes e rojões de jogadores e torcedores do time vitorioso. Isto é o tradicional e normal. Mas, não! Como se tratava de time de traficantes e bandidos, o que se viu e ouviu foram rajadas e saraivadas de tiros de pistolas, metralhadoras e fuzis AR 15 . Para aqueles jogadores e torcida, tudo normal. Armas e tiros com o sol a pino e tudo gravado em vídeo é rotineiro, do convívio diário das favelas. O time vencedor dos traficantes homenageava a seleção brasileira com sua camisa canarinho. A imprensa mundial deu amplo destaque ao episódio , num alerta aos turistas que por aqui se aportarem para assistirem jogos da copa 2014. Quem não viu basta acessar o link https://www.youtube.com/watch?v=pRQik_PWdPs A polícia civil e federal, estes dias, fizeram prisões de torcedores-bandidos nas torcidas organizadas do Santos e do Corinthians. Agora o que mais surpreendeu a todos e até aos policiais foram o carregamento de drogas apreendidos no pátio da gaviões da fiel ( corinthians). Foram quase duas toneladas de maconha e cocaína. A origem e destino de tanta droga continuam sob inquérito e apuração pelas polícias. Para o Estado brasileiro e governo do Rio de Janeiro estas cenas de guerra e terrorismo num jogo de futebol se tornou tolerável e normal. É o estado bandido infiltrado ou paralelo ao Estado oficial. Agora fico eu aqui imaginando com meus botões e cadarços a evolução e futuro nos direitos humanos dos torcedores. Certamente haverá alguma emenda no Estatuto do Torcedor. Cada estádio ou arena de futebol deverá reservar um espaço para traficantes e bandidos, onde, à sua maneira, eles possam comemorar disparando rajadas de tiros com suas metralhadoras e fuzis, que aliás merecem uma menção, são bem mais modernas e mais baratas ( de contrabando ou piratas) do que as armas de nossos policias. Sé mesmo no Brasil. Já imaginou num jogo de nossa seleção, em frente a algum telão ou mesmo nos estágios os criminosos comemorando algum gol, disparando suas modernas armas para os ares. Coisas do Rio de Janeiro e de nossa terra de Vera Cruz. Cruz Credo, vade retro satanás. (João Joaquim, médico, cronista do DM - joaomedicina.ufg@gmail.com)

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