quinta-feira, 29 de maio de 2014

O meio ambiente em Goiás, visto e vivido por um dos seus protagonistas (1978 – 2014). Prêmio Altamiro Moura Pacheco (Comenda Araguaia) / 2014

Por João José
Proveniente do Amapá (Selva Amazônica; Serra do Navio) quando por 03 anos lá trabalhei em exaustivas pesquisas geológicas e na mineração do Manganês, aqui cheguei em 1978 afim de somar forças no Projeto Radam Brasil e por cá estou; passados 36 anos. A luta em pró do levantamento, dimensionamento, monitoramento e fiscalização de nossas vertentes naturais e recursos ambientais foi árdua e longa; prevalece sem tréguas até hoje. Nossa missão inicial, sempre foi a de, baseado e fundamentado em um quadro litoestratigráfico em expansão, delinear, estabelecer e enquadrar dentro dos parâmetros e aspectos científicos nacionais mais abrangentes, toda uma plêiade de aspectos geoambientais e naturais como um todo, desgarrados até então da ótica multidisciplinar, pois, por força de uma Política de Governo equivocada e aviltada, o país, preponderantemente carecia fundamentalmente de uma tomada de decisão mais objetiva e prática; ou seja mais consistente, palpável e pragmática, haja vista, não possuirmos até então no país um conhecimento cientifico duradouro, robusto, preciso e objetivo voltado à definição de aspectos vários que influenciassem sobremaneira na questão do clareamento efetivo de uma política de soberania nacional, principalmente antevendo as nossas frágeis fronteiras e os perigos da internacionalização da Amazônia. Necessitávamos urgentemente de parâmetros contundentes que permitissem a fixação da ótica maior, ou seja, a total percepção do que realmente qualitativa e quantitativamente possuíamos em relação à cubagem precisa de todas nossas vertentes ambientais e recursos naturais; no intuito de se proteger, com unhas e dentes a intensa e paulatina degradação ambiental que sofria a Amazônia e Centro Oeste, além de se propor também a fixação do homem em seu local de origem. Ademais, tínhamos que conhecer; e só a ciência pura poderia nos dar a resposta, baseados em resultados concretos advindos da dinâmica salutar dos Levantamentos Básicos Multidisciplinares. Isto posto, reunimos tudo que cientificamente havia desgarrado no país e mais precisamente aqui em Goiás, procurando assim o estabelecimento de padrões firmes e precisos voltados precipuamente e precisamente para a questão da formatação de macro - zoneamentos, fornecendo base e alicerce voltados à tomadas e iniciativas publicas e empresariais relativas à questão da formatação de macrozoneamentos geoeconômicos além da formulação de políticas setoriais e com focos mais aplicados à aspectos e tomadas abrangentes; verdadeira ponta de lança na efetivação dos Levantamentos Básicos no país, publicados em Cartas ao Milionésimo, onde o Brasil foi dividido em robustas 21 Cartas que sem sombra de dúvidas foram responsáveis por todo o Desenvolvimento Sustentável hoje visualizado; pois não se fala neste país em EIA / RIMA, PCA, Atlas Multi Referenciais e outros instrumentos de levantamentos multi disciplinares sem que se retorne à plêiade de produtos científicos que o Radam Brasil produziu robustamente a partir da década de 70, como também a propugnação de respostas à uma convocação útil e soberana do 1º Encontro Mundial Sobre Meio Ambiente ocorrido em Estocolmo em 1970, quando o mundo inteiro começou a se preocupar principalmente com o pulmão do planeta, consubstanciado na importância para o futuro das gerações vindouras!! Só um Governo realmente consciencioso e patriota, poderia arregaçar as mangas e partir com tudo, com afinco e disposição, visando a luta sem fronteiras e barreiras, voltadas à soberania nacional, quando nossos limites tiveram realmente condições de serem efetivamente e estrategicamente estabelecidos, pois estávamos aí formatando linhas básicas de atuações onde o conhecimento científico de nossas vertentes básicas, realmente sobrepujava a bagunça e a desorganização até então vigentes, como nos exemplificamos num caloroso debate universitário ocorrido em novembro de 2.000 em uma Universidade dos Estados Unidos, onde foi discutido e abordado um tema bastante amplo, sensível e relevante, sendo ressaltado os aspectos inerentes ao que vem a ser Neoliberalismo associado à questão profunda sobre como andava a globalização devastadora, principalmente em relação aos constantes prejuízos dos mais fracos e os corolários sobre a dilapidação e degradação das suas respectivas potencialidades naturais, haja vista, muitas vezes a força do poder econômico, compactar sobremaneira como um rolo compressor toda a ética e as leis internacionais em seu próprio beneficio, favor e uso indevido indiscriminado, visando sempre a prevalência do egoísmo dos mais fortes sobre os mais fracos. Esta foi precipuamente a razão da busca da nossa soberania nacional onde é o Radam Brasil um de seus artífice mór. A globalização, na verdade resulta na prevalência da força e do poder econômico sobre as questões patrióticas de soberania dos mais fracos, como também influencia negativamente no humanístico global; causando não só o domínio total como a prevalência dos mais resolvidos economicamente; verdadeiro colonialismo que perdura até os dias atuais. Foi aí com forte influencia na questão da soberania que o Governo Brasileiro da época, adotou e promoveu com unhas e dentes uma verdadeira revolução cientifica em busca dos nossos ideais; principalmente econômicos. Reviver esta metodologia cientifica é fazer uma viagem de volta ao Brasil da Década de 70, onde o pujante milagre econômico estabeleceu as diretrizes produtivas de hoje. O Radam Brasil é um dos pilares básicos de toda esta estrutura de ontem e de hoje, e coube aos seus baluartes e insignes soldados o sucesso desta nova tomada de posição inédita, resultando na vitória da soberania nacional e o estabelecimento preciso de nossas atuais fronteiras produtivas. Nestes heróis, poucos ainda vivos, com muita honra, me incluo, pois, lutamos até hoje no IBGE (pós 1986) afim de continuar vivenciando e escrevendo um dos maiores e bem sucedidos capítulos científicos do país. Assim, começa a verdadeira história cientifica ambiental de Goiás e do Brasil onde foram estabelecidos e enquadrados multidisciplinarmente todas as vertentes naturais e ambientais do nosso estado e seus produtos robustos que permitiram conhecer melhor todas inserções práticas econômicas, como podemos aqui observar em relação ao rio Araguaia (Veia Aorta dos Goianos), Tocantins, Aquífero de Caldas Novas / Rio Quente, Represa de Serra da Mesa, Chapadão das Emas, Chapada dos Veadeiros e muitas outras belezas cênicas e naturais, como Cristalina, Alto Paraíso, serra dos Pirineus, Cavalcante, Corumbá de Goiás, dentre outras que a partir daí já poderiam e tiveram um enfoque cientifico mais abrangente, duradouro e palpável, permitindo assim, a busca da maior preservação e uso útil de todos nossos recursos ambientais e vertentes naturais, inclusive as voltadas à práticas econômicas sustentáveis. (João José, geólogo, agraciado em 2014 com o Prêmio de Meio Ambiente Altamiro Moura Pacheco “Comenda Araguaia”, Ex Professor da UFMG, Ex Diretor Técnico Femago e Metago, Maçom e Espiritualista, Articulista e Cronista do Caderno Opinião Publica)

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