quinta-feira, 29 de maio de 2014

Influência judaica na formação do Brasil

Por Hai Mendel
Bom dia aos leitores do Jornal Diário da Manhã, como de costume gostaria de abortar alguns assuntos pertinentes ao conhecimento da cultura judaica e de como ela tem forte ligação com o povo brasileiro através dos convertidos forçados nos tempos da Inquisição espanhola e portuguesa. Boa parte dos perseguidos pela Inquisição eram judeus, e uma parte um pouco menor dos perseguidos pelos inquisidores era de outros grupos. Há muitos vestígios históricos a se vasculhar na história brasileira para se notar o caráter judaicos de costumes que muitos desconhecem. Infelizmente essa é uma parte da história que pouco se fala, apesar da contribuição étnica e cultural que ainda assim é tratada com desprezo. As dores e torturas perduraram muitos séculos. Entretanto, devido ao medo, a história ficou por muitos anos esquecida, adormecida ou encoberta com o sangue dos judeus que tinham esperança em voltar ao judaísmo ou serem resgatados por seus irmãos. Hoje no Brasil muitas famílias procuram resgatar essas origens para aprender e entender a formação de sua família, a formação da nação brasileira. A importância dessas informações nos faz saber que somos partes de uma grande família e o quanto contribuímos na formação de muitas nações. Uma pequena parte dos judeus sefaradi, por exemplo, saíram do Nordeste do Brasil e ajudaram a construir a Nova Amsterdã, conhecida hoje como Nova Yorque, nos Estados Unidos. E foram eles que fundaram a Bolsa de Valores dessa cidade. Os judeus sefaradim são aqueles originários das regiões da Espanha e de Portugal, os quais carregam por característica cabelo crespo e pele mais escura. No Brasil, a maioria dos judeus hoje são parecidos com os europeus, pois são descendentes dos judeus Ashkenazim, judeus originários do Leste Europeu, são os que se refugiaram no Brasil no período pós Segunda Guerra Mundial. O filme documetário “A Estrela oculta do sertão” mostra famílias brasileiras que, apesar de não conhecerem ou praticarem integralmente a tradição e a religião judaica, ainda guardam o conhecimento geracional de sua identidade judaica, geralmente no Nordeste. Segundo essas mesmas famílias, a tradição é passada de geração após geração e não se perdem, em um outro artigo publicado neste jornal, na edição do dia 19/05, descrevi aqui muitos costumes de famílias brasileiras que não sabiam de onde viam, mas que após análises verificamos o caráter judaico de tais costumes. Uma dessas marcas fortes na cultura brasileira é o berrante que em suma é igual ao instrumento usado tradicionalmente em guerras no passado e que hoje em dia é tocado em cerimônias religiosas na religião judaica, o Shofar. O berrante carrega características muito semelhantes ao Shofar, especialmente o que é feito de chifre de antílope. A principal diferença entre o Shofar e o berrante é que o berrante é produzido com o chifre de boi e o shofar é sempre produzido com chifre de carneiro ou de antílope. Para sabermos ao certo a origem de cada família no Brasil é necessário uma pesquisa mais ampla, estudando a árvore genealógica das famílias, o que pode ser feito com base nos registros disponíveis nos cartórios. Mas, com certeza, o Brasil tem no seu sangue e nas suas raízes os traços marcantes do povo judeu, muito mais do que se imagina. Por isso gostaria de fazer uma pequena análise de alguns sobrenomes brasileiros com origem judaica, para que o leitor possa entender como as famílias de judeus deixavam pistas para que seus descendentes pudessem, no futuro, quando a inquisição acabasse, retornar para o seio do povo judeu, para que pudessem cumprir os mandamentos de sua fé sem o medo de serem mortos. Um dos sobrenomes que gostaria de citar, por exemplo, é dos Amorim, que é uma corruptela da palavra Emorim, que eram as "porções de ofertas" oferecidas no Templo de Jerusalém conforme descrito no livro de Levíticos 21:01/24:23. Andrade, Andrada é derivado do prenome de origem grega Andras (andros, homem). São inúmeros os cristãos-novos de sobrenome Andrade no Brasil colonial e nas listas da Inquisição. No estado brasileiro da Bahia (primeira capital do Brasil-Colônia, o sobrenome está ligado a outros de reconhecida origem cristã-nova, tais como Figueira, Gusmão, Oliveira, Mendes, etc. Antunes apresenta a raiz NITINS = "dado, doado, entregue, oferecido, presenteado (por D-us)". De acordo com o livro de Números 3.9 (Bemidbar 3.9), os levitas foram "dados aos cohanim (sacerdotes)" como seus auxiliares. O sobrenome Antunes guarda de forma misteriosa a origem levita dos seus portadores. Já a origem no nome Azeredo está na raiz hebraica Nitzan “broto, rebento”. Azevedo ou Azervedo, sua origem vem de uma expressão conhecida como "gente de Azer", "gente de Sur". Baracho vem da raiz hebraica Barak, "bênção". Já os sobrenomes Barros, Barroso, Barreto, Barretto vem da raiz da palavra hebraica Bar-Rosh = "filho do chefe”. Benevides vem de duas palavras hebraicas “ ben e eved, "filho" e "servo", juntando as duas palavras temos "filho do servo". Brás é forma corrompida do hebraico barsel, que significa "ferro". Brito vem da raiz hebraica Brit que significa "aliança, convênio, pacto, contrato", tem a ver com o Brit Milá (circunscisão) feita nos meninos após o oitavo dia de nascimento. Bueno, cognome largamente encontrado, parece ser tradução feita com adaptações de Shem Tov ("bom nome” em português ou em espanhol Buen nombre, que simplificando dá Bue Nom). Brasileiros com sobrenomes Cohim, Cuhim, Kuhim, Cunha – do hebraico Cohen = "sacerdote" carregam como os levitas e guardam no nome a marca da origem sacerdotal. Daniel vem do hebraico "Deus é meu juiz". Muitos historiadores explicam que Daniel foi nome extremamente popular durante o período da Inquisição, resultando daí inúmeras variantes. Em inglês, Daniell, Danniel, Danniell, Danell e outros; em francês, Deniel, Daniau, Deniau e Deniaud. São versões alemãs Denigel, Dangl, Dannöhl; já em italiano encontra-se as formas Danielli, Daniello, Danello e Ianelli entre outras. Existem famílias em Minas com o sobrenome Daniel que mostra claramente a sua descendência judaica daqueles que sofreram com a Inquisição. Dinis, Dinis, Dines, são corruptelas da palavra hebraica DIN que significa "juiz, julgar". Farias, Pires, Peres, Perez – vêm da raíz hebraica Perez, que significa "partir, dividir, fatiar, ruptura, separar" ou "uma moeda, presente ou prêmio". Melhor ainda, "o que se lança", "o arrojado", "o quebrantador". Essa palavra é usada no texto em hebraico das escrituras (Bereshit- Genesis - 38.29). Gadelha vem da raiz Gadol, que significa "grande, largo, amplo, adulto" e que também é uma corruptela do nome de um antigo governador judeu chamado Guedalia. Godinho é diminutivo português de godel ou gadol, com o mesmo significado acima. As pessoas com sobrenomes Godói também tem a mesma origem citada acima. Góes ou Góis vem da raiz hebraica goi que significa "estrangeiro, gentio, ou pode ser usado para expressar um judeu-não-religioso". Desejo a todos uma semana com muito Shalom (paz) para as famílias de Goiás e de todo o nosso Brasil, e que as informações acima possam ajudar aqueles que de alguma forma buscam conhecer suas origens. (Hai Mendel, economista, da comunidade judaica de São Paulo. Facebook: Grupo de estudos judaicos de Goiânia Yad Eliahu)

7 comentários:

  1. boa noite!!! Também estou pesquisando minhas origem. A família do meu pai é Mendel, infelizmente eu não herdei o sobrenome, gostaria de saber a origem da sua família, pois segundo minha avó todo Mendel tem parentesco..Minha avó mora em Cardoso Moreira, no interior do Rio de Janeiro próximo a Campos dos Goytacazes, segundo informações seus pais dono Augusta Mendel e sebastião Mendel são de Santo Anônio de Pádua, RJ, ficarei grata com sua colaboração. meu email é triciaporto@yahoo.com.br, aguardarei um contato Shalom...

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  3. Olá a todos!! Me chamo Marlon Soares Mendel, Sou de Minas Gerias. Sou filho de Manuel Mendel e o meu avô se chama Maximiano Mendel e minha avó Ambrosina Cort'Kamp Mendel. Tenho muitos parente no Rio, São Paulo e no Paraná.
    A história do sobrenome Mendel, o meu pai não sabe muitas coisas...ele diz que é de origem alemã. O avô dele era alemão. A história desse sobrenome me intrigava muito, então resolvi fazer algumas pesquisas e o resultado que encontrei que é de origem judaica. Já vi muitos judeus que usam o sobrenome (ou nome) Mendel. Na torah tem um comentaria judeu rabino por nome Menahem Mendel Diesendruck. A questão do sobrenome envolve um pouco de cultura, embora eu não tenho nascido em berço judaico, o meu pai ensinou para os filhos que temos que guardar o shabat (sábado), e ele é cristão da Igreja do Sétimo Dia.
    Eu ainda não tenho muita certeza para afirma quem leva o sobrenome Mendel é de origem judaica. A comunidade judaica do Brasil que tem que atestar isso, só eles podem ajudar desvendar essa história.
    Se algum judeu ou até mesmo parentescos, se quiser me ajudar, por favor, fique a vontade. Meu whatsap para contato é 03189416731. Shalom, shalom! Fique na Paz do Eterno.

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    1. Mas gente como assim, o mundo é pequeno mesmo, acho que somos parentes. O meu avô tinha o sobrenome Mendel e minha avó tem o sobrenome Kort-Kamp, ambos são de Santo Antônio de Pádua, perto de Itaperuna. Acredito que o sobrenome é alemão mas não sei se é de origem judaica. Meus avós são evangélicos, da igreja batista. Meu avô além do Mendel, tinha também o sobrenome Magalhães.

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    2. Olá, também me chamo Rafaela Soares Mendel! Minha família paterna é do interior do Rio Grande do Sul. Meu pai diz que meu tataravô fugiu na segunda guerra. Veio da Alemanha.

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    3. o meu sobrenome e gois sempre soubemos atraves dos meus avos e bisavos que a nossa familia descende de judeus sefarditas portugueses inclusive um famoso agente portugues judeu chamado francisco mendes de gois era meu decimo setimo avo

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  4. olá, acredito que tenho alguns primos acima. Meu sobre nome é MAGALHAES, MEUS AVÓS são kort - kamp Magalhães e bisavós faria, além da minha mãe ter parentes mendel, acho que faria mendel.
    Ambos do interior do rio, em santo Antônio de Pádua, perto de Itaperuna.

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