sexta-feira, 30 de maio de 2014

Combate ao tabagismo necessita estratégias efetivas

Por Antonio Faleiros
Em 31 de maio é celebrado o Dia Mundial sem Tabaco. Anualmente morrem cerca 6 milhões de pessoas no mundo por causa do tabagismo, considerado fator de risco para doenças crônicas como câncer, doenças cardiovasculares, respiratórias e diabetes. O tabagismo é considerado a principal causa de morte evitável no mundo, pela Organização Muncial de Saúde (OMS). A estimativa é de que um terço da população mundial adulta, cerca de 1bilhão e 200 milhões de pessoas, destas, 200 milhões de mulheres, sejam fumantes. Estudos revelam que cerca de 47% de toda a população masculina e 12% da população feminina no mundo fumam. Nos países em desenvolvimento os fumantes constituem 48% da população masculina e 7% da população feminina. Nos países desenvolvidos a participação das mulheres mais que triplica: são 42% dos homens e 24% das mulheres. Este ano a OMS, segundo a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT), chama a atenção dos países para a necessidade da implantar de políticas de aumento de preços e impostos sobre os produtos de tabaco. É uma estratégia efetiva para reduzir o consumo. Estudos apontam que o aumento de impostos e de preços sobre os produtos de tabaco é uma das medidas mais custo-efetivas para reduzir o seu uso, em especial entre os grupos de baixa renda e para prevenir que crianças e adolescentes comecem a fumar. Não é novidade que o cigarro faz mal não apenas para o fumante, mas também para quem respira a fumaça. Entretanto, poucos sabem que os malefícios vão muito além. Alvo de recentes pesquisas, o ‘fumo de terceira mão’ (FTM) oferece riscos, principalmente para os bebês, que entram em contato com as substâncias tóxicas do cigarro ‘grudadas’ em paredes, móveis e chão. De acordo com pesquisa americana, ficou comprovado que o FTM provoca alterações no DNA e favorece o surgimento do câncer. Os resíduos da nicotina provocam lesões e quebram cadeias de DNA. A descoberta foi feita por cientistas do Laboratório Nacional de Lawrence Berkeley (EUA). Após ser expelida, a nicotina passa por reações químicas e se transforma em outras substâncias tóxicas ultrafinas (NNA, NNK e NNN), que penetram com facilidade no organismo por inalação, ingestão ou contato com a pele. Os bebês são as principais vítimas, porque engatinham, tocam várias superfícies e constantemente levam a mão à boca. Em estudo da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, pequenos ingerem diariamente cerca de 0,25 g de poeira, muitas vezes contaminada, o que é o dobro de um adulto. Uma solução que tem apresentado resultados para proteger as crianças em vários países são as leis antifumo. No Brasil, a legislação em vigência sobre tabaco ainda é incipiente. Em todo o mundo, 40% das crianças são rotineiramente expostas ao fumo passivo, apenas 16% da população mundial possuem cobertura por leis antifumo abrangentes. Apesar da incerteza de que as leis de proibição ao fumo em locais públicos poderiam levar os pais a fumar mais em casa, pesquisas revelam que na realidade ocorre o oposto. Políticas antitabagistas têm um impacto direto sobre a saúde das crianças. Leis antifumo fortes podem mudar as normas sociais sobre o tabagismo e as pessoas podem e devem adotá-las em suas próprias casas. (Antonio Faleiros Filho, médico e ex-secretário da Saúde de Goiás)

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