segunda-feira, 26 de maio de 2014

Instituições extrativas e a falência de um tipo de Estado em Goiás

Por Salatiel Soares Correia
O professor James Robinson, da prestigiada Universidade norte-americana de Harvard, explica, nos seus brilhantes escritos, Por que as Nações Fracassam. A raiz desse fracasso se centra na história institucional de cada um. Desse modo, se o país é capaz de construir instituições políticas e economicamente inclusivas, o crescimento econômico que gera riqueza não será obstaculizado. Todavia, se a nação constrói instituições políticas e econômicas extrativistas, então, ocorrerá exatamente o contrário: ela se empobrecerá ante a obstaculização do crescimento econômico. O Brasil, ao longo de sua história, foi capaz de construir instituições inclusivas meritocráticas que induziram seu crescimento econômico. Que o diga o desenvolvimento institucional da era Vargas. Petrobras, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e Departamento Nacional do Serviço Público (DASP) foram instituições varguistas inclusivas e decisivas para o crescimento econômico do país. A era Juscelino Kubistchek seguiu o mesmo caminho rumo ao desenvolvimento institucional. A Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF) e a inovadora estrutura paralela meritocrática que JK criou para com ela driblar o clientelismo enraizado na estrutura brasileira são exemplos de que a imaginação política levou o Brasil a crescer a taxas só comparáveis ao crescimento hoje apresentado pelos tigres asiáticos. Mesmo nos tempos dos militares, o país continuou no rumo traçado por GV e JK: induzido por instituições meritocráticas inclusivas. Cá entre nós, a história do estado teve seus momentos de crescimento institucional inclusivo. Pedro Ludovico, Juca Ludovico e mais decisivamente Mauro Borges e Irapuan Costa Júnior implementaram ações de governo em torno do desenvolvimento institucional inclusivo. O Banco do Estado de Goiás, no governo Pedro; a fundação da CELG, no governo Juca; o Instituto de Previdência e Assistência de Goiás (IPASGO), o Departamento de Estradas e Rodagens (DERGO) e tudo que é GO no governo Mauro Borges; o Banco de Desenvolvimento (BD), o Distrito Agroindustrial de Anápolis (DAIA), estas instituições concebidas no governo Irapuan foram de muita importância para a consolidação do desenvolvimento econômico induzido pelo estado. O lado bom da história, porém, para por aí. O lado extrativista de nossas instituições que obstaculariza o crescimento econômico e leva à falência floresceu entre nós a partir das eleições diretas, as quais resultaram, em terras goianas: no retorno da velha política patrimonialista que existia entre nós antes da Revolução de 1930, assim, resultando na impregnação do clientelismo nas organizações goianas. Com isso, minou-se o espírito de instituições inclusivas que foi tão fundamental para a construção de Goiás. A partir daí, as empreiteiras e sua fome insaciada por obras improdutivas foram se impregnando em nossas estatais. Desse modo, o poder da tecnoestrutura meritocrática foi paulatinamente substituído por apaniguados políticos. O voto de favor em troca do emprego de favor passou a preponderar. Resultado: as instituições foram se enfraquecendo até chegarem à falência. Que o digam as brutais perdas patrimoniais da CELG e falência do Banco do Estado e de Desenvolvimento. Exemplos bem visíveis registrados por nossa recente história dos reflexos da preponderância de instituições extrativistas e o que no fundo elas representam: o interesse privado preponderando sobre o interesse público. (Salatiel Soares Correia, engenheiro, bacharel em Administração de Empresas, mestre em Planejamento, autor, entre outras obras, do livro A Construção de Goiás)

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