quarta-feira, 28 de maio de 2014

Copa do Mundo de 2014 - Se mostra Brasil! - Capítulo I

Por Gilson Vasco
Em 27 de dezembro de 2012, o caderno Opinião Pública deste jornal trouxe o artigo de minha própria autoria, Copa do Mundo de 2014 - O Brasil está preparado para sediá-la? O artigo relatava que a vigésima edição da Copa do Mundo que ocorrerá entre os dias 12 de junho e 13 de julho de 2014 teria o Brasil como país anfitrião e também dizia que seria a segunda vez que esse torneio aconteceria no país, já que em 1950 o Brasil sediou uma edição do mundial. Na data da publicação, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) calculava que o resultado da somatória de todos os gastos com construção e remodelação dos estádios chegariam a quase dois bilhões de reais. Estimava-se que além do custo com construções e reformas de estádios, seriam consumidos também mais alguns milhões em infraestrutura básica para deixar o país pronto para sediar o evento. Foi questionado por milhões de brasileiros se realmente seriam necessários 12 Estados brasileiros para sediar o torneio mundial, uma vez que na última Copa do Mundo ocorrida na África, em 2010, somente seis Estados africanos receberam partidas oficiais de futebol e nem por isso deixou de ser um dos mais belos eventos mundiais dos últimos tempos. O artigo criticava ainda a mania de grandeza brasileira em querer usar o dobro de Estados, em relação à África e alertava para um fatídico afundamento do Brasil em gastos excessivos e, após passar a Copa do Mundo, os moderníssimos estádios de futebol criados especialmente para sediar as partidas de futebol do torneio se tornarem elefantes brancos. Insisti sobre qual seria a serventia das obras faraônicas construídas único e exclusivamente para os jogos do torneio mundial, no sentido de que possivelmente se transformariam nos já ditos elefantes brancos, cujo custo, inclusive o de manutenção, seja vergonhosamente desproporcional à sua utilidade, se é que eles terão alguma utilidade após o fim do torneio. Pois bem, do meu artigo até hoje quase dois anos se passaram e o início da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, nunca esteve tão perto, perto ao ponto de eu perceber e confessar que, apesar de ter acertado em vários pontos eu também me enganei quando disse em 27 de dezembro de 2012 não ter dúvidas de que todos os equipamentos seriam entregues dentro do prazo. Ora, a verdade é que inúmeras obras espalhadas pelos 12 Estados que servirão de palco para sediar o torneio ficarão prontas a tempo do Mundial que começa no dia 12 de junho. Outro problema de igual tamanho ou maior que o fato de as obras não ficarem prontas a tempo do início do torneio são os gastos exorbitantes, isto é, orçado a princípio em cerca de dois bilhões e alguns milhões, que ficariam por conta da iniciativa privada, os gastos com a Copa do Mundo no Brasil já ultrapassam as fronteiras dos 27 bilhões de reais em obras de infraestrutura, estádios e reformas de aeroportos. Pior, tudo está saindo dos cofres públicos, guardiões dos impostos dos contribuintes. Contudo, há gestores que ainda dizem não entenderem os motivos de tantas manifestações que vem ocorrendo por todo o Brasil. Tudo bem, a gente explica mais uma vez, afinal já explicamos tantas. A partir de agora, sempre que possível, vamos continuar falando sobre os motivos das manifestações, num país onde as autoridades públicas insistem em dizer que não há verbas para melhorar a educação, a segurança, a saúde etc., mas há bilhões de reais para serem empregados em obras faraônicas e que, possivelmente, se transformarão em elefantes brancos, após o torneio que dura pouco mais de um mês. (Gilson Vasco, escritor - e-mail: gcvasco@hotmail.com)

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