sexta-feira, 30 de maio de 2014

A prevenção é a chave contra o HPV

Por Helio de Sousa
A eficiência das campanhas informativas sobre saúde pública depende de dois fatores fundamentais. Primeiramente, devem ser abrangentes e didáticas, facilitando o acesso do paciente ao atendimento básico. O segundo requisito determinante é a adesão da população ao chamado dos agentes públicos de saúde de maneira contínua e permanente. Recentemente, participei de um debate no Programa Opinião, da TV Assembleia, com a gerente de Imunização da Secretaria Estadual de Saúde, Clécia Vecci, sobre a campanha de vacinação contra o vírus HPV em adolescentes de 11 a 13 anos nas escolas públicas e privadas. O objetivo era imunizar 80% de um universo de 161.885 jovens. Importante mencionar que a meta foi cumprida. O HPV é um vírus traiçoeiro. Possui mais de 150 variações catalogadas, das quais 12 estão intimamente relacionadas com o surgimento de diferentes tipos de câncer, com destaque para o de colo de útero. Silencioso, o agente patogênico nem sempre se manifesta claramente. Algumas das consequências mais graves levam décadas para se manifestarem. A maioria dos portadores sequer sabe que estão contaminados, ampliando o ciclo de transmissão principalmente por meio de relações sexuais sem proteção. Há dois tipos de vacina disponíveis no sistema público de saúde. A bivalente, que trata das duas variações mais comuns do vírus associadas ao câncer de colo de útero. A Quadrivalente abrange a anterior mais outros dois tipos de patogênicos relacionados ao surgimento de verrugas genitais. Ambas estão disponíveis como medida preventiva em qualquer posto de vacinação de Goiás. O aspecto importante da vacinação contra o HPV está no perfil do público alvo. São adolescentes, estudantes, sem vida sexual ativa em sua maioria. Nota-se que boa parcela desses jovens são ciosos da necessidade de prevenção e reconhecem os riscos da falta de imunização. O ponto crucial é a característica do tratamento. A vacinação contra o HPV é dividida em três etapas. A primeira dose deve ser acompanhada pela segunda dentro de um intervalo de seis meses. A terceira dose será tomada apenas cinco anos da primeira imunização. O longo intervalo, necessário para a criação da memória imunológica do organismo, pode ser esquecido ou negligenciado pelos jovens no futuro. Daí, a importância do acompanhamento permanente. Felizmente, a resistência contra campanhas de vacinação é mínima. Mas há casos de escolas ou pais que impedem a imunização dos jovens. Importante ressaltar que essa atitude não prejudica apenas o adolescente, mas toda a sociedade, vez que deixa pessoas desprotegidas contra os vírus, perdurando o ciclo da doença. A imunização contra o HPV não significa que o jovem possui vida sexual ativa. Trata-se apenas de uma medida preventiva para o futuro, antes do indivíduo ter contato com o vírus. Em meu entendimento, a vacinação deveria ser compulsória em alguns casos. É inacreditável que, em pleno século XXI, com amplo acesso às informações, ainda existam cidadãos que se oponham à imunização. Os impedimentos para a imunização são claros e específicos, levando em consideração a existência de gestação ou condições pré-existentes de saúde. O que não deveria ocorrer é a proibição de pais e escolas diante de campanhas preventivas, cujo resultado positivo atinge toda a sociedade. (Helio de Sousa, médico, deputado estadual pelo DEM e vice-presidente da Assembleia Legislativa de Goiás)

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