segunda-feira, 2 de junho de 2014

Acumuladores: o vício de guardar

Por Letícia Guedes e Gabriela Brandão
Você é uma pessoa que gosta de guardar alguns objetos achando que um dia aquilo poderá ser útil? Caso se identifique com a nossa pergunta fique atento, você pode estar sofrendo de um sério transtorno. Ser acumulador é um transtorno que causa vários prejuízos, como por exemplo, vir a tirar a pessoa da convivência familiar e/ou da sociedade, levá-la a se sentir triste e constrangida com a situação que vive, não ser compreendida por seus familiares e amigos, etc. E uma das formas de se ver livre dele é através da quebra do ciclo vicioso de acumular coisas tantas coisas desnecessárias, ou seja, sem função alguma. A acumulação compulsiva é também denominada de Disposofobia, e é interessante ressaltar que por trás deste problema temos indivíduos com queixas como: ansiedade, medo, arrependimento e frustração, bem como várias outras motivações. Portanto, o transtorno funcionaria, segundo os estudiosos, como uma mórbida compensação de algo que aflige a pessoa. Entretanto, um dado curioso é que na maioria dos casos há um sentimento muito grande de vergonha e constrangimento em quem acumula, sendo assim, estes sentimentos contribuem para que a pessoa passe a limitar muito a sua vida social. Outro ponto importante é que o transtorno pode, ou não, vir associado a outros sintomas presentes no transtorno obsessivo compulsivo (TOC,) ou a outros quadros como a depressão, a esquizofrenia e transtorno bipolar do humor. Um acumulador não pode ser confundido com um colecionador, já que o último seleciona objetos específicos para sua aquisição e manutenção e, em geral, tem apego apenas aos itens colecionados, mas pode utilizá-los para a troca ou para a venda sem sofrimento desproporcional. Por sua vez, o acumulador não apresenta esta seletividade, ele acaba por “guardar” objetos de várias categorias e na grande maioria das vezes sem propósito. Existem algumas categorias de acumuladores, são eles: acumulador estático por indecisão - são aqueles que acreditam que não há decisões fáceis, consequentemente, escolhem acumular objetos para reduzir a ansiedade de ter que tomar decisões; Acumulador com mentalidade de escassez - é o famoso "E se...", como no caso de "E se a crise econômica voltar", "E se o produto que eu gosto não for mais fabricado", e etc; E por fim, temos o acumulador de mentalidade econômica – são aquelas pessoas que repudiam o desperdício, portanto podem, por exemplo, acumular papel de impressão e pedaços de papel já utilizados para usar o outro lado. Para vencer este problema é preciso aceitar e reconhecer que ele existe e desejar a mudança, para isso temos a terapia cognitivo-comportamental como uma das mais indicadas, pois a mesma concentra-se em localizar as causas da acumulação compulsiva, essa abordagem permite que o cliente readquira hábitos de vida normais. Entretanto, é de extrema importância o apoio familiar, pois a ação positiva da família junto ao acumulador é a chave para estimulá-lo e encorajá-lo a mudar, e muitas vezes é uma ferramenta poderosa que eleva a autoestima do acometido pela acumulação, levando-o a prosseguir na busca pelo controle de seu problema. (Dra. Letícia Guedes, psicóloga Clínica, analista do Comportamento, especialista em Terapia Comportamental – Cognitiva, mestre em Psicologia, professora da pós-graduação, supervisora de estágio em Psicologia - draleticiaguedes@gmail.com/ Gabriela Brandão, graduanda de Psicologia, estagiária de Psicologia -www.clinicavivencialle.com.br/ Instagram: @clinicavivencialle/ www.facebook.com/vivencialle)

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