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quarta-feira, 4 de junho de 2014
Cigarro eletrônico, um novo disfarce
Por Marcelo Fouad Rabahi
Apesar da progressiva queda do número proporcional de fumantes em alguns países do mundo, inclusive no Brasil, esta redução é menor entre as mulheres. O impacto negativo deste vício, em especial com o público feminino, continua incontestável. Recente publicação pelo conceituado periódico The Lancet, um estudo envolvendo 1,3 milhão de mulheres britânicas revelou que aproximadamente 70% das mortes acima dos 50 anos estão relacionadas ao tabagismo. Já aquelas que nunca tinham fumado, viveram 11 anos a mais.
Neste Dia Mundial sem Tabaco (31 de maio) precisamos nos atentar para o avanço tecnológico que foge ao alcance de nossos olhos. "Novas" tecnologias no universo do tabagismo tentam criar formas inovadoras para o consumo do tabaco. Nesse sentido, encaixa-se o cigarro eletrônico, engenhoca desenvolvida com atributo de ajudar o fumante a interromper o seu vício. Neste aparelho movido à bateria, ocorre a queima de nicotina líquida que é vaporizada. É possível adicionar substâncias aromatizantes e regular conforme a concentração da nicotina.
Em nosso País, a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe, desde 2009, a venda e importação do cigarro eletrônico. A Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda não se decidiu oficialmente quais são as recomendações a respeito de seu uso como ferramenta de tratamento para os milhões de fumantes em todo o mundo.
Um grupo de pesquisadores, liderados pelo britânico Robert West, advogam que o cigarro eletrônico pode ser uma inovação significativa para o tratamento de tabagistas, entretanto receia que o controle excessivo das agências reguladoras possa exclui-los de campanhas publicitárias. Na outra face, dentro do próprio Reino Unido, médicos da Escola de Saúde Pública declaram que é muito precoce afirmar que os benefícios dessa tecnologia superam a possibilidade dos riscos de incentivo a uma onda de uma nova forma da utilização do tabaco.
O tabagismo e principalmente sua estratégia capitalista que já dura um século devem ser combatidas por todos que se preocupam com a Saúde. Assim como qualquer nova tecnologia que se diz "salvadora" precisa ser vista com extremo cuidado, o cigarro eletrônico ainda não foi demonstrado ser um uma forma segura e eficiente de tratar o tabagista. Já foram identificadas a produção de nitrosaminas e metais pesados através do vapor. Estas substâncias são sabidamente cancerígenas, assim como a própria nicotina, causadora de dependência. Estejamos atentos para esse novo disfarce da principal causa de mortes evitáveis no mundo.
(Marcelo Fouad Rabahi, professor titular de Pneumologia da Faculdade de Medicina da UFG e Diretor de Ensino e Pesquisa do Hospital Alberto Rassi)
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